Capítulo Dezanove - Recaída

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Teodoro Assis

Espreguiço o corpo todo, sinto meus ossos darem uma estalada, faz horas que estou nessa posição e agora tenho o corpo todo dolorido.
Vejo no meu macBook que são 20:00 da noite.

Jesus! As horas passaram voando, eu nem senti.
Fecho tudo as pressas, quero sair daqui o mais breve possível, chega de trabalhar por hoje, às vezes trabalho tanto que esqueço tudo o resto, parece até que o mundo está a acabar.

Dou uma confirmada para ver se fechei tudo, apago as luzes, tranco a porta e saio da minha sala.
Tudo escuro aqui, devo ser a única alma a vaguear.
Assim que chego perto do elevador escuto um choramingo que faz-me parar.
Acendo as luzes do corredor e tento identificar de onde vem o choramingo, pois não vejo ninguém por aqui, e tirando isso está tudo quieto.

Constato que o choro vem da sala da minha assistente, ela não está na sala, mas o choro continua.

- Ele encontrou-me. Ele vai vir atrás de mim. Oiço a voz da minha assistente choramingar. - Ele está aqui.

Curvo a cabeça um pouco e finalmente encontro Giovanna toda encolhida debaixo da sua mesa.
Eu juro que tento não deixar-me ir abaixo, mas a imagem dela nesse estado horrível dá-me cabo do meu emocional.

Rapidamente abaixo, carrego-a nos meus braços, tiro-a para fora dali e passo meus braços pelo seu corpo frágil e abatido.
Lágrimas caem dos meus olhos.
Não sei quem é o monstro que fez mal a Giovanna, mas já o odeio com todo o meu ser e a minha vontade de o encontrar é surreal.
Anseio com todas as minhas forças descobrir onde ele está e matar o desgraçado com as minhas próprias mãos.
Fazer ele pagar por todo o mal que causou e ainda causa a essa pobre criatura, que não confia em mim, já mostrei para ela umas série de vezes que pode confiar em mim, porém, ainda assim ela não confia.
Nem sei o que tenho de fazer mais, para que confie em mim e se abra.

- Giovanna se acalma por favor. Chiuuuu! Estou aqui. Vai ficar tudo bem.

- Ele está aqui. Ela diz aflita.

Pelos vistos está em choque, tendo alguma crise. Nem sei bem o que fazer, nunca lidei com nada parecido.
Homens que fazem mal a mulher dessa forma deviam morrer. Não merecem viver.

- Alguém ajuda-me pelo amor de Deus! Ela grita alto e sinto suas unhas a cravar minha pele.

- Estou aqui Giovanna, ninguém vai te fazer mal. Calma. Olha para mim. Ei!

O olhar dela parece distante. Viro o corpo dela na minha direção e a faço olhar para mim, mesmo que o seu olhar esteja perdido e confuso.

- Sou eu, Teodoro seu chefe chato e arrogante. Uso de suas palavras para tentar trazê-la de volta, pelos vistos ela está perdida. - Vai ficar tudo bem, prometo.

Eu não tenho certeza se vai ficar tudo bem, mas eu preciso dizer alguma coisa que a acalme e tire desse estado deplorável.

Alguns minutos se passam e ainda estamos nessa posição. Giovanna parou de chorar e está quieta nos meus braços.

- Giovanna. Chamo-a. Balanço seu corpo de leve. Ela não responde e abaixo um pouco para ver a cara dela.
Ela dorme profundamente. Coitada, o cansaço físico e emocional venceram.

Levanto devagar com ela em meus braços, que não pesa quase nada, em comparação com os pesos pesados que levanto todos os dias no meu
"Gymn"

Mais uma vez irei levá-la para a minha cobertura.

(***)

Teodoro Assis

O trajeto até ao meu apartamento foi rápido. Agora que já estamos aqui, levo Giovanna para o meu quarto, dessa vez quero-a perto onde posso vê-la e cuidar dela.
Assim que chego no meu quarto coloco ela em cima da cama nos lençóis limpos e frescos.
Sento na poltrona ao lado da minha cama e vigio o seu sono.

