Capítulo 10

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— Isso não tá mais funcionando pra mim! - Falo entrando no quarto de hotel.

— O que você quer dizer com isso? - Ela diz fechando a porta e me olhando.

Mais uma viagem minha acompanhando elas em mais um show.  Depois daquele dia na casa da gêmeas em que a tal Carol quase se esfregou na Maiara, dali foi só ladeira a baixo.

Eu já não estava conseguindo mais guarda todos os meus sentimentos apenas pra mim, não tinha como.  Não conseguia mais disfarçar o meus descontentamento ou ciúmes com algo.

E hoje, sinceramente, hoje foi a gota d'água pra mim. Depois do show bebemos como de costume, mas hoje foi diferente. Não saímos pra ir em algum lugar, apenas bebemos no camarim, pois além do show das gêmeas iria acontecer o show da Luísa. E até aí tudo bem, afinal sempre gostei da Luísa.

O que pegou não foi isso, o que pegou é que entre uma bebida e outra elas se beijaram. Tudo bem, não foi um beijo como costumamos dar, mas ao meu ver a Maiara pareceu gostar e se a Luísa quisesse ela simplesmente continuaria, eu estando ali ou não, não mudaria nada pra ela.

— Eu tô cansa de fingir que tá tudo bem, que não me incomoda algumas coisas, pelo simples fato de que não temos porra nenhuma! - Esbravejo sentando na beirada da cama.

— A gente já não conversou sobre isso?

— Quando Maiara? Quando a gente transou pela primeira vez a quase cinco meses atrás? É disso que você está falando? Porque não me lembro de um outro momento.

— Linda..

— Para de me chamar assim! - A interrompo. —  Seja sincera comigo, nós ainda somos o que éramos a cinco meses atrás?

— Eu falei pra você que não estava disposta a ter uma relacionamento tão cedo. - Ela me olha. — Eu achei que estava tudo bem por você.

— Maiara, estava tudo bem alguns meses atrás, mas agora não está. - Dou uma risada sem graça. —  Não consigo acreditar que tudo isso não signifique nada pra você.

— Eu não disse isso, óbvio que significa. Mas parece que pra você bem mais. - Ela se aproximar pra sentar ao meu lado e eu me afasto. — Você vai correr de mim agora?

— Talvez eu deva! - Respiro fundo e a olho novamente. — Eu juro pra você que eu tentei de todas as formas possíveis não me apaixonar por você. Eu juro que tentei não ficar tão mexida com você, mesmo sabendo que seria impossível, pois eu entrei nisso aqui já completamente louca por você.

— por que você não foi sincera comigo? Por que não disse o que sentia desde o começo? Se eu soubesse não iria permitir que você entrasse em algo pra se machucar. Eu sempre deixei claro que não teríamos algo exclusivo, justamente por eu não está disposta a ter um relacionamento. Você concordou, linda.. eu não queria te magoar e nem te fazer sofrer.

— Eu sei,  não te culpo por isso. A burra na história foi eu, de entrar com o coração aberto e praticamente totalmente entregue pra alguém que nem ao menos cogitou a possibilidade de viver isso.

Ela me olha e fica em silêncio, nada além do som da sua respiração é ouvido.

— Eu acho que já não me cabe esse lugar. Eu não consigo simplesmente disfarçar que não sinto ciúmes, que não fico chateada quando alguém se aproximar de você a avança o limite que eu tenho certeza que ela ultrapassaria se você estivesse namorando.. comigo. Mai, você é incrível, mas não vou conseguir continuar da forma que você quer, sem sentimento, sem se apaixonar. Porra, eu não queria, juro que eu não queria, mas eu te amo, eu te amo demais. Não dá pra eu simplesmente ignorar.

— Nao te julgo, talvez eu devesse ter percebido isso antes pra não te fazer se sentir mal assim. Eu sinto muito.

Dou uma risada sem humor algum e balanço a cabeça em negativo. Mesmo sabendo que essa seria a sua resposta, no fundo eu ainda tinha esperança de que algo poderia ter mudado.

— Não consigo continuar sem te amar pois eu já te amo. Acho que o melhor a se fazer agora é seguirmos nossas vidas. Eu não quero me machucar mais.

— Eu jamais te prenderia a mim, mesmo gostando de estar com você e de todas as coisas que fazemos. Eu só quero que você saiba que não foi só sexo, te acho uma mulher incrível, engraçada, maravilhosa, sexy.. você deixa as viagens mais interessantes. Eu poderia te pedir pra continuar, mas não serei egoista desse tanto. Eu espero que sua admiração por mim e pelo meu trabalho não mude. Se em algum momento você quiser voltar, eu estarei aqui. Eu adoraria ser sua amiga.

— Amiga..

— Desculpa, se fosse em um outro momento eu tentaria. Eu ainda tenho feridas pra curar e não quero entrar em um outro relacionamento machucada. Eu não conseguiria te dar tudo de mim e não quero entrar pra te entregar só metade. Desculpa.. desculpa. No momento é tudo que eu posso te oferecer.

— Não vou te cobrar nada, afinal, você não havia me prometido absolutamente nada. Eu não vou conseguir ser sua amiga agora, mas quem sabe em um outro momento. Não te admiro menos por isso.. Mas é isso.

Me afasto dela e vou até a minha mala e começo a arrumar as minhas coisas.

— O que você tá fazendo?

— Indo embora.

— Lind.. - Ela para antes de terminar a palavra. — Você pode ficar até amanhecer. Voltamos pra Goiânia amanhã, não precisa sair correndo.

— Mai, eu preciso de um tempo, pensar, colocar as coisas no lugar. Quanto mais eu adiar e mais tempo eu ficar aqui vai ser pior. Obrigada, mas eu realmente prefiro ir embora hoje.

— Por favor..

Ignoro o que ela acabou de falar e continuo arrumando tudo que ainda estava fora da mala.

Aquilo parecia uma tortura pra mim, eu estava tentando deixar tudo arrumado, segurando o choro e a vontade de pular em teus braços e suplicar pra que ela me ame de volta. Mas por sorte eu ainda tenho um pouco de amor próprio e orgulho o suficiente pra não me deixar fazer isso.

Fecho minha mala e sigo até a porta do quarto abro a mesma e saio por ela.


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Voltei mais rápido do que vocês estão acostumados. Hahaha
Interações de milhões, não poderia deixar de voltar aqui e mimar um tantin vocês com mais um capítulo. 🫶🏽
— J.E.C

Quando as coisas acontecem. - Maiara e SN. Onde histórias criam vida. Descubra agora