Capítulo 11

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Os segundos, minutos, horas, dias e meses foram horríveis desde que resolvi colocar um ponto final no que não tínhamos e eu queria muito ter.

Não tem um segundo se quer do meu dia que não pense nela e em tudo que vivemos.

Não consigo acreditar que em momento algum ela não teve se quer um sentimento por mim, era tudo muito intenso e verdadeiro entre nós. Era quase que palpável a troca de sentimentos e sensações que trocávamos entre nós, só não enxergava quem não queria.

Não parece ser real, não parece fazer sentido. Entendo que preciso parar de me torturar a esse ponto, preciso da um jeito na minha vida e seguir.

Quatro meses que eu não consigo se quer ir em um show delas, quatro meses que olho alguns stores das gêmeas, mas na maioria das vezes é da Maraisa, do Bruno ou da Paulinha.

Já perdi as contas de quantas vezes abrir nosso conversar no WhatsApp e no Instagram e reli tendo as mesmas sensações da primeira vez.

— A não! Pode levantar desse sofá, se arruma e vamos sair.

Minha amiga diz assim que passa pela porta de casa.

— Vamos pra onde? - Falo me sentindo no sofá.

— Eu entendo que você tá mal, mas não acho que devia ficar se privando de ir aproveitar o show das meninas. Se liga, reage. Mesmo que doa agora, tenta ver o lado positivo disso tudo, você teve com a Maiara o que boa parte do fandom queria ter. De certa forma você foi privilegiada. Não é o fim, tanta coisa ainda pode acontecer.

Eu a olho e volto a deitar a cabeça no encosto do sofá. Encaro o teto por alguns minutos pensando em tudo que ela havia me dito.

Apesar de doer de certa forma ela estava certa. Eu tive a sorte de viver algo que quase ninguém teve e por mais que agora doa demais não tê-la aqui, eu ainda tenho as lembranças pra que me dizem que foi real.

Acabo aceitando ir ao show, apesar de tudo que havia acontecido eu realmente sentia saudade de toda essa adrenalina e uma hora ou outro teria que encarar isso de frente. Não aconteceu como eu queria, mas de alguma forma aconteceu.

— Você sempre me convence das coisas! - Falo me levantando do sofá.

— Sempre. - Ela sorri. — E outra não seria a mesma coisa ir no show das iguais e não ter você ao meu lado. - Ela se senta no sofá e me olha. — Fique ainda mais linda! Eu vou te esperar aqui.

Concordo com a cabeça e sigo até meu quarto. Tomo banho e vou até meu closet pra escolher alguma roupa. Reviro tudo que tenho ali, até lembrar de um conjunto de paite preto, saia e cropped que era incrivelmente lindo. Resolvo vestir ele, afinal, precisava mesmo ir pra causar.

Termino de me vestir, faço uma make com batom vermelho que não podia faltar, um saltinho preto no pé e pronto. Estava linda pra aproveitar como se não houvesse amanhã o show das iguais.

Como na maioria das vezes, o show seria aqui próximo da minha cidade. Demoramos em média quarenta minutos pra chegar até o local

Chegamos e já avistamos um amontoado de gente eufórica e gritando pelas gêmeas.

Estava lotado demais, então imaginei que a chance de chegar até a grade seria impossível, até ser arrastada até a frente do palco e entrar em uma área vip, que era reservada para um número bem restrito de pessoas.

— Por que não me aviso que ficaríamos grudadas no palco? - Falo a olhando.

— Imaginei que talvez você não aceitaria.

— Bom, pelo menos eu sofro de perto. - Falo rindo.

Não demora pra que o show se inicia, vejo as gêmeas aparecerem no palco e como de costume estão incrivelmente lindas. A maiara então nem se fala, com um vestido preto de couro extremamente justo no corpo, o que me faz ir ao céu, imaginando todos os detalhes de seu corpo.

Eu passo grande parte do show pensando se deseja que ela me note ou que eu simplesmente quero pelo menos hoje passar despercebida. Afinal, não saberia como reagir se algo acontecesse.

Estava aproveitando como nunca o show, como se fizesse anos que não iria em um e a sensação era mesmo essa, era difícil não ir em pelo menos um show se quer no mês.

Eu jurei não bater na sua porta
Olha eu batendo
E quebrando outra promessa

Eu tentei não tocar mais no seu nome
Mas de cada três palavras
Uma me interessa

Você é um problema que eu quero ter
Mesmo sabendo que eu não consigo resolver
Eu prometo que não vou te amar
Porque essa promessa
Eu vou fazer questão de quebrar.

Eu canto com vontade as três últimas frases dessa música que logo olho pra Maiara e a vejo me olhando. Ela arregala os olhos em supresa e da um sorriso e continua cantando.

Sabe o que você tem?
Tem sorte que cê beija bem
Você é a corda bamba que eu aprendi a andar

Sabe o que você tem?
Tem sorte que cê beija bem
Só me deixa ir porque sabe que eu vou voltar.

Canto olhando pra ela e desvio o olhar assim que sinto nossos olhares se encontrarem. Ela finaliza a música e da um sorriso, fala alguma coisa no seu microfone que não dá pra ouvirmos.

— Linda. - Ela diz no microfone. — Fico feliz de te ver aqui!

Meu coração gela, erra as batidas, minha respiração fica descompensada e garante que se respirar não fosse algo automático do nosso corpo eu entraria em colapso sem pensar duas vezes.

Estendo a mão e dou um pequeno tchau pra ela, em seguida ela me manda um beijo e faz um coração.

Eu a odeio por ela me fazer a amar tanto assim, mesmo quando o mais quero é esquecer, já que te-lá não é uma opção.

Uma amiga da minha amiga que também estava no show, ela se aproxima atrás de mim e sussurra em meu ouvido.

— Zerou a noite, hein. - Ela diz segurando em minha cintura.

E assim que a Maiara a vê tão perto de mim, toda sua expressão muda, o que antes era tranquila e feliz, agora parece confusa.

Ela me olha mas logo desvia o olhar e volta pro lado da Maraisa e começa a cantar novamente.

O show é incrível, sem defeito algum afinal estamos falando de Maiara e Maraisa, não tem margem pra desfeito algum sendo elas.

Assim que o show e finalizado resolvemos voltar pra casa, pois não estávamos afim de pegar um trânsito na volta.

O caminho de volta ocorreu bem, foi tranquilo e rápido, mas não conseguia parar de pensar nas expressões que a Maiara havia feito quando viu alguém próximo demais de mim.

Balanço minha cabeça tentando afastar os pensamentos. Afinal, eu me dei tanto a ela, que pelo jeito nem se quer cogitou a possibilidade de sermos algo.

— Devíamos sair pra beber. - Minha amiga diz assim que para o carro em frente ao meu prédio.

— Eu topo! - Júlia diz do banco de trás.

Bom, Júlia é a amiga da minha amiga que também foi ao show. Elas estavam bem animadas, bem diferente de mim. Mas acho que precisava de uma boa noite de farra pra me desligar um pouco da Maiara. Ela fez as escolhas dela e eu, bom, eu vou aproveitar a vida agora.

Plena sexta-feira uma balada seria incrível! Acabamos decidindo que iríamos mesmo estender a noite e aproveitar.

Quando as coisas acontecem. - Maiara e SN. Onde histórias criam vida. Descubra agora