making pies

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Me joguei na cama, sentindo meu estresse de todos os dias indo embora. Era uma cama super macia, com um colchão ótimo, não uma cama qualquer de um hotel ou hospedagem. Não sei quando foi a última vez que dormi em algo tão confortável.

Suspirei aliviada.
A guerra está acabada. Meu cérebro pensou instantaneamente. Parecia que eu tinha encontrado o paraíso.

Olhei para ele, e me dei de cara com seus olhos. Seu sorriso ia de orelha a orelha, e isso chegou a me assustar no começo.

Ele me encarava de um jeito muito estranho, como se estivesse feliz mas ao mesmo tempo algo estivesse errado. Meu sorriso desapareceu, dando espaço para uma cara confusa e assustada.

— tudo bem com você? — pergunto. Ele continuou em silêncio me encarando.

Meu coração começou a acelerar quando o sorriso dele sumiu, e ficou apenas um rosto vazio encarando no fundo da minha alma.

— tem algo de errado? — pergunto pulando para fora da cama. Ele logo deu um pulo.

— por que saiu da cama? — ele pergunto se aproximando.

— você parece estranho, não sei, está tudo bem?

— é claro que sim, só fiquei feliz por ter uma nova companhia. Ficar sozinho por muito tempo não é minha praia. Dizem que as pessoas ficam malucas. — ele diz sincero, balançando as maos livremente. Ele parecia um filósofo.

De repente ele voltou ao seu ar normal, sem parecer mais um estranho louco.
Respirei fundo. Ele tinha algum transtorno?

Mesmo assim não voltei a me deitar. Dei um passo para frente. Ainda era cedo, no mínimo 8h da manhã. Não era hora nem do almoço e muito menos do jantar.

— você está sozinho a quanto tempo? — pergunto me aproximando.

Ele parou para pensar um pouco.
Parecia estar longe.

— faz uns quatro anos. — ele solta.

De repente meu rosto se torna um mar de confusão.

— mas e sua irmã? Ela não morreu ano passado? — pergunto. Segundo minhas conclusões ela deveria morar com ele antes de morrer.

O rosto dele ficou vermelho e ele pareceu gaguejar um pouco.

— aah mas é que ela era minha irmã, sabe? É diferente. Éramos irmãos, mas não amigos. Quase nunca conversávamos, e também estou mais falando sobre o sentimento de solidão. — ele diz, mas parecia sem graça. Como se ele tivesse feito uma história na cabeça dele e alguma ponta estivesse solta, fazendo tudo ir por água abaixo.

Solto uma risadinha.

— poxa, eu sinto muito. Mas tenho certeza que comigo aqui você não se sentirá mais sozinho. — digo. Eu estava mais tentando ser gentil do que verdadeira. Na realidade, eu mal ficaria na casa. Só precisava de um lugar para dormir.

Ele sorri para mim.
— então você vai ficar? — ele pergunta. Sua voz soou estridente, alegre.

— com toda certeza! — exclamo. Ele pareceu adorar a ideia. Com certeza era muito sozinho, sem ter amizade nem com os vizinhos mais próximos.

Sinto minha barriga roncar. Eu estava morrendo de fome. A última vez que comi foi na última vez em que o maldito assassino quase me pegou. No caso fazia três dias que não tive tempo para comer nada.

Respirei fundo. Seria abuso demais querer exigir algo para comer? Bom, se eu moraria ali, então não.

— você já comeu alguma coisa? — pergunto para ele. Não que eu realmente me importasse. Só queria uma brecha.

Kills and Kisses - Tate Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora