Gosto de olhar a chuva pela janela do meu prédio. A forma como as gotas caem do céu e percorrem os arranha-céus até tocarem o chão. Consigo passar horas contemplando esse percurso repetitivo, refletindo sobre os pequenos pingos e gotículas da minha vida.
Encontro a mim mesma entre o céu nublado e carregado de nuvens, ora cinza, ora brancas. Sinto a brisa fresca tocar minha pele, arrepiar os pelos do meu corpo e acariciar minha coluna vertebral como um fantasma. Não ligo. O vento frio aumenta meu torpor e me faz encarar o céu com ainda mais convicção.
A vida é linda em todas as suas nuances. Mesmo as cinzentas. Até as gotas frias, úmidas e inanimadas têm a sua dádiva neste ciclo. A chuva traz renovação para a terra e para mim mesma. Reflito, enquanto meus pensamentos são levados e revigorados pelo vento.
Meus olhos percorrem o céu branco e pálido por infindáveis horas. Terminada a chuva, enfim cerro as janelas e as persianas. Com a alma revigorada, saio em busca de novas cores para o meu dia. Quem sabe não encontro um arco-íris por aí...
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Marcas Indeléveis - Crônicas
No FicciónColetânea de crônicas extraídas do blog: marcasindeleveis.blogspot.com.br. "Tudo deixa marcas, meu caro leitor. Bem ou mal, inefável ou não. Estamos o tempo todo sujeitos ao registro de nossas vidas. As marcas em nossas peles, os respingos de chu...