Desculpa

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Não fui sincera:
Não te amo
Não sinto a tua falta
Não perciso de ti

Penso em ti ainda,
No mal que te fiz:
Nas mentiras que te contei
Nos segredos que escondi
Nas palavras em que te fiz acreditar
Quando eu nunca acreditei
No coração que eu parti
Na inocência que te tirei
Na pessoa em que te tornei

Desculpa-me.
Por não te ter amado e te ter feito acreditar que o faria.
Por aceitar o teu amor sem o conseguir retribuir.
Por te usar para alimentar o meu ego.
Por te usar para preencher o meu vazio.
Por te fazer pensar que eu sei sequer amar.

Não te amo nem posso.
Nem consigo.
Nem sei como o fazer.
Não sei como o voltar a fazer.
Ou parar de o fazer.

Os teus beijos lembram-me outros,
Fechando os olhos vejo outro rosto,
E quando as tuas mãos percorrem o meu corpo,
Nada me satisfaz, sabe-me sempre a pouco.

Admito:
A culpa foi minha.
Eu comecei e deixei-te continuar.
Eu prendi-te a mim sem te querer por perto.
Eu fiz-te amar-me para depois te partir o coração.

Os teus olhos ainda me procuram.
Ainda me recebes com um sorriso.
E eu vejo em ti todos os sonhos que tive e esqueci.
Toda a inocência que me roubaram.
Todo o amor que foi dado a quem não o merece.

Tu és um anjo.
Mas eu não te amo.
Odeio quando mo dizes.
Odeio que me ames.
E não consigo fazer-te parar de me amar.
Nem amar-te.

Fiz-te sentir num filme cliché.
Fiz de nós protagonistas,
Abandonando o papel a meio
Para voltar a alterar o roteiro.

Eu amo sim.
Mas não tu.
Amo alguém como eu,
Impossivelmente egoísta.
Excessivamente fraco.
E tal como tu ainda não sei como é sentir-me amada.

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