The fucking grave house

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Eu deveria parar de tentar ser gentil e legal. Tentar fingir empatia não era uma coisa muito boa. Eu queria arrumar minhas coisas rápido. Achar um lugar pra ficar e BOOM, ficar de boa. Mas infelizmente ele tinha aceitado minha ajuda, e o que eu iria fazer? Dizer que não daria pra ajudar? Fui eu que me ofereci.

O caminho até a casa dele era grande. ENORME. A gente chegou a ir pro finalzao da cidade, e tudo isso a pé. Meus dedos estavam doendo dentro do sapato. Eu estava linda, mas aquele caminho todo me deixou cansada e feia.

E depois eu teria que fazer o caminho de volta, e seria 100 vezes pior.

Não tentei puxar muito assunto, mas ele sim. Me perguntou várias coisas, e todas elas eu respondi.

— se importa se eu perguntar a sua idade? — ele perguntou enquanto passávamos por uma rua tão deserta que eu não escutava nem o som de carros ou qualquer outra coisa.

Olhei para ele de relance. Ele tinha lindos olhos. Era um garoto extremamente lindo. Em outros dias, em que eu estivesse sem preocupações, provavelmente teria dado em cima dele.

Respirei fundo, procurando na minha mente algum motivo para mentir para ele.

— tenho 17, e você? — disse. A sinceridade em minha voz era real.

Ele pareceu pensar por um momento.
Será que ele não irá confiar em mim? Se ele fizer isso já dará para ver que é um pateta. Eu confiei nele, disse de primeira e bem rápido. Vamos, idiota, abre essa boca! Penso.

— tenho 24. — ele ri. Fico impressionada.

— sério? Você parece bem novo. — digo, e logo percebo o que acabei de dizer. — ah não, quer dizer, você não é velho! — digo envergonhada. — você é bem novo, só que eu...

Ele solta uma risada longa.

— eu entendi. Você achava que eu tinha mais ou menos a sua idade, né? — ele sorri.

— por aí. — digo.

Ficamos alguns minutos em silêncio, apenas andando. Estávamos passando por lugares que eu nunca tinha visto, mas eram agradáveis. Adoraria morar por ali se tivesse algum lugar para alugar.

Ele foi quem puxou assunto de novo.

— e você namora? — ele me perguntou. Não tinha nada de errado nessa pergunta, no meu ponto de vista.

— namorava, a uns três meses atrás. — digo.

— e por que terminou? — ele me olhou. Parecia interessado no assunto.

— ele era um idiota. Um dia sai, comprei um presente pra ele, uma camisa, e quando voltei ele estava transando com minha melhor amiga. Bem na minha cama. — digo. Ele parece chocado.

— porra...que babaca. E depois?

— bom, eu não me abalei com aquilo. Fala sério, quem perdeu foi ele. Ela nunca será igual a mim. Eu fui caridosa por namorar com aquele feioso. — digo.

Ele solta uma gargalhada sincera, e eu não consigo segurar o sorriso.

— você parece adorável, então concordo com você. Com certeza quem perdeu foi ele. — ele diz sorrindo para mim.

Uma pulga atrás da orelha me pedi para ser intrometida.

— e você? Namora? — pergunto.

— nunca namorei. Você daria até risada de eu contasse sobre minha vida privada. — ele riu. Não ri, fiquei apenas em silêncio.

— por quê? Agora fiquei curiosa. — dei uma risadinha.

— nunca beijei ninguém, muito menos fiz algo além disso. Acho que o máximo que já fiz foi encostar na mão de uma garota, quando eu tinha 13 anos de idade. — ele diz. Seu rosto fica vermelho de repente.

— minha nossa, isso é... diferente, não estranho. Sabe, as pessoas não precisam ter... relações sexuais ou sei lá. — digo. Queria parecer legal.

— é, mas por um tempo isso me perseguiu. Pensei que era estranho, alguns amigos até me zoavam com isso. — ele riu, mas logo parou. — bem, vamos cortar essa conversa estranha.

Dou uma risadinha leve. Não queria parecer forçada.

— realmente. — encaro o chão. — você sabe se tem alguma casa pra alugar por aqui? Gostei muito do lugar.

Ele me olha.

— está procurando uma casa por aqui?

— estou. Cheguei hoje. — digo sincera. Ele parece ter um brilho nos olhos.

— minha casa é enorme, eu não uso metade dela. Se você quiser posso te arranjar um quarto. — ele diz.

Seria burrice aceitar morar na casa de um desconhecido? Deveria cair no papo dele só porque ele é um gatinho virjola?

Ao mesmo tempo que meu lado racional dizia para eu não confiar, meu lado extremamente apressado dizia que era uma ótima chance.

— sério? — digo animada. Ele sorri para mim.

— sério! Você pode verificar o lugar assim que chegarmos. Acho que falta só uns 5 minutos até a gente chegar. — ele diz. Tento conter minha felicidade.

— e quanto você quer pelo quarto? Tipo, mensalmente. — pergunto.

— pera...você quer pagar? — ele pergunta com uma expressão estrsnha. faço cara de quem não entendeu.

— ué...sim. Bem, se eu fosse procurar casa em outro lugar, eu iria pagar. Não quero que seja diferente aqui. — digo. Ele parece ofendido.

— não, não. Me recuso a aceitar. — ele diz olhando para frente.

— mas não é justo, seria um abuso. Além do mais, eu disse que estava querendo alugar um lugar, não ganhar um de graça. — digo sincera.

— eu sei, eu entendi, mas não quero que pague. Pode ajudar com a casa, me ajudar com algumas coisas lá dentro, mas não pague. — ele diz. Não sei se me ofendo ou fico feliz.

Respiro fundo.

— tudo bem, veremos isso depois que chegarmos. — digo. Ele assenti.

Ótimo, um lugar de graça.

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Kills and Kisses - Tate Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora