Querido outono

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Querido outono sem piedade,
Que com o vento leváste as folhas caídas,
Tal como leváste o nosso amor,
O amor que por mim ele jamais sentira.

Querido outono duro e cruel,
Tiraste-me a esperança e levaste- me à descrença,
De que até ao verão,
Durassem amores de primavera.

Querido outono inesquecivel,
Todos os anos encaro aquela praia,
E lembro-me das profundezas do seu olhar,
Que como uma âncora me prendia,
Cristalina água ou delicadas safiras me lembrava a cor,
Órbitas brilhantes e inquietas,
Onde facilmente me afogaria.

Querido outono que me ilude,
E me permite ao passado regressar,
É efeito das cores quentes da tua natureza,
Ter esperança de um dia voltar:
A ter os seus sorrisos dirigidos a mim,
E que o olhar dele se cruze com o meu,
Ele não passou de uma ilusão,
Algo que nunca foi meu.

Querido outono sincero,
Hoje a saudade castiga,
Mas culpa não é tua,
Sempre soube que estações vão e voltam,
E que nós nunca  teríamos tido,
tempo infinito
Para observar as estrelas e a lua.

Querido outono, ótimo ouvinte,
Trocada por um outro alguém,
De um jogo considerada peça reserva,
Analgésico do seu coração ferido,
Que o cura enquanto o meu se desconcerta.

Mas querido outono é a verdade,
É com ela que ele deve ficar,
Ele olha-a como eu o olho,
Mesmo que como eu o amo,
Seguramente ela nunca irá amar.

Querido outono ela é tudo o que nunca fui.
Então por favor grava a mensagem,
Amores de primaverão não chegam ao verão,
Amores de primavera são de passagem.

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