Não devia ter ligado para ele, se minha agenda já estava uma bagunça antes, agora só havia piorado. Na próxima semana era o jogo do PSG, mas não era tão importante porquê tinha o GP do Brasil, mas nada era equivalente ao maior evento da semana...O MEU ANIVERSÁRIO.E por mais que eu não tenha esquecido dos meus planos, Charles fez questão de me lembrar deles.
Quase dois meses atrás, estava tudo certo.Eu não tinha como saber que o jogo seria adiado, ou que eu fosse cobrir o GP dos EUA e México. Dois messes atrás, eu estaria fazendo minha malas para chegar em Brasília um dia antes de Lewis receber seu título de cidadão honorário, iria para o GP e domingo depois da corrida eu estaria indo para o Rio de Janeiro encontrar com minha família que chega no Rio dia oito, para comemorarmos meu aniversário.
Estava tudo perfeitamente planejado, tudo em seu devido lugar como eu gosto. Mas de uma hora pra outra, tudo se tornou um caos, mas pela minha sorte, era muito simples de resolver.—O que você vai fazer?—O monegasco perguntou.
—É muito simples...
—E o que é simples?
—Vou fazer a mala que eu praticamente desfiz hoje, e vou pedir o estorno do ingresso.Simples...
—E Lady e Timmy?
—Meu primo 'tá vindo passar uns dias aqui por conta do trabalho, então já estava combinado dele cuidar das crianças.—Respondo e ele ri com a última parte.—Que foi?
—Sei lá...Eu acho fofo.
—Charlotte vai com você pro GP?
—Não,ela preferiu esperar Abu Dhabi.
—Ela deixou você ir sozinho pro Brasil?O Brasil?—Digo e começo a rir.
—Qual a graça?—Ele pergunta confuso.
—Meia noite eu te conto...
—Você fugiu muito do assunto, você ainda tem um problema.
—Que problema?
—Quer mesmo que eu responda?
—Que pergunta mais idiota,Charles!
—Seu problema começa com a letra P e usa o número dez em corridas.
—O Gasly?Qual o problema do Gasly?
—Você estava literalmente minutos atrás surtando porquê não tinha como evitá-lo, e agora você está literalmente indo pro lugar mais impossível de evitar ele, você está indo pro ambiente em que ele trabalha!—Ele diz quase gritando ao telefone.
—Agora é você quem 'tá surtando!—Respondo na mesma intensidade.
—Verdade...Foi mal.—Charles responde e nem parece que estava prestes a me esganar pelo telefone.—Mas como você vai evitar ele no paddock?
—Simples...
—Eu tenho medo do que vem depois de você dizer isso.
—Eu não vou evitar o Pierre, não vai ser preciso.
—Por que não será preciso?
—Porque vamos estar no Brasil, a verdadeira Gaslynhada vai rolar e alguma blogueirinha vai estar metida nisso. Não eu, pois ele vai me esquecer.O moleque piranha vai fazer a festa em Interlagos.
—Se eu fosse você eu não estaria tão convencido assim...Ainda mais depois dele me pedir seu número.
—Como é que é?
—Você enfeitiçou o coitado,Ceci.
—É tudo momentâneo, semana que vem você vai ver...
Esses três dias passaram voando e aqui estava eu, em Brasília apenas para ver um ídolo,que agora era um grande amigo, receber seu título de cidadão honorário. Eu estava saindo do desembarque, quando o time LH e Lewis literalmente passa do meu lado e me reconhece.—Cecilia?
—Lewis!
—O que você veio fazer aqui? Não sabia que ia cobrir esse GP também.
—Ah, eu não vou cobrir Interlagos não, mas vou pro GP também, mas decidi dar uma passadinha aqui pra ver você receber o título de cidadão.
—Você decidiu parar em Brasília apenas pra me ver?Um voo de horas vindo da França e você ainda decidi fazer uma parada no Plenário brasileiro pra ver uma sessão solene?
—Exatamente.E acho até que tive sorte hein.
—Ah,você teve! E gostaria de te convidar a ir conosco pro plenário.—Ele diz e eu não sei nem como reagir e por minha sorte eu estava com trajes adequados para isso.Tudo bem que era um conjunto de blazer e calça de um roxo um pouco chamativo, mas não importava.
—Seria um honra,Sir!A sessão foi linda! A entrega da medalha, os discursos, tudo! Eu como fã do Lewis e brasileira de coração, me emocionei demais hoje. De fato Lewis Hamilton era um britânico de berço, mas um brasileiro de coração, e agora oficialmente. No final, parabenizei Lewis umas três vezes e disse que estava muito orgulhosa dele, rolou até uma foto.
