Muitos dizem que no lado contrário da lua, o lado que a luz do sol não chega, há de haver mistérios que o homem não está preparado para saber e nem para encarar. O calor do Sol não alcança a metade do pequeno satélite natural platinado. Deixando o lugar, úmido, frio e sem perspectiva de vida.
Foi assim que pude me sentir naquele dia.
Uma breve chuva caía, junto a ela, minhas lágrimas de desespero. As sirenes, os passos apressados, as vozes em eco, a respiração enfraquecida e o peito doendo...
- Me diga que é apenas um sonho... um pesadelo, diga-me que você vai viver, para que eu possa ver seu sorriso, novamente...
Os deuses me odeiam? O que eu fiz para algo assim acontecer comigo? Sempre fui um bom filho á minha vida toda. Nunca cometi algo ruim contra uma pessoa.
Minhas lágrimas caíam de forma constante, meu grito sequer poderia ser ouvido, afinal minha voz trêmula não formava uma palavra correta. Apenas minha mente se repetia: "- Por favor, pare, por favor alguém me ajuda, por favor não faça isso comigo, por favor..."No fim, ninguém chegou, ele não parou, e sobrou somente á mim para sofrer com a dor e o vazio dentro de mim.
- Pai!Pai! Acorda! Hoje é o meu dia! - a minha criança revezava em pular na cama e correr em volta da mesma. Abrindo os olhos lentamente, pude ver o breve sorriso enorme daquele ser, que estava completando apenas cinco anos de idade.
- Filha, deixa o pai dormir mais um pouco - viro-me para o lado oposto da cama - Temos o fim de semana inteiro para sair... Fechei os olhos e senti por um momento que dormi demais, acordei em um pulo e Chō já não estava mais no nosso quarto, nem no banheiro e nem no quintal. Com o coração acelerado, parei e respirei fundo, tentando me acalmar e ouço o celular tocar.
- Oi, mãe... - tentei não parecer nervoso
- Chō me disse que você não acordou pra levá-la ao passeio de aniversário... - me senti aliviado em saber que ela estava com a avó
- Chō, essa pestinha... - murmuro em voz alta - Você achou que tinha perdido ela, não é? - meu suspiro e meu silêncio só confirmou a hipótese da minha mãe. - Ela atravessou a rua e veio aqui em casa, Natsu está arrumando o vestido e o cabelo dela, venha logo.
Um dia, essa garota vai me matar do coração. Sempre fazendo coisas imprevisíveis, não posso sair de perto dela e ela já quer incendiar a casa ou adotar um cachorro, ou simplesmente atravessar a rua sem ao menos olhar para os lados.
Nosso apartamento é no terceiro andar do prédio, tem apenas três cômodos, sala, quarto e um banheiro. Não tenho muita coisa, mas o que tenho já me deixa confortável, uma filha linda e esperta, além de ser uma pestinha, a amo. Uma mãe e irmã que me amam, um local onde morar e um trabalho descente para que posso sustentar meu pequeno pingo de mel.- Ela chegou aqui com metade do cabelo amarrado e o vestido desarrumado, quase tropeçando na faixa dele. Apenas com uma meia no pé. - Natsu me diz, entregando Chō em meus braços, suspirando dou um beijo em seu rosto
- Filha, não faça mais isso com o pai, eu quase tive um infarto - ela rir com o riso de pestinha de sempre, achando que eu estava brincando.
- Agora que seu pai esta aqui, posso te entregar o meu presente pra você. - minha mãe desce a escada com um grande pacote em suas mãos, necessitando da ajuda de Natsu
- Mãe, o que é isso!? - me surpreendo com o enorme pacote
- O presente que comprei para a minha netinha mais linda, ué! - reviro os olhos com a simplicidade das palavras dela
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Apenas, nós.
FanfictionUniverso ABO. Como protagonistas, Hinata Shoyo e Kageyama Tobio, dentre outros personagens do universo de Haikyuu. Conteúdo sensível +16 anos.