𝐓𝐑𝐎𝐕𝐀̃𝐎 || "você nunca foi meu"
Tempos depois que Wandinha salvou Nevermore, uma nova garota chega à escola dos excluídos.
Elektra Saltman tem habilidades diferentes do que estão acostumados a ver, sendo elas eletrocinéticas ao gerar e manipu...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Eu não acredito que você foi expulsa pela terceira vez em um só ano — minha mãe esbraveja pela milionésima vez em alguns minutos.
— O que eu poderia fazer? Aquela vaca estava me tirando do sério. E você sabe, não foi proposital.
— Nunca é proposital, não é, Elektra? — ironiza meu pai do banco do motorista, me olhando pelo espelho retrovisor.
Não o respondo, apesar de estar errado.
Bem, não por completo. Em minha defesa, nas duas primeiras vezes que fui expulsa, não foi de propósito. Acontece que, apesar de já ser adolescente, ainda não consigo controlar meus poderes por completo. Quando sentimentos fortes me dominam – em principal, a raiva – os meus poderes acabam por me dominar também.
Na primeira vez, um grupo de garotos praticavam bullying comigo dia após dia. Eu aguentei firme, até que tocaram em um assunto sensível para mim. Com isso, o ódio tomou conta de mim e quando vi por mim, eles estavam no chão, tremendo.
Eletrocutados. Por mim.
Relaxem, não morreram.
Infelizmente.
Na segunda vez, já em outro colégio, algumas meninas enchiam o saco de uma garotinha de quatorze anos. Eu a estava consolando por causa disso, então elas apareceram.
Vocês já devem imaginar o que aconteceu. Eu estava puta. Para mim, pessoas que praticam bullying são vazias por dentro. Se acham insuficiente, então fazem o que fazem.
Mas não comigo por perto.
E dessa terceira vez... prefiro não comentar. Por enquanto.
— Nevermore será perfeita para você — diz Jessica, minha mãe, depois de se acalmar. — Finalmente conseguirá controlar seus poderes. Me arrependo de não ter te levado para lá antes.
Nunca soube o motivo certo da minha mãe nunca ter me levado para Nevermore. Eu sempre era expulsa das escolas, e todas as vezes, exceto por essa última, nunca eram propositais. Ela sabia que eu não conseguia controlá-los.
Mas nunca cogitou a ideia de me deixar na escola dos excluídos. Até agora.
Não sei o motivo. Me pergunto se ela e o meu pai escondem algo que não querem que eu descubra, é esse algo tenha a ver com esse colégio. Por que por qual outro motivo seria? Dizem adorar a escola, e não acredito quando minha mãe fala que não queria que eu fosse para lá simplesmente por ser muito apegada a mim.
Mas dessa vez ela não teve escolha. Eu não poderia mais arriscar a vida de pessoas, sendo elas inocentes ou não. Apesar de agora ter sido proposital, eu sabia que cedo ou tarde, aconteceria outro incidente e eu seria expulsa. Era questão de tempo.
— Foi onde sua mãe e eu nos conhecemos — papai fala, mesmo que eu já saiba disso. — Quem sabe você não encontre alguém bonito por lá, filhota.
— Sim — mamãe responde animada, olhando para mim. — Alguém como você, filha. Não tem mais que se envolver com esses padrões de quinta.
— Certamente não me envolverei com ninguém — digo convicta. Eu sei o que devo fazer e mais ainda o que não devo.
— Você fala isso agora — diz. — Mas tenha cuidado, querida. Sabe o que aconteceu no semestre passado. Me dá arrepios só de imaginar.
— Sobre o monstro Hyde? — pergunto e ela assente. — Já conversamos sobre isso. Está resolvido.
E está. Tirando a parte de que o monstro havia fugido, então sabe-se lá por onde ele anda.
E apesar de dizer para minha mãe que nada acontecerá, eu estou mentindo. É óbvio que alguma coisa vai acontecer. Ou acham mesmo que um monstro fugitivo que tinha tanta sede de vingança, simplesmente foge e não volta mais?
Intrigante.
Não, não. Ainda não acabou. Eu posso sentir.
— Você irá amar lá, trovãozinho — papai fala, me tirando dos meus pensamentos.
No mesmo momento em que as palavras saem de sua boca, vejo a entrada da escola. Um grande portão preto, com as letras do colégio escritas acima.
Dessa vez, eu quis ser expulsa. Eu sabia que iriam me trazer para cá. Estavam cansados de tanta polícia, burocracia, escolas e cidades diferentes.
Eles podem até imaginar que fiz o que fiz de propósito, mas certamente não sabem o motivo de eu ter feito. Aliás, por que eu iria querer vir para uma escola de... esquisitos?
Dou uma risada silenciosa enquanto me encosto no vidro embaçado por gotas de chuva. Eles nem imaginam.
— Certamente irei.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
