heart to heart

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Minha noite não tinha sido das piores, mas também não posso dizer que foi grande coisa. Tate ficou no canto dele, nem senti ele por perto, mas quando o sol começou a aparecer escutei um barulho lá embaixo.

— Tate, você está acordado? — pergunto mexendo nele. — Tate, você está me ouvindo?

Os olhos dele começam a se abrir devagar, sinto meu coração se aliviando por isso.
— o que foi, garota? — ele pergunta enquanto se espreguiça.

— tem algo lá embaixo fazendo barulho. Eles ainda estão lá? — pergunto. Não queria passar dias ali em cima, apesar do lugar ser confortável.

— eu estou começando a me irritar com essa história...— ele reclama. Ele se senta na cama, e eu faço o mesmo. — quer saber, vou descer lá.

Arregalo meus olhos, sentindo meu coração congelar. Apenas um idiota desceria lá embaixo sabendo que pode ser morto.
— você tem merda na sua cabeça? Nem fudendo eu vou deixar você ir ate lá embaixo!

— e quem disse que você tem que deixar? Eu vou mesmo assim. — ele reclama e sai debaixo dos cobertores, colocando os sapatos.

— ah meu deus, ontem estávamos nos escondendo e hoje quer ir lá embaixo ver se querem brincar com nossas cabeças? — pergunto irritada. Saio debaixo dos cobertores.

— para de ser idiota, pirralha. — ele diz ficando de pé. — você só precisa se esconder aqui e tudo ficará bem. Não se preocupe comigo. — ele diz, logo indo.

Me levanto rapidamente. Eu estava só de meias 
— se você for, eu também irei! — exclamo, pulando na frente dele.

Ele revira os olhos.
— você só pode estar brincando comigo...— ele murmura, passando a mão no rosto. — você só vai me atrapalhar. Fique aqui.

Ele tenta passar por mim, mas abro os braços e o impeço de passar.
— eu já disse que se você for, eu também irei! — grito no rosto dele.

Ele revira os olhos uma segunda vez.
— você acha que pode me ajudar lá? Você acha que pode mudar algo? Você vai mudar ficando quieta aqui.

— e por que eu tenho que ficar? Você não manda em mim.

— não mando, mas as minhas ordens são para te manter em segurança. Se eu não morrer ali embaixo, sua mãe me mata!  — ele exclama. Por um momento chegou a parecer que ele tinha medo de minha mãe.

Talvez tivesse mesmo.

— minha mãe nem está aqui, e até ontem eu não fazia ideia de que ela estava viva. Eu não me importo com o que ela irá fazer com você, mas se me deixar aqui, vai ser bem pior!

Ele parece pensar por um momento. Fechou os olhos e respirou fundo.
— porra...— murmurou. — eu vou descer primeiro, e se estiver tudo bem, eu te chamo. Mas me obedeça, entendeu?

— entendi. — digo seca. E assim ele passa por mim, indo até a mini portinha. Havia uma escada colada nela, e, assim que ele empurrou a porta, a escada se formou lá embaixo.
(Assim como em um sótão)

Ele olhou para mim. Seu olhar diferente novamente.
— fique em silêncio, e se eu mandar você puxar a escada, você puxa. — ele diz. Não foi um pedido, foi uma ordem. Resolvi apenas assentir.

Ele desceu a escadas, indo devagar e olhando para todos os lados. Fiquei mais em cima, vendo ele.
Ele chegou ao chão. Logo ele saiu da minha visão, e pude ouvir o barulho da porta do quarto abrindo.

Meu coração começou a acelerar. Apesar de tudo não queria o pior para ele. Comecei a me desesperar por não ouvir barulho nenhum e nem ver nada lá embaixo, até que um cara aparece no pé da escada.
Sinto meu coração dar uma pontada, e então me apresso a puxar a escada.

Mas então o homem pisa nela, me impedindo de puxa-la.
Ele estava com uma roupa toda preta, mas não estava com nada que cobrisse seu rosto. Fiquei o encarando, esperando que tivesse algum reação, mas ele não teve.

Vi a mão dele se mexendo levemente, então percebi que ele iria agir. Logo pulei, literalmente, do quarto no teto.
Não desci a escada, apenas pulei numa direção diferente da do homem no pé da escada.

Assim que senti meus pés chegando no chão me virei e chutei as costelas dele. Logo após ele se arquear de dor o joguei no chão com força.
A voz de Tate berrou em meu ouvido.

— IZZY, PARA! — ele grita ao ver o canivete em minha mão sendo apontado para o pescoço do homem.

Olho para ele. Alguns outros caras estavam ao lado dele. Os caras de ontem.
— que porra é essa, Tate!? — exclamo. Aqueles supostamente eram para serem nossos possíveis inimigos.

— eles foram mandados por sua mãe, não querem nos matar! — Tate diz. Ele olha para a faca novamente. — solta isso, por favor...

Respiro fundo e volto o canivete para seu devido lugar. Em minha cintura.

O homem no chão tinha um olhar desesperado, mas logo se acalmou. A respiração dele era pesada.
Por que minha mãe teria enviado mais patetas atrás de mim?

Reviro os olhos.

— Izzy, eles vieram para me ajudar com você. Gwendoline recebeu uma mensagem de que mais assassinos estão sendo mandados para te encontrarem. — ele diz se aproximando.

— mas por que caralhos tantos estão querendo cortar meu pescoço? — pergunto indignada.

— você não sabe o motivo? Nossa, que incrível. — o cara no chão debocha. Olho para ele com um olhar mortal. — eu só estava querendo me envolver na conversa, poxa.

— vai se envolver quando eu arrancar sua língua fora. — ameaço.

— para com isso, Izzy. — Tate diz, me dando um tapinha na cabeça.

— vai se foder você também. — digo. Toda aquela situação estava me deixando frustrada.

— olha, em minha defesa, minha intenção não era te assustar, gatinha. — o cara no chão diz, se levantando. — aliás, meu nome é Damian.

Olho para ele, avaliando.
É, até que era bonitinho. Em outros momentos talvez eu tivesse paquerado ele.

"Mas, Izzy, em outros momentos você teria paquerado TODO MUNDO???" só tem homem bonito nesse lugar, a culpa não é minha!

Os olhos dele percorreram cada ponto da minha existência, e uma sorriso apareceu em seu rosto.

— voce é muito linda para uma fugitiva. — ele percebe meu olhar mortífero nele. — Com todo respeito. — ele diz. Olho para Tate, que estava diferente novamente. Seu olhar era tão duro que se parecia absurdamente com um serial killer.

Por que Tate era assim? Isso me deixava tão confusa, eu jamais entenderia ele.

—⭐
Votem por favor? Desculpem qualquer erro, estou com dor de cabeça.

E sobre a portinha no teto: é igual a um sótão, mas no caso é um quarto. A "portinha" é literalmente uma porta, nem tão grande e nem tão pequena. Se virem para imaginar o resto.

Kills and Kisses - Tate Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora