blood pies

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— e o que você tem de tão poderoso que faz de você a única pessoa que pode me proteger? — pergunto em tom de deboche.

Ele ficou me olhando indignado, como se eu duvidar dele fosse algo super ofensivo.
Ele ser filho de um assassino, e ser um assassino também, não faz dele diferente de mim.

— tem coisas que você só pode descobrir com o tempo. — ele diz sério, me encarando. Os olhos dele sempre transmitiam coisas diferentes, a todo momento, e isso me irritava muito.

Como se estivesse cansado de me ver, ele se levantou e andou até a cozinha, sem me olhar ou sem demonstrar que queria que eu fosse atrás.
Ele era tão complicado. A cada momento sendo uma pessoa diferente. Como eu conseguiria entender ou compreender ele?

Resolvi me levantar.
Qual o problema dele?

— você realmente acha que pode me dar as costas depois de me explicar uma história meia boca? — reclamo com ele. Ele se vira para mim.

— história meia boca? Eu te expliquei tudo o que precisava! — ele diz.

— eu ainda estou cheia de dúvidas, ainda não entendi metade da história!

— isso é problema seu. Você é burra e lenta, não posso mudar isso. — ele me dá as costas de novo.

Vou andando atrás dele, que chega ao lado da porta da cozinha, e para de repente.
Pego no pulso dele e puxo.
— eu quero que você me explique como você apareceu na floresta. Eu sei que esperava encontrar um dos meus assassinos, mas isso não explica a forma como você apareceu pouco depois de eu te chamar! — falo alto na direção dele.

Ele olha para mim com os olhos mais assustadores que eu já vi em toda minha vida. Sinto meus pelos se arrepiarem.
— fique em silêncio, não fale mais nada ou você morre agora mesmo. — ele diz. Sinto minhas pernas darem uma leve enfraquecida. Ele estava me ameaçando?

— vai tomar no seu cu, seu bosta do caralho. Você está maluco!? — grito com ele. Ele me puxa e tampa minha boca com a mão.

— eu não estou te ameaçando, não estou te dizendo que irei te matar. — ele continua. — tem um cara observando a gente pela janela. — ele sussurra no meu ouvido. — ele não consegue nos ver bem, porque estamos perto da porta. Agora fique quieta e faça o que eu mandar. — ele diz. Sinto uma onde de desespero me atingindo.

Respiro contra sua mão, tentando me acalmar. Qualquer coisa, que envolva alguém me observando, me deixa desesperada. Traumas.

— vamos subir lá pra cima, no meu quarto, e eu quero que fique em completo silêncio, você entendeu? — ele sussurrou de novo no meu ouvido, enquanto uma mão apertava minha cintura. Estava me segurando para não dar um tapa na cara dele.

Apenas assenti e então ele foi descolando de mim. Ele pegou minha mão e saiu me puxando devagar, para não fazermos nenhum barulho. Correu até a porta se certificar de que ela estava totalmente trancada. As janelas estavam tampadas com as cortinas, e então nós subimos as escadas.
Ele ficou me segurando, me dizendo para andar agachada e em silêncio. Fiquei quieta, sem dar um pio.
Ele estava concentrado nos barulhos lá fora.

Ficamos em pé no corredor, mas ainda em silêncio. Chegamos na porta do quarto dele. Uma porta totalmente preta, com um pentagrama no meio. Resolvi não comentar sobre. Talvez fosse da religião dele.

Entramos e não pude deixar de perceber a cama toda desarrumada. O tapete era vermelho escuro, como sangue. O cheiro do quarto não era ruim, mas não me parecia nada atraente. Era um quarto grande, e isso era notável.

— fique bem longe das janelas. Se tem um, pode ter outro. — ele diz, andando sorrateiramente.

— você não acha que está exagerando? Talvez seja só alguém querendo informações. Esse lugar é o fim do mundo. Talvez seja alguém perdido, um mendigo ou sei lá.

Ele se aproxima de mim. Sua respiração batia em meu rosto.
— você sabe por que diabos eu tô preocupado? Porque ninguém tem coragem de pisar nem na frente desta casa, ninguém nem olha aqui dentro. E aí do nada aparece um cara, todo de preto, quase pulando o portão, tentando encontrar algo pelas janelas? Isso é suspeito. — ele diz. Seu tom era irritado.

