"Mas você odeia aniversários"

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  Eram quase nova horas da manhã quando cheguei na academia, quando quase levo uma banho de café porquê Leclerc veio me abraçar igual um maluco, sim o tal piloto de Fórmula 1, o monegasco da Ferrari.

—Porra,Leclerc!—Xingo quando ele me abraça e quase derrubo café em mim.
—Bom te ver também,Ceci.—Ele diz quando me solta e eu me viro pra ele.
—Foi mal,quase tomei uma banho de café por causa de um francês maluco.
—Ha Ha Ha,muito engraçada a senhorita rouba ouro.
—Vou deixar essa passar, mas só porque amanhã é seu aniversário.
—Falando no meu aniversário, nós vamos sair hoje para comemorar.—Ele diz e eu solto uma risada alta.
—O que tem de tão hilário nisso?
—Você,comemorar e aniversário na mesma frase? Eu vou morrer hoje e não me avisaram?
—Acontecem uma vez ao ano,tempos que celebrar.E o que tem de errado nisso?—Ele diz tentando continuar sério, o que me faz rir mais ainda.
—Mas você odeia aniversários!—Digo ainda rindo.
— A gente vai passar na sua casa às oito.—Ele diz e volta para o seu treino.

  Estava perto de dar onze horas, quando decido que já malhei perna e braço mais que o suficiente pra hoje. Charles já tinha parado de treinar havia quase trinta minutos e estava me esperando na cafeteria.

—Você tá parecendo um tomate.—Ele diz quando me aproximo.
—Eu vou morrer!
—Tá mais perto de explodir.
—Eu to tão vermelha assim?—Pergunto e ele tira uma foto.
—Já posso me disfarçar na garagem da Ferrari,pelo menos.—Digo e ele ri.

  Eram quase oito horas quando terminei de me arrumar, coloquei água e comida para meus filhos, Lady e Timmy, e finalmente desci. Assim que saio do prédio, Leclerc chega com sua Ferrari e buzina, mesmo me vendo pelo retrovisor, e logo depois sai do carro.

—Quem é essa francesa bonita que estou vendo e o que fizeram com a feia da Cecilia?—Ele diz me cumprimentando.
—Não posso dizer o mesmo de você infelizmente.Olha só essa calça Charles,pelo amor de Deus!—Se existe lei Maria da moda,este homem precisa ser enquadrado imediatamente.
—Charlotte também não gostou, por que vocês têm que ser assim?
—Se chama senso.—Digo e ele abre a porta pra mim.
—Cecilia!—Charlotte se vira para me cumprimentar assim que entro no carro.
—Charlotte! Quanto tempo!
—Senti sua falta nessas semanas!
—Também estava com saudade,mas porquê você deixou ele vir com aquela calça?
—Ele já vai comemorar o aniversário dele por vontade própria,alguma coisa tinha que ser normal hoje.
—E você achou que ele poderia ser brega?
—Para a informação de vocês,eu não sou brega.—Charles diz entrando no carro.

  Já estava perto de dar meia noite quando chegamos em uma boate recém inaugurada e muito boa aqui em Nice. Essa era nossa segunda parada, na primeira nós jantamos em um dos melhores restaurantes daqui,segundo as críticas e que nem é tudo isso,mas vale pelo ambiente que é muito bonito. O pessoal já estava querendo cantar parabéns pro Leclerc, mas eu impedi, pois de onde venho, desejar parabéns antes do dia traz azar.

—São onze e cinquenta e dois,já podemos pedir o bolo, Miss Superstição?—Arthur chegou em mim e perguntou.
—Tá bom,até chegar e cantarmos parabéns já será dia dezesseis de outubro.
—E outra, o Gasly não para de te comer com os olhos. Qual feitiço você usou no coitado?—Ele diz sorrindo, e até então não tinha percebido a presença do francês e ele estava literalmente à uns 3 metros bem na minha frente conversando com o Charles.

  Depois de alguns minutos o bolo chegou e misericórdia, que diabos era aquilo? Apenas pense em listras brancas e vermelhas, quadriculados de corrida, quatro andares gigantes, e pra finalizar, uma cacetada de velas. Era um belo de um bolo brega, que ao meu ver era perfeito para Charles Leclerc.
   Nós então finalmente cantamos parabéns para o coitado, e acho que pela primeira vez em um aniversário, esse monegasco estava realmente feliz. E foi aí que a festa realmente começou.

—Charles,avisa pro seu amiguinho francês, que eu vou morrer desidratada antes dele me comer, se ele continuar me secando assim.
—Quem?—Ele pergunta levantando um pouco a voz por conta da música alta.
—O Pierre.—Respondo na mesma frequência.
—Ele perguntou sobre você.
—Ah,é? Perguntou o que?
—Se você estava comprometida.
—E depois?
—Ah,ele mudou de assunto.
—Mas porquê diabos?
—Eu falei que você já estava em um relacionamento.—Ele disse e quase me engasguei com meu drink.
—Sério? Com quem?—Me fiz de sonsa, era o melhor a ser fazer quando ele começava com essas idiotices de me proteger de homens lixo.
—Não entenda por mal, mas mesmo que ele seja um ótimo amigo, um dos meus melhores, não acho que ele seria um cara bom pra se relacionar.
—Entendi.—Respondo e vou atrás do francês.

  Pierre, por mais inédito que aparenta ser, estava sentado no sofá aos fundos da boate,sozinho! E como não sou burra, me sentei ao seu lado, mas deixei que ele começasse um assunto.

—Você vem sempre aqui?
—Você usa essa com todas?
—Depende, se eu disser que não, vai funcionar com você?
—Se eu disser que sim,você para de me secar?Estou ficando desidratada.—Digo e ele ri de canto.
—Quer uma bebida?
—A mais forte que tiver.—Ele levantou e pegou a minha mão, me guiando até o bar junto dele.

  Ficamos um bom tempo bebendo, conversando e dançando.Rolava alguns flertes também, mas nada sério. Estava tudo muito bem até que Pierre foi até o banheiro,e Charles me puxa e literalmente quase me arrasta para fora da casa noturna, e finalmente para, quando estamos na ruela sem saída nos fundos da boate.

—Posso te beijar?—Ele me encurrala na parede e pergunta.Charles está completamente bêbado e qualquer um poderia identificar isso, não só pelo cheiro de bebida em seu hálito ou por suas falas embaralhadas. Mas também pelo suor em sua pele, o penteado caótico ou pelo seu olhar...
—O quê?—Tento me fazer acreditar que ouvi errado.
—Me beije.
—Charles...
—Me beije,Cecilia!Me beije!—Ele me interrompe colocando o indicador em meus lábios para que eu calasse a boca.
—Charles eu não...
—Por favor...—Ele quase implora em um sussurro,com aquele olhar suplicante daqueles olhos que enganam qualquer um,ora verdes,ora azuis,ou até quem sabe cor de mel.Isso não importava,pois na primeira vez que te hipnotizam, será muito difícil de sair deste transe.

  Sinto que nunca vou entender o porquê dessa noite, nunca vou me esquecer disso, não sei o que me levou à beijar Charles, nem me perdoo por isso. Mas beijando esse monegasco azarado, que alguma coisa reacendeu em mim milhões de anos depois e, eu me senti viva.

—Desculpa.—Ele diz quando eu paro o beijo, talvez tenha percebido a merda que fez.—Eu não devia ter te...
—Tá tudo bem.Eu...—Ele me interrompe beijando novamente e então sei que em minha cabeça,a noite acabará por aqui.

High Infidelity (Formula 1 Story)Onde histórias criam vida. Descubra agora