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Senti o corpo de Gabriel endurecer.

Gabriel: Espera... Ele...ㅡ encarei seu rosto e ele estava com a boca levemente aberta, sem reação.

Bia: Aurélio sabia dos surtos de raiva dele, tentou me avisar, mas eu era muito nova e estava apaixonada. Depois que nos casamos, eu engravidei de um menino, mas Roberto era tão ciumento e doente, que me bateu e eu perdi a criança.ㅡ preferi não ver o rosto de Gabriel ㅡ Com toda certeza eu me afundei nas mágoas. Digo que ele é hipócrita, porque eu morri no momento em que ele matou nosso filho, e nem mesmo percebeu... Ou percebeu e fingia. Nosso casamento foi de água a baixo, e eu nunca o perdoei. Ele me traiu diversas vezes durante esse tempo, já que não vivíamos mais como um casal.

"Até um dia em que ele surtou de ciúmes por eu chegar tarde em casa, depois do trabalho, e me machucar novamente. Consegui fugir para a casa de uma amiga, e aqui estou eu. Me escondi em Londres pra ele não me achar... Sei que Roberto é doente, e não aceitou o fim do casamento. Da última vez que eu o vi, antes da galeria, ele estava na audiência para o divórcio, e me olhava com puro ódio... Como uma promessa de morte."

Gabriel soltou nossas mãos pra passar a mão pelo rosto e depois nos cabelos, bagunçando os mesmo.
Então ele suspirou exasperado e disse:

Gabriel: Que bom que ele está aqui em Londres, porque pode ter certeza, Bianca, se eu o encontrar, ele vai se arrepender de ter nascido.ㅡ ele não estava blefando, também era uma promessa de morte.

Gabriel levantou e veio até mim me abraçando. Não percebi que estava chorando, até ele afundar meu rosto em seu pescoço.

Gabriel: Não se preocupe, ele não toca mais a porra das mãos em você.ㅡ me levantei o abraçando forte e ouvi Gabriel xingar baixinho inúmeros palavrões.

Bia: Ele vai fazer um inferno na minha vida.ㅡ murmurei baixinho ㅡ Mais do que já fez.

Gabriel: Morto não faz nada.ㅡ me afastei para olhar em seu rosto mas Gabriel me puxou de volta .

E eu não duvidava que ele matasse o próprio irmão. Eles já se odiavam, imagine só agora?!

Bia: E eu jurei que isso não acabaria com choro meu.ㅡ consegui rir mas ele não. Gabriel parecia estar puto da vida, pois nem mesmo sorriu.

Ficamos assim alguns minutos, que pareceram ser horas. Longas horas...
Depois desse tempo, com medo de falar algo e estragar o momento, consegui murmurar:

Bia: Desculpe.

Gabriel: Pelo o quê?ㅡ desencostou a cabeça da minha.

Bia: Eu deveria ter entendido quando você se afastou. Era o certo a se fazer.

Gabriel: Não adiantou, não consegui ficar longe.ㅡ senti minhas bochechas corarem ㅡ Vamos deixar esses assuntos para depois, já chega por hoje.

Assenti, mas não queria me afastar do seu abraço e ele parecia querer o mesmo.
Mas a vida não era assim, não era como a gente queria. Então tivemos que nos separar e eu fui ajudar Gabriel com a louça.

Lavamos e guardamos as coisas em silêncio.

Ali, percebi que quanto mais tempo eu passava com Gabriel, mais eu me sentia confortável com ele.. Mais eu queria estar perto.

Eme estava quieto, mas eu ainda sentia sua mente vagando para outros lugares, já que seu corpo ainda estava tenso, e o maxilar trincado denunciavam seu temperamento .

Então com muitos sufoco, consegui fazê-lo sorrir, mesmo que por alguns segundos. O chamei para assistir algo, e ele nem mesmo contestou ou me provocou, apenas veio, depois de colocar pipoca para fazer.

Sentei no sofá, com Bob e Lis do outro lado, ocupando espaço. Então Gabriel se sentou ao meu, e pegou o celular enquanto eu procurava algum filme.

Bianca: Mafioso assiste barbie?ㅡ coloquei no filme da boneca e ele guardou o celular encarando a televisão com uma cara engraçada.

Acabei rindo e ele me deu um peteleco no nariz. Deixei alguns minutinhos e depois tirei indo para os de terror.

Gabriel: Por que tirou?ㅡ dessa vez eu ri mais ainda ㅡ Depois não consegue dormir e vai encher meu saco.

Bia: Iih, tá achando que eu não tenho peito pra isso não? ㅡ ele deu um sorriso de lado ㅡ Escolhe o pior aí.ㅡ entreguei o controle a ele.

Gabriel estava com uma cara de cinismo quando colocou o filme de terror. Desligou a luz com um comando no celular, e colocou um braço no encosto do sofá, atrás da minha cabeça.

Nao demorou muito pra eu estar me encolhendo e Gabriel me lançando olhares de "eu avisei". Aos poucos, sua carranca foi melhorando.

Isso havia sido uma forma de melhorar seu humor, e acabar com o clima pesado depois da conversa na cozinha, e tinha funcionado.
Nem percebi quando estava com a cabeça encostada em seu peito, enquanto seu braço fazia carinho no meu.

Eu estava encolhida, e quase toda inclinada pra ele, uma posição perfeita para esconder o rosto nas piores cenas.

Eu poderia viver assim, apenas.
Sei o que esses momentos carinhosos com Gabriel poderia levar, mas eu queria continuar, seja lá a consequência. Não importava, eu só queria continuar sentindo aquela sensação em meu peito.

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A Fórmula Perfeita- ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora