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Antes

Desde o acento da cesta, Roberto não parava de me agradar. Pediu para que eu não falasse nada à ninguém.

Aurélio estava prestes à chegar de viagem, disso ei sabia. Só não sabia que ele viria por motivos de Luto, e quem traria.

Roberto estava fazendo carinho na minha cabeça, e brincando com algumas mechas espalhadas pela cama, enquanto eu lia um livro de história.

Terminei e fechei o mesmo me sentando na cama, olhando para ele.

Bia: Você não me falou da sua faculdade.

Roberto: Nada de mais.

Franzi o cenho. Eu havia escutado ele e Aurélio discutirem no telefone, após Roberto falar que queria o curso de advocacia.

Eu sabia que o motivo da briga, não foi esse, mas foi o que Roberto havia me dito. Nada mais que isso, como sempre.

Bia: Você está gostando pelo menos?

Roberto: Sim. ㅡ falou sem dar muito importância.

Suspirei me dando por vencida e levantei da cama indo até a estante e colocando o livro lá. Me virei pegando Roberto me encarando.

Roberto: Vai ficar com raiva?

Neguei com a cabeça, embora eu estivesse um pouco chateada. Ele não falava muito dele, mas já sabia de quase tudo sobre mim.

Isso me irritava. Eu me entregava quase por inteiro pra ele, mas ele não dava nem uma parte dele.

Bia: Sabe que eu não fico com raiva de você.ㅡ me aproximei ㅡ Mas as vezes queria que você fosse mais aberto comigo. Mais sincero.

Roberto: Eu tento, Bia... Mas não é fácil. Não pende que não confio em você. Muito pelo contrário, você é a única pessoa em quem realmente confio.

Bia: Não parece.ㅡ soltei e ele ficou quieto ㅡ Desculpe.ㅡ me virei para sair do quarto mas ele me puxou pela cintura, me fazendo cair na cama ㅡ Roberto!

Ele riu beijando minha bochecha.

Roberto: É sério. Não duvide do meu amor por você.ㅡ eu não sabia quando ele falava sério. Ou do que ele falava. Ou em que sentido eme falava, mas preferia não perguntar ㅡ Vai ficar chateada?

Virei o rosto e ele riu beijando minha têmpora logo em seguida.

Senti meu estômago borbulhar, e quando fui virar meu rosto para encará-lo, nossos lábios roçaram. Arregalei os olhos, e antes que eu ou ele pudesse reagir, alguém bateu na porta, fazendo a gente se afastar bruscamente.

ㅡ Meninos, o senhor Aurélio já chegou.

Meu coração ainda estava desgovernado Roberto apenas fingiu que nada aconteceu, pois se levantou da cama e ofereceu a mão para mim.

Levantei também e ajeitar meu cabelo saindo do quarto com Roberto logo atrás. Descemos em silêncio, talvez existisse uma tensão muito grande entre nós, e mais ainda quando eu parei de descer as escadas, ao ver um... Jovem? Homem? Ao lado de Aurélio.

Ambos de preto.

Eu sabia que o filho mais velho de Aurélio, era só um ano mais velho que Roberto... Mas olhando daqui, eu diria que Roberto é um menino perto dele.

Embora ele tivesse ainda dezenove anos, e Roberto dezoito.
Senti a mão de roberto nas minhas costas, me dando um sinal para continuar. Desci com ele, sentindo seu corpo enrijecer a cada passo em direção aos dois.

Aurélio: Bianca!ㅡ não pude evitar o sorriso largo que me apareceu no rosto.

Acabei me aproximando rápido e abraçando ele. Aurélio beijou o topo da minha cabeça e depois eu me afastei.

Para Roberto, ele deu um.aceno de cabeça, em seguida se virou para me dar visão do outro filho dele logo atrás, encarando a cena toda um pouco surpreso.

Senhor... Lindo é muito pouco para ele.

Era totalmente diferente de Aurélio e Roberto. O mais velho tinha as mechas onduladas e em um preto muito intenso. Os olhos verdes me sondavam, e por onde passava, parecia brasa deixando uma marca quente na pele.

O corpo era muito mais "másculo" que o de Roberto... Não querendo comparar!

O rosto parecia ser esculpido, de tão perfeito. E ninguém se fala no sorriso que ele me lançou de canto, deixando à mostra a covinha, assim como Roberto... Talvez de forma provocativa por eu estar tempo demais o secando.

Pisquei algumas vezes desviando o olhar.

Ok. Roberto foi indiferente comigo na primeira vez que nos vimos. Pensei que o irmão fosse igual.

Aurélio: Este...

ㅡ Gabriel. Prazer em conhecê-la, Bia.

Corei. Violentamente. Com. toda. Certeza.

Bia: O prazer é todo meu.ㅡ consegui encará-lo, e percebi que eu gostava disso. Gabriel parecia ser intimidador ( e era) mas não de um modo que me deixasse desconfortável. Ele parecia ser ousado, como na forma em que seus olhos passeavam por cada detalhe meu, sem se preocupar com etiqueta.

Escutei Roberto pigarrear atrás de mim, e percebi que estávamos no encarando por muito mais tempo que o adequado.

Voltei para o seu lado e percebi, ali, que quando o olhar divertido e Gabriel passou de mim, para o irmão, eles viraram lascas de gelo.

Gabriel: Ah. Oi, Roberto.ㅡ sua voz estava muito mais grossa e indiferente.

Sim, Gabriel também sabia ser indiferente. Mas de uma forma muito mais sombria e penetrante que Roberto. Me senti pequena demais perto deles.

Meus corpo se encolheu um pouco.

Roberto não respondeu o irmão. Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha.

Aurélio: Mandei que preparassem um belo jantar para nós.ㅡ me olhou ㅡ Tive que voltar mais cedo, uma tia muito importante da família morreu. O enterro será amanhã.

Minha boca se entreabriu.

Bia: Sinto muito...

Ele sorriu docemente e veio até mim colocando meu braço na curva do seu.

Aurélio: Venha, tenho que mostrá-la o que eu trouxe da viagem. Você ama desenhar, não é? ㅡ sorri em assentimento ㅡ Então.

Me puxou para longe dos dois brutamontes. Eu sabia que ele não queria que eu assistisse o reencontro dos dois, e agradeci mentalmente por isso.












A Fórmula Perfeita- ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora