Capítulo Três - Desemprego

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Giovanna dos Santos Leite

Não sei que horas são também nem quero saber. Estou desempregada. De que me adianta saber das horas? Não tenho que chegar cedo no trabalho.

Tudo culpa daquele filhinho de papai. Riquinho metido a besta. Que ódio que eu estou sentindo dele.

Ontem o dia foi de loucos. Assim que sai da presença dele e da minha ex patroa vim direto para a sala dela.

A mesma chegou segundos depois toda emburrada. Passou-me um sermão e na maior naturalidade disse que infelizmente não podia me manter no emprego.

Que seria o meu último dia. Implorei, chorei, esperneei, fiz o maior drama, mas foi tudo em vão. 

Pelos vistos ela já tinha tomado sua decisão.

Disse-me para eu arrumar as minhas coisas e sair pela porta do quintal, como se eu fosse uma criminosa.

Aquilo me feriu bastante, não estava a espera dessa atitude da parte dela. Depois de anos a trabalhar com ela.

Não me restou alternativas a não ser, arrumar as minhas coisas e sair dali.

Fiz de cabeça erguida, disse adeus a todos e fui embora sem olhar para trás.

Júlia estava aos prantos. Ontem à noite quando veio aqui também estava muito triste.

Passo as mãos pelo meu rosto e seco as lágrimas que insistem em cair. Nem sei de onde vem tantas lágrimas assim.

E agora o vou fazer? O aluguel está atrasado, as contas não param de chegar.

Estar desempregada é horrível.

Meu telemóvel apita anunciando uma mensagem. Pego no celular e leio a mensagem da Jú.

- Amiga você não vai acreditar.

- O quê? Ganhaste na loteria e vamos ficar ricas.

- Hahaha. Você é muito engraçada. Quem me dera. Falando sério sabes quem acabou de sair daqui  à tua procura.

- Quem?

- O gostoso que você derrubou café em cima dele ontem.

- O quê?

Sento na cama rapidamente.

- Isso mesmo que você leu. Dei o teu endereço para ele.

- Você o quê?

- Aí amiga me desculpa. Mas ele não tem pinta de assassino de serial killer não. É gostoso demais. Seria desperdício. Pelo amor de Deus!

Acho que a minha melhor amiga não bate muito bem da bola.

- Jú você não devia ter feito isso sem antes falar comigo.

- Eu sei amiga, mas eu só queria ajudar. Ele falou que queria se remediar por ontem, assim que soube que você já não trabalhava mais aqui. Ele me pareceu bem sincero e arrependido. Ai amiga você tinha que ter visto a cara de cachorrinho abandonado que ele fez.

- Ainda assim Júlia. Eu não conheço o sujeito. Eu quero distância dele. Por culpa dele estou desempregada.

- Sim, eu te entendo amiga. Mas escuta o que ele tem a dizer. A qualquer momento vai bater à tua porta. Tenho que voltar ao trabalho antes que eu te faça companhia. Beijos te cuida. Qualquer coisa mande-me uma mensagem ou liga.

- Jú assim que eu te encontrar vou te matar.

Ela não me responde. Levanto a correr e fico a dar voltas dentro daquele minúsculo apartamento.

Uma Secretária Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora