cursed

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Minha mente pensava em 500 coisas diferentes, mas a principal delas era:
Como caralhos ele tinha me ouvido? Eu havia gritado alto demais sem perceber?

Nós voltamos para a casa. Ele estava me abraçando, colocando o casaco dele por cima de nossas cabeças para não nos molharmos, mas já estávamos ensopados. Ele me pediu, com a voz chorosa, para deixar ele explicar tudo depois que voltássemos para a casa.

Tanta coisa aconteceu em questão de horas, que eu não conseguia nem pensar.
Uma pessoa literalmente tinha acabado de ser MORTA pelo meu futuro companheiro de quarto, e pelo visto havia matado outras pessoas.

O que estava acontecendo? Como caralhos eu me meti nisso tudo?
Mas Tate me pediu para eu ter paciência e praticamente implorou para que eu aceitasse voltar com ele.

O caminho foi obviamente silencioso, e nós não paramos de correr em momento algum. Talvez fosse bom, porque com o cansaço eu não teria tempo de pensar em nada.

Nós chegamos até a casa. O portão estava escancarado, mas nem me importei em perguntar. Nós entramos, ele abriu a porta, que estava destrancada, e nós nos abrigamos da chuva.

A primeira coisa que fiz foi respirar todo o ar que meu pulmão conseguia guardar. Meus olhos estavam ardendo, por motivo nenhum, e meu corpo estava destruído. Destruído pela correria, pelo pula da janela, pela cabeçada, por ter sido arremessada no chão. Por tudo.

Olhei para Tate, que olhava para os próprios pés, indo para um lado e para o outro.

— daqui a pouco você vai fazer um buraco no chão. — digo ofegante.

Ele olha para mim, me encarando no fundo da alma, e se volta para a porta, indo até ela e a trancando. Não demora muito para ele se voltar na minha direção com pressa.

Os olhos dele eram tão perdidos quanto de quando olhei para ele, caído no chão, me olhando sem saber se ele era o errado. Até aquele momento eu jurava que Tate era como os outros, mas não é o que sinto agora. Algo nele quer me dizer que ele é...diferente.

Mas um diferente bom ou...?

— eu preciso que você acredite em tudo o que eu disser. Eu não quero...que você se assuste e vá embora. — ele diz.

Como ele espera que eu não me assuste se ele está mandando eu não me assustar? Aí sim eu sinto que algo está errado.

— ótimo, eu não vou. Agora, por favor, me explica o que tiver pra explicar. — digo. Eu realmente tinha ido com a cara dele, não queria descobrir coisas horríveis sobre ele.

Ele suspirou fundo, ainda olhando nos meus olhos. Parecia uma conexão de almas. Senti que tudo ao redor tinha ficado em silêncio para ouvir ele.

— eu...eu sabia dos boatos. Boatos de que o fazendeiro Gate estuprava e assassinava garotas por aí, mas ninguém nunca teve provas e as garotas desaparecidas eram encontradas mortas, jogadas por aí. Nenhum pista apontavam para ele, e quem falava coisas ruins sobre ele eram os fazendeiros inimigos. Eu pensava que era tudo questão de rivalidade, não de motivos reais. — ele diz. Dava para ver a sinceridade nos olhos e na voz dele. Algo parecia doer nele.

— ele era meu amigo a anos, e eu sempre confiei nele. Nunca acreditei em ninguém, sempre fiquei do lado dele. — ele continuou. Os olhos dele foram para o chão. — eu e ele temos um passado horrível. A um tempo atrás...eu fiz uma coisa horrível. Ele fez pior, mas o que eu fiz também não foi certo e nem normal. — ele diz. Fiquei encarando ele. Minha expressão dizia "e o que eu tenho haver com isso?". — bom...não sei se isso importa. — ele pareceu envergonhado. — ah meu deus, é claro que importa, mas....ah, eu entrei em desespero naquela hora. Por isso matei ele.

Kills and Kisses - Tate Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora