Longe Ainda Está Setembro

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Hoje passei outra vez por uma rua,
À qual um dia chamámos nossa,
Dela consegui ver o teu quarto,
Com a luz da secretária ainda acesa.

Sobre quem tens escrito últimamente?
Quem tem tido o direito de ler esses poemas,
Onde finges sentir tanta coisa,
E julgas encontrar soluções para todos os teus problemas?

Talvez tenhas falado da mágoa que uma obsessão pode trazer,
Das vezes que te escolhi deixar de lado,
Sim, eu quase escolhi o lado seguro,
À ideia de poder acabar com o coração rasgado.

Disse-te inúmeras vezes que já não valia a pena,
Contra-argumentaste dizendo que longe ainda está Setembro,
Esforço em vão, tinha razão,
Tudo acabou, e agora só o final relembro.

Ainda me lembro de ti nos dias de inverno,
Quando fico com o coração e as mãos geladas,
Apercebo-me que de facto não estava errada,
Arriscar corações não nos levou a nada.

Desta vez tens um motivo plausível para escreveres sobre mim,
Penso que corações partidos são um assunto suficientemente triste para escrever,
Não precisas de fingir hoje,
Escreve sobre nós, sobre uma pequena atração evitável,
Mas que ambos não consiguimos evitar viver.


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