Giovanna Leite

Será que morri? Para ser bem sincera prefiro mil vezes morrer do que encontrar de novo e de caras com aquele monstro.
Eu devo ter feito algo de muito ruím noutra vida, para que nesta eu esteja a pagar tanta culpa e castigo assim.
Como será que ele me encontrou? Depois de tantos anos.
E agora o que será de mim? Para onde irei? Não tenho ninguém.
Não posso ficar aqui, ele vai fazer da minha vida um inferno.
E nem sobre tortura que deixarei ele encostar suas mãos sujas e imundas outra vez em mim.
Só resta-me uma alternativa: FUGIR!

Bom depois de um plano traçado na cabeça abro os olhos e constato duas coisas, primeiro não morri (não sei se fico contente ou triste, dado as circunstâncias atuais), e segundo estou deitada em uma cama que não é minha. E dessa vez não estou num hospital.
É muito luxo e requinte para o meu pobre bolso e até mesmo para um hospital privado.
Nesse nível de luxo e requinte só posso estar na cobertura do meu chefe bipolar.

Bom, já é a segunda vez num curto espaço de tempo.

Mal mexo na cama oiço sua voz.
Demônios! Com mil macacos! Porque razão alguém tem que ter um sono tão leve assim?

- Giovanna acordastes. Vejo ele levantar e caminhar em minha direção. Minha vontade é de sumir. Puxo as cobertas até ao pescoço e me cubro toda.
Nem deu para ver se tenho a mesma roupa em mim, espero sinceramente que sim, e que não tenha acontecido nada entre mim e o sujeito arrogante vulgo meu chefe nada simpático.
É que tenho a cabeça a mil, só me lembro de estar no escritório ter recebido um bilhete imundo daquele asqueroso e ter sentido muito medo. Fui esconder-me debaixo da minha mesa e é tudo que me lembro claramente.
Depois é tudo borrões.

- Giovanna estás a sentir melhor? Oiço a voz do Teodoro. É melhor deixar meus devaneios de lado, e lidar com o sujeito à minha frente, que me olha com puro desejo.

Limpo a garganta. - Estou bem, obrigada Teodoro por me socorrer mais uma vez.

- De nada. Disponha. Agora eu acho que mereço uma recompensa. Não achas?

"Deus que ele não esteja a pensar em sexo"

- Que recompensa? Pergunto contra a minha vontade

- Abrires comigo Giovanna. Despires tua alma para mim. Já te dei provas suficientes que podes confiar cegamente em mim. Que mais queres que eu faça? Acho que eu mereço no mínimo uma explicação.

"Puta merda! É ainda pior. O que faço?"

- Teodoro Assis tenho uma ideia melhor.

Levanto devagar, sento no colo dele, entrelaço minhas mãos no seu pescoço e começo a beija-ló.
Tenho minhas pernas uma em cada lado da cintura dele.
Rapidamente Teodoro corresponde aos meus beijos avassaladores.
Suas mãos estão por todo o meu corpo e as minhas pelo corpo dele.

- Giovanna Leite é bom que você saiba o que está a fazer, porque dessa vez não irei parar. Ou se não queres ir mais além vamos parar agora mesmo.
Por favor não brinques comigo.

- Quem disse que eu quero que pares.
Só estamos começando baby.
A noite é ainda uma criança.

Rebolo no colo dele. E sinto o pau dele vibrar em baixo de mim.
Preciso livrar-me dessa conversa nada agradável e necessito sair do País. Terei que fugir para bem longe e só conseguirei isso com a ajuda do Teodoro.
Que ele nem sonhe o que tenho planeado fazer na minha cabecinha.
Isso é que eu chamo de uma baita recaída dos infernos.
Até que ponto eu cheguei?

Uma Secretária Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora