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JK

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JK

Dois dias passaram desde aquele incidente no meu apartamento. Ele pegou no sono antes de eu falar qualquer coisa. Fiquei de luto, queria fazer sexo. Brincadeira, sou completamente puro e casto. Mas, o Richarlison continuou implicante e chato como sempre. Nós entregamos as nossas tarefas e mal nos falamos. Ele sempre levantava primeiro, lanchava o mais longe possível e se pudesse, ficava ouvindo música o tempo todo. Eu me senti completamente rejeitado, sem sequer ter me declarado.

— E por que? — Ouvi uma voz feminina nas minhas costas. — Por que ele seria gay? — Gelei ao perceber que estavam falando de mim. — Não sei, amiga, ele tem uma cara de gay, mas é tão famoso, não faz sentido. — Elas continuavam a debater sobre mim. A minha cabeça estava baixa e eu tentava dormir para não ouvir aquilo.

A minha sexualidade ainda me deixava inseguro, não por falta de aceitação, mas sim por medo das reações das pessoas próximas de mim. Pessoas que dependem de mim. É incrível como é fácil viver uma ilusão utópica para quem me acompanha de longe. Precisei pagar muita gente, gente grande... pessoas que descobriram alguns relacionamentos meus. No começo eu era advertido pela agência. Eu não ouvia e fazia outra vez e outra vez, até que isso chegou nos outros membros e eles disseram que isso poderia afetar todo mundo e me pediram para parar por um tempo. Eu até tentei, mas a solidão de diversas viagens mexe com a gente.

— Vocês perderam alguma coisa? — Ouvi uma voz familiar atrás de mim. — Não? Eu jurava que vocês tinham perdido alguma coisa no Joãozinho. É muita inveja mesmo. — Fiquei estático ao perceber que era Richarlison. — Tsc, gente nojenta. — Ele disse ao se sentar ao meu lado. — Levante, eu sei que cê não tá dormindo.

— E você liga? — Retruquei ao me levantar. Ele negou rapidamente. — Do que elas teriam inveja? — Ele sorriu levemente. — Do que? — Richarlison se virou na minha direção e de forma animada e orgulhosa, apontou para si mesmo. — Tá me zoando?

— Não, elas tem inveja de você sentar tão perto de mim, isso é óbvio. — Disse com muita autoconfiança. — Tão rico, mas tão burro. — Dei risada e ele me encarou irritado. — O que é, leite derramado?

— Nada cabeça de pika. — Ele fez uma cara de surpresa muito engraçada, não consegui conter a risada. — Não é como se tivesse sido a primeira vez que ouve isso. — Ele negou de forma cabisbaixa. — Por que cê tá falando comigo?

— Porque eu não gosto de gente fazendo isso. — Se referiu às fofocas. — Eles (colegas) tão espalhando que você é "bixa" e tá dando em cima de mim. — Fiquei paralisado enquanto ouvia aquilo. — Eu não ligo de falarem que você é chato ou esnobe, mas falar essas outras coisas, é errado.

— Você fala como se soubesse o sentimento por trás. — Tentei deixar o meu tom desleixado, mas era difícil perto dele.

— Eu tenho muitos amigos gays e eu sei o quão dolorido é ser rejeitado por quem você é. Sem contar que também muitos gringos detestam nós, — se referiu aos brasileiros — e vivem nos chamando de macacos ou animais. É uma merda ouvir essas coisas, então! — Ele me puxou na sua direção. — Se algum deles falar alguma merda pra você, me chama. Eu cuido deles pra você.

𝐃𝐈𝐄 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔 - ʲᵘⁿᵍᵏᵒᵒᵏ ᵉ ʳⁱᶜʰᵃʳˡⁱˢᵒⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora