Acordo com meu telefone tocando na mesa de cabeceira, desligo-o sem olhar o chamador e viro para o outro lado para tentar dormir novamente e quase levo um susto ao me deparar com Pierre mexendo no celular.
—Bom dia,Ceci!—Ele tira os olhos do telemóvel para me cumprimentar sorridente.
—Bom dia!
—Dormiu bem?
—Dormi muito bem, queria até dormir mais...
—Dorme ué, eu não vou lhe impedir.
—Não, não quero te atrapalhar. Provavelmente você tem muita programação para hoje.
—Nunca que você vai me atrapalhar,—Ele diz rindo.—mas se quiser me atrapalhar, você pode me acompanhar pro café ou...pode dormir até amanhecer novamente, você quem sabe.Eu e Gasly tomamos café da manhã juntos e para variar não paramos de conversar. De alguma forma ele sempre me tornava o foco da conversa e consequentemente me fazia tagarelar sobre mim.
—Tá...agora vamos testar o seu caráter.—O francês fala me encarando e eu tenho vontade de rir.—Qual o seu piloto favorito de todos os tempos?
—Senna, Vettel e Schumacher.
—Boa garota...E agora a sua escuderia?
—Você ainda pergunta?—Respondo como se não fosse óbvio, a minha capinha de celular é literalmente a resposta disso.
—Ah é verdade, você é RedBuller...—Ele diz brincando e eu quase o mato com o olhar.
—Ha ha ha,muito engraçadinho o francês.—Digo mostrando a língua para ele,igual uma criancinha e ele mostra a dele em resposta.
—Agora a pergunta que não quer calar...Seu piloto favorito, do grid atual? A nova geração.
—Com ou sem clubismo?
—Fique à vontade.
—Carlos Sainz.
—Achei que fosse o Leclerc.
—Ele é o segundo, só não conta pra ele senão alguém vai ficar chateado.—Eu falo e nós dois rimos.—Mas isso é com e sem clubismo...Agora sem nenhum clubismo, é o Russell, Ocon, e talvez o número 10 que se livrou da RedBull.Merci Dieu!
—Oui merci Dieu!—Ele disse e nós rimos.—Mas o que esse número 10 pode fazer pra virar seu número 1?
—Bom...Talvez marcar uma pole position especialmente pra mim? Ou quem sabe ganhar uma corrida?
—Uau.Ela é exigente...Vou pensar no seu caso.
—Se a sua carroça colaborar...O resto do dia foi agradável, Pierre não me liberou nem tão cedo e me levou para almoçar.Não sei o motivo, mas ignorei o Charles durante o dia todo, fico meio mal por isso, porém não sei como ele reagiria se soubesse que passei o dia com o Gasly.
Quando voltei ao meu hotel, lá estava ele em minha porta, Charles Leclerc. Ele estava segurando alguma coisa que rapidamente escondeu quando me viu.—Boa noite, estás perdido senhor?—Digo indo em direção à porta para abri-la.
—Não mais agora.—Ele diz e se aproxima para me cumprimentar e beijar minha bochecha,por um segundo ele hesita.
—O que foi?—Pergunto sem entender o que aconteceu.E mais uma vez, em um período curto de tempo, sinto aquela incrível sensação...Charles me beijou pela segunda vez em quase um mês. E meu Deus! Que beijo maravilhoso! Parece que, beijar ele sóbria , pode melhorar mil vezes que ao poder do álcool.
—Charles! Você ficou maluco?—Disse ao me desvincular do beijo.
—Não.—Ele diz e eu abro a porta do quarto e o empurrei para dentro.
—Como assim "não"?—Perguntei ao fechar a porta.
—Eu não fiquei maluco.
—Então foi a noção que perdeu?
—Não.
—Pare de responder "não"!
—Não.
—Para,Charles! Eu que vou ficar ma—Ele me beijou novamente antes que eu completasse a frase.
—Você vai ficar o que?—O monegasco perguntou ao separar nossos lábios.
—Você vai me deixar maluca.—Charles riu.—E não é de um jeito bom!
—Não é o que parece.
—Me erra,Leclerc...Você tem namorada.—Por um segundo eu juro que ouvi ele dizendo "Não mais", só que foi tão baixo que talvez eu possa estar imaginando coisas.Pierre que não é bobo nem nada, nos chamou para jantar, e para não ser tão óbvio, chamou Sainz também.
—Charles me segura.—Pedi assim que avistei Carlos na mesa.—Eu vou desmaiar.
—Ceci, é só o Carlos, meu colega de equipe que você já conhece...—Sim, ele já nos apresentou, e eu já o entrevistei, mas nunca nada tão informal.
—Cala boca,Leclerc! É o Carlos Sainz.Assim que chegamos na mesa, Pierre nos cumprimentou e Charles me apresentou novamente ao Carlos logo depois de cumprimentá-lo, e eu sentia que minhas bochechas estavam queimando mais que o sol.
—Como que você trabalha com isso?—Charles sussurrou enquanto empurrava a cadeira quando me sentei.
—Eu sou outra pessoa profissionalmente.—Nós dois rimos, e parece que Sainz e Gasly estão se segurando para não rirem também.—Que foi?
—Ceci, você 'tá mais vermelha que uma pimenta.—E minhas bochechas queimaram mais ainda.
—Tudo bem...Podem rir, mas façam isso baixo enquanto eu me mato aqui.—Todos nós rimos e naquele momento parecíamos grandes amigos de longa data.A noite foi muito boa, me diverti bastante conversando com os meninos e me tornei amiga do Carlos, o que pra mim foi uma grande conquista durante toda a minha vida.Por mais que ele pareça rabugento e que odeie pessoas, quando ele se abre ele consegue ser uma pessoa até que extrovertida.
Não sei como o meu aniversário virou tema da conversa, mas no final combinamos de que eles iriam comigo para o Rio depois da corrida. Deus que nos perdoe, mas isso com certeza não vai terminar bem, e quando digo isso, quero me referir aos trend topics do Twitter. No início eu tentei tirar essa ideia da cabeça do Pierre, mas esse daí é mais teimoso que eu.—Vocês não podem ir.—Digo tentando fazê-los mudar de ideia.
—Nós não podemos ir, ou você que não nos quer lá?
—É claro que os quero, seria uma honra a presença de vocês em meu aniversário,mas vocês provavelmente estarão cansados da corrida, e também têm que descansar para Abu Dhabi.
—E por que o Charles pode ir?—Carlos ergueu uma sobrancelha e eu me segurei pra não rir.
—Boa pergunta.Por que o Charles pode ir?—Me virei pro monegasco ao meu lado.
—O Charles pode ir pois, primeiramente, eu sou melhor amigo dela, e segundamente, eu sou o melhor amigo dela.
—E eu sou o amigo mais bonito, por isso eu deveria ir...—Pierre diz e eu rio.—Que foi Ceci?
—O mais bonito? Nem o mais bonito da mesa você é.—Todos riem,exceto Pierre.
—Não entendi a graça nisso.
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High Infidelity (Formula 1 Story)
Fanfic"Você realmente quer saber onde eu estava dia 29 de abril? Eu realmente preciso te contar como ele me trouxe de volta à vida?" Uma vida em Mônaco pode até parecer perfeita para aqueles que não o conhecem, mas para quem vive grande parte de seus dias...