Queria ter tido tempo de visitar a embaixada britânica e conhecer muitos dos ativistas que estarão lá, mas essa pessoa aqui tem uma agenda cheia e quase em conflito. Estava agora voltando ao aeroporto para ir para São Paulo.
Cheguei em Guarulhos quase meia hora antes de Charles, peguei minhas malas e agora me restava espera-lo no portão onde me disse que desembarcaria. Havia bastante fãs ali, não chegava a ser uma multidão, e alguns até pediram pra tirar foto comigo, me elogiaram sobre a estreia na ESPN cobrindo os GP's e minhas matérias, e até pediram para eu assinar coisas.Isso foi realmente gratificante, não acontecia com tanta frequência mas agora estava aumentando.
Leclerc finalmente chegou e ele realmente parecia cansado, mas mesmo assim foi direto ao encontro dos fãs e atendeu todos.Essa era uma das coisas que eu mais admirava nele, a paixão e gratidão que tinha pelos fãs, era realmente algo lindo de se ver.—Quem é um pontinho roxo no meio do aeroporto?—Charles diz se aproximando de mim após falar com todos os fãs, abrindo os braços.
—Quem é um Monegato chato no meio do aeroporto?—Revido e o abraço.—Não se atreva a dizer nada relacionado a ouro ou roubo...—Saio do abraço.
—Tudo bem, vou deixar essa passar...Mas só porquê estou cheio de sono e gostaria de chegar no hotel antes de ser assassinado.
—Acho bom mesmo e aliás...Bem vindo à Terra sem Lei!
—Terra sem Lei?
—Um dia você vai entender...E não vai ser hoje.
—Sempre tão enigmática e chata essa Cecilia.—Ele diz e me mostra a língua, eu também mostro a minha.
—Agora é sério, podemos ir para o hotel? Eu estou morta de cansaço.
—Você?Cecilia Renault?Cansada?—Ele está claramente me zoando, mas parece um pouco surpreso e eu bocejo.—Meu Deus!É o fim dos tempos!Chegamos no hotel quase dez horas, e Charles dormiu quase o trajeto inteiro, ele realmente estava muito cansado e eu entendo a razão.Assim que cheguei no quarto tomei um banho e decidi tentar dormir um pouco, pra quem sabe sair mais tarde.
Eram onze horas quando acordei e tomei outro banho, não sabia se iria realmente fazer alguma coisa, então fiquei de roupão por um tempo.Eu não conhecia São Paulo muito bem para sair por aí, a primeira vez que vim foi apenas para o GP com meu pai e meu irmão,então não deu para conhecer os melhores lugares da noite.
Quando estava prestes a colocar o pijama, Leclerc me convida pra ir ao Beefbar, por mais que eu já esteja cansada desse lugar,pelo menos em Mônaco.Eu não iria recusar uma saída, ainda mais estando morta de fome.
Foi um jantar legal, e eu gostei mais do ambiente daqui do que o de Mônaco,talvez seja a energia brasileira.A comida estava deliciosa, tomei também uma garrafa de vinho, a princípio era para ter dividido com Charles, mas o monegasco decidiu beber outra coisa.
Na saída, um casal de fãs nos parou e começamos a conversar, eles foram super gentis e no final pediram uma foto.Eu me afastei um pouco do grupo e esperei que me entregasse o telefone para tirar a foto.—Cecilia Renault,você 'tá doida?Eu vim aqui por você,não pelo Monegato.—A loira simpática diz isso em português e eu rio.Charles está um pouco confuso mas parece ter entendido alguma coisa, ou só riu pra se enturmar.
—Volte aqui,mademoiselle!—Leclerc diz me puxando para perto dele, e pelo visto Charles estava tão bêbado que aprendeu português com o álcool.—Não me deixe.—Ele me abraça pela cintura e traz para mais perto dele.Nesse momento percebo que Charles Leclerc bêbado desacompanhado era um perigo.Quando acordo, a primeira coisa que vejo é a manchete sensacionalista de uma página brasileira famosa de fofoca: "Charles Leclerc e sua namorada são vistos com fãs (...)" e a foto estava justamente com zoom na mão dele apertando minha cintura.Se eu estava tentando não me meter em fofoca, isso era literalmente o contrário do que estava acontecendo.
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High Infidelity (Formula 1 Story)
Fanfic"Você realmente quer saber onde eu estava dia 29 de abril? Eu realmente preciso te contar como ele me trouxe de volta à vida?" Uma vida em Mônaco pode até parecer perfeita para aqueles que não o conhecem, mas para quem vive grande parte de seus dias...