Reviro os olhos.
— e por que você deveria se preocupar com isso? Eu ainda não entendi. Você espera que todos tenham "medo" da casa? E por que diabos teriam medo?   — digo. Talvez a pessoa no portão só estivesse querendo saber se alguém estava acordado por aí, para ajudar 

Izabella, essa casa é conhecida como "murder house" por um grande motivo. E esse motivo faz as pessoas terem medo dela. — ele diz.

— bom, eu não fazia ideia de que essa casa era conhecida como murder house. — digo sem me importar. Isso parece deixá-lo irritado.

— porra, garota, pessoas foram mortas aqui! Muitas pessoas. Há boatos de que as almas das pessoas ainda estejam pela casa. Muitos vizinhos dizem ouvir gritos, muitas pessoas dizem ver.  — ele grita enquanto sussurra. Senti vontade de rir, mas o assunto era pesado.

— e você, que mora aqui, já viu!? — pergunto indignada.

— com toda a porra da certeza...— ele diz. Ele parecia estranho novamente, e senti um calafrio com a fala dele.

— mas a casa não era dos seus pais que morreram? — pergunto surpresa. Mais um segredinho de Tate.

Ele suspirou.

— meus pais estavam fazendo uma festa para comemorar minha volta da prisão. Eu menti sobre a data da morte deles e da minha irmã, mas não vem ao caso. — ele continua — eles chamaram vários vizinhos que gostavam do bom menino que eu era, chamaram amigos, parentes...e todos foram mortos.

Por um segundo eu vi tristeza nos olhos dele.
— e onde você estava?

— estava escondido, igual a um covarde. Eu escutei os tiros e os gritos, mas fiquei escondido bem ali. — ele apontou para uma portinha no teto. — fui corajoso para matar pessoas inocentes, mas um covarde para aceitar meu destino. Foi tudo minha culpa.

— e por que eles não encontraram você? Pensaram que estava pagando boquete para o fazendeiro e então desistiram de te procurar? — pergunto. Ele ficou vermelho como fogo.

— porra, é por isso que querem te matar. — ele dá as costas para mim.

— me senti levemente ofendida.

Ele fingiu não me ouvir e continuou o que estava fazendo. Se agachou e foi indo em direção a janela do quarto. Fiz o mesmo, apesar de ele ter ficado bravo ao me sentir atrás dele.
Só disse aquilo para ele para ver se ele ficaria irritado, e eu estava certa. A piada foi bem idiota e desnecessária, mas senti uma pontinha de raiva dele. Tate merecia se ferrar muito por tudo o que fez, mas as coisas foram fáceis para ele, e eu só queria saber como e porquê.
De repente Tate grudou na minha coxa. Senti um calafrio.

— a casa está cercada com uns 8 caras, Izzy...— ele diz pasmo.

— cacete, mas está tão escuro, como você está enxergando? — pergunto incrédula.

— Izzy, — ele me chamou — você está vendo ali? — ele diz apontando.

— não estou vendo nada, mas você sabe que eles podem nos ver, né? — perguntei. Ele me olhou sério.

— porra, Tate, você é burro pra porra.

— mas, caralho, a gente tá agachado!

— mas a luz está acesa e o topo das nossas cabeças podem ser vistos facilmente! — sussurro irritada para ele.

Agora ele era o Tate burrinho e sem cérebro, não o Tate assassino comedor de corações.

De repente um barulho chamou nossa atenção, fazendo pularmos de susto.
— porra, que merda foi essa!? — pergunto para ele.

— desgraçados...— ele murmura. Ele se vira para mim. — eles conseguiram entrar.


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Oi, pessoal. Votem?
Estou sentindo que não estão mais gostando da história como antes. Algo não está agradando vocês? Por favor, comentem. A opinião de vocês é muito importante para mim, e cada voto é uma motivação a mais.
Andei sumida por causa disso, e não quero deixar a história de lado, porque sei que alguns gostam.
Me contem sobre o que estão achando, por favor.


Kills and Kisses - Tate Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora