Ah, os meus dezessete anos. Tem fase da vida melhor que a adolescência? Não possuir preocupações por ainda não ter idade suficiente, mas desfrutar de milhares de planos e ambições na bagagem. Trocaria todos os meus 23 anos para voltar aos 17.
Naquela época, costumávamos passar os intervalos do Ensino Médio sentados na grama, sentindo o sol na pele. Falávamos sobre tudo e de qualquer coisa. Planejávamos uma vida inteira, mas também não fazíamos nada. Sequer estudávamos às vezes. A vida era tão boa para se preocupar por pouca coisa.
Eu ouvia rock, tinha o cabelo cor de rosa e uma tartaruga de estimação com o nome de uma banda. Não era rebelde nem nada, apenas queria fazer o que gostava, porque podia fazer. Quem ligaria, afinal?
Com dezessete anos você não precisa se preocupar em ser um fracasso total. Até mesmo porque, se fracassar, pode seguir quantos caminhos diferentes quiser e ainda assim será cedo para decidir definitivamente o que ser quando crescer.
Com essa idade, às vezes eu saía para shows de rock e às vezes jogava "Imagem e Ação" na escola. Não precisamos de muito para nos divertir quando tudo é novidade.
Fiz amigos que me lembro até hoje, e dos quais não pretendo esquecer. É difícil quando cada um segue seu rumo e você vê tudo o que existia desaparecer aos poucos. E daí você traça metas e trilha seu próprio caminho, mas não sem sentir saudades de um ciclo que se encerrou e que você sabe que não voltará. Pode não doer na hora, mas é estranho recordar anos após. Entretanto, o que seria da nossa história sem todos os momentos que já vivemos, não é mesmo?
Encerramos ciclos assim como escrevemos em um diário. Não podemos apagar o que ocorreu, nem podemos viver novamente os momentos bons. Mas sempre saberemos que aquilo existiu e estará lá, guardado a sete chaves, esquecido em algum lugar de nós mesmos. Entretanto, bastará o gatilho certo para as lembranças virem à tona e relermos as velhas páginas do diário de nossas vidas.
E pensar que tudo começou porque inventei de ouvir Paramore* hoje cedo...
*Paramore - Banda americana de rock.
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Marcas Indeléveis - Crônicas
No FicciónColetânea de crônicas extraídas do blog: marcasindeleveis.blogspot.com.br. "Tudo deixa marcas, meu caro leitor. Bem ou mal, inefável ou não. Estamos o tempo todo sujeitos ao registro de nossas vidas. As marcas em nossas peles, os respingos de chu...