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Chegamos no aeroporto, e vi Juliana de pé, com a cara no celular. Saí indo até ela e assim que seus olhos me viram, ela sorriu mas colocou as mãos na minha frente.

Ju: Calma, calma, eu derramei...ㅡ a abracei e ela riu ㅡ Café na minha blusa...

Ignorei isso, e a primeira coisa que notei foi seu cabelo loiro.

Bia: Que saudades, Ju! Amei o cabelo!

Ju: Também já estava morrendo de saudades! é se afastou e olhou para atrás de mim.

Me virei e Gabriel estava nos olhando, mas com um sorriso calmo no rosto.

Bia: Esse é Gabriel. Gabriel, essa é Juliana.ㅡ eles se cumprimentaram, Juliana estava um pouco abalada pela beleza de Gabriel, conhecia essa expressão de longe.

Ele se ofereceu, pegando suas malas, e nos acompanhando logo atrás. Ela me olhou com a boca escancarada.

Ju: Amigo?! Você está bem da vida em! ㅡ sussurrou animada e eu ti ㅡ E esse anel aí?!

Notei que não havia tirado as alianças.

Bia: Ah... Não é nada demais. A gente teve que fingir ser casado pra família dele.ㅡ menti rápido ㅡ A mãe de Gabriel vive pegando no pé dele sobre casamento... Então eu tô fazendo esse favorzinho, e ele me ajuda em outros.

Juliana assentiu, mas ainda surpresa. E eu nem precisou dizer a sua cara ao notar o carro novo.
Seus olhos se arregalaram.

Ju: Ele é bom de vida, hein...

Bia: Ah...ㅡ merda ㅡ É, ele tem. Vai entrando, eu vou ajudar ele com as malas.

Ela assentiu entrando na parte de trás, me virei abruptamente pra ele.

Bia: Gabriel, dirige o carro.ㅡ lhe entreguei a chave ㅡ Não fala que é meu.

Ele franziu o cenho.

Gabriel: Por que?

Bia: Ela vai querer saber que tipo de amigo dá presente de um milhão e meio pra amiga.ㅡ ele sorriu achando graça no meu nervosismo, já que eu gesticulava rápido quando estava nervosaㅡ E eu não quero ter que explicar tudo, e ela não precisa saber que você é irmão de Roberto, e...

Gabriel: Tudo bem, Bia. Relaxa.ㅡ passou rindo e abriu o porta-mala.

Notei que ele não havia tirado a aliança também, o que fez meu cotação tolo disparar. O ajudei com as coisas e entramos no carro.

**

Entrei no apartamento, e já fui mostrando tudo a ela. Gabriel estava trazendo as coisas ainda, então resolvemos ir na frente.

Parei no quarto, onde ela tirou o casaco e se jogou na cama. Sorri ao ver que ela havia gostado.

Bia: Aqui a chave.ㅡ entreguei a ela que se sentou me olhando.

Ju: A cidade é linda, Bia! Bem que você me falou. ㅡ tirou a blusa manchada de café ㅡ Vou me acostumar rapidinho, você não acha?

Meus olhos voaram para os hematomas em sua pele. Hematomas roxos. A blusa de gola alta escondia as marcas no pescoço.

Meu corpo gelou. Juliana falava coisa e mais coisa, mas parecia que minha mente havia voltado para o passado. Quando eu tive que esconder marcas parecidas, após a surra de Roberto.

Meu sorriu morreu no rosto, e ela parou de falar me olhando. Automaticamente ela olhou para onde eu estava olhando e seu rosto ficou pálido. Ela vestiu o casaco sorrindo sem graça e balançou a cabeça.

Ju: Ah... Não foi nada. Acabei pegando um cara meio violento ㅡ riu franco.

Bia: Juliana...ㅡ minha voz estava áspera.

Quando viu que não conseguiu me enganar, então se adiantou::

Ju: Bianca, eu só caí, não foi nada.

A encarei.

Bia: Eu também já caí, sabia?

Ela ficou calada. Raiva, apenas raiva que eu sentia.

Bia: Por isso você se separou dele?! Adam fez isso?!

Ju: Bianca, Adam não fez nada, eu juro! Eu já falei, eu juro que isso não é nada!

Passei a mão pelo rosto exasperada.

Ju: Bianca, para, por favor...ㅡ ela estava quase suplicando ㅡ E-eu já resolvi tudo, ok? Confia em mim. Mas eu não quero falar sobre isso, tá?

Tive que morder forte minha bochecha, para evitar me descontrolar.

Ju: Bianca, me prometa que não vai fazer nada.ㅡ fiquei em silêncio ㅡ Bianca... Por favor, pela nossa amizade, me prometa.ㅡ continuei calada ㅡ Você pediu para não fazer nada quando me contou, e eu não fiz nada, porque não pode só confiar em mim?

Sim, eu pedi isso à ela. Mas estando em sua posição agora, eu só consigo pensar em como ela havia ficado calada e confiado em mim. Porque Juliana é minha melhor amiga, ver ela messe estado, me dói. Me enxergar nela, me dói.

Não prometi nada, apenas balancei a cabeça. Ela precisava de um tempo e do meu apoio, nada de julgamentos.

Juliana iria falar, uma hora ou outra.

Bia: Fique bem, a casa é sua.ㅡ uma lágrima escorreu por sua bochecha.

Ju: Vai ficar com raiva?

Bia: Nunca, Juliana! A culpa não é sua. Eu só...ㅡ respirei fundo sentindo um nó na garganta.

Após longos minutos de silêncio, ela falou:

Ju: Eu quero tomar banho e dormir... Só isso.ㅡ enxugou a bochecha ㅡ Obrigada, Bia, mais uma vez.ㅡ sorriu fraco e passou por mim, me dando um beijo na bochecha, e indo para o banheiro sem me deixar falar mais nada.

Fiquei ali, parada, sentindo o choro entalado.
Eu não sabia se a dor era por ela, ou se era por mim.

Talvez pelas duas.

**

A Fórmula Perfeita- ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora