Prólogo

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"𝑹𝒆𝒄𝒐𝒎𝒆ç𝒂𝒓 é 𝒂𝒏𝒅𝒂𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒇𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆
𝒎𝒂𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒗𝒆𝒛 𝒆𝒎 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒎𝒊𝒏𝒉𝒐 𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆."

A vida nunca foi fácil pra mim

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A vida nunca foi fácil pra mim. Perdi minha mãe aos doze anos de idade, e aos quinze fui abandonada pelo meu pai. Ele também abandonou minha irmã do meio Tracey, e minha irmã mais nova Aurora, que na época era muito criança, na casa de uma tia.

Ela cuidou bem da gente. Tínhamos comida e um teto, mas não tínhamos nenhum sentimento ao menos parecido com o amor vindo dela. Nossa tia não nos maltratava, mas também não fazia a menor questão de nos tratar com carinho. Apesar de tudo, ela nunca deixou que a gente passasse fome ou não tivesse uma roupa para colocar. Aprendi com os anos que não ser carinhosa, é apenas o jeito dela.

— Eu vou ter o meu próprio quarto? — Aurora, minha irmã mais nova de treze anos quase pula de alegria. — É sério?

— Sim! Esse vai ser o seu quarto. — Bagunço o cabelo de Aurora feliz com seu entusiasmo.

Agora aos vinte e dois anos com o meu trabalho de garçonete e o trabalho de balconista da minha irmã, conseguimos sair da casa da nossa tia e alugarmos o nosso próprio apartamento.

Minha tia arranjou um namorado e estava bem difícil a convivência entre cinco pessoas morando em uma casa pequena. Privacidade era algo que não tínhamos.

— Vocês são as melhores irmãs do mundo! — Aurora agarra Tracey e eu em um abraço apertado. Ver a alegria dela simplesmente faz valer a pena todo esforço que faço.

Meu trabalho é difícil. Trabalho em um restaurante de luxo e passo por poucas e boas. Entre elas, clientes esnobes que não fazem muita questão de serem gentis com empregados.

— E você é a melhor irmã mais nova que poderíamos ter. — Digo. Tracey aperta ainda mais o abraço. Nos afastamos quando Aurora corre e se joga na cama. — Aurora, cuidado pra não quebrar!

— Só quero testar se a cama é macia. — Balanço a cabeça negativamente soltando uma risada. Aurora rola na cama. — É macia!

— Você é demais, Rora. — Digo sorrindo. Tracey e eu saímos do quarto da pequena a deixando aproveitar seu novo cantinho.

Alugamos um apartamento bem bonito. Ele já veio todo mobiliado. Tem três quartos, e um banheiro. Além de uma sala composta por uma cozinha americana. A sala tem uma sacada maravilhosa! Já me imaginei lendo vários livros nela. Fica no terceiro andar do prédio. Tem apenas outros dois apartamentos no andar.

—Estou tão orgulhosa de nós duas. — Seguro a mão de Tracey. — Conseguimos cumprir a promessa que fizemos a nossa mãe.

Nossa mãe estava doente, e foi internada quatro dias antes de morrer. Quando ela percebeu que morreria, fez eu e Tracey que éramos irmãs mais velhas, prometermos que sempre cuidaríamos de Aurora.

Éramos novas também, crianças demais para assumir a responsabilidade de sermos mães de outra criança, mas conseguimos.

Quando nossa mãe morreu, nosso pai não foi o pai mais presente e amoroso conosco. Ele tinha mudado e pra pior.

— Eu sinto tanta falta dela. — Acompanho a direção do olhar de Tracey a vendo observar a fotografia da nossa mãe. Sua foto está no porta retrato do rack amadeirado.

— Eu também. Muita. — Suspiro. Enchemos a casa de porta retratos para nos sentirmos verdadeiramente em casa. Nos poupamos de colocar fotos do nosso pai.

Nossa mãe não conseguiu cuidar da gente. A morte tirou dela essa oportunidade, agora nosso pai não... Ele decidiu não cuidar da gente, decidiu não ser o pai que precisávamos.

-—Vamos deixar disso. Temos que pensar em coisas boas agora! Essa é a nossa oportunidade de um recomeço feliz. — Tracey esfrega os olhos tentando esconder o mar de lágrimas que se formou nos seus olhos.

— Sim! Uma vida nova com muita alegria. — Balanço as mãos de Tracey no ar com um sorriso. — Com momentos bons.

— Pessoas novas. — Tracey sorri maliciosamente me fazendo cair na gargalhada.

Deixo essa tarefa de conhecer pessoas novas pra ela. Tracey é a irmã paqueradora, festeira, sociavel. Já eu sou a irmã que prefere ficar em casa assistindo série e comendo brigadeiro de colher.

— E muitos doces! — Aurora nos surpreende entrando na sala de repente. Doces, Aurora ama doces.

— Sim, muitos doces! — Digo sorrindo. Sinto que finalmente vou poder ter uma vida em paz e tranquila com as pessoas que mais amo, minhas irmãs.

— Vamos fazer um pacto? — Tracey diz me fazendo erguer as sobrancelhas. — Vem, coloquem as mãos aqui.

Coloco a minha mão sobre a de Tracey. Aurora se aproxima e também coloca as mãos sobre a nossa. Ela tem apenas treze anos, mas está tão grande!

— Vamos prometer que acima de tudo nunca vamos esquecer que somos irmãs inseparáveis. Que vamos lembrar que somos uma família e que podemos contar sempre uma com a outra! Prometem?

— Prometo! — Aurora e eu dizemos na mesma hora.

— Eu prometo também! — Diz sorrindo. Nós nos abraçamos, e agradeço baixinho por tudo isso.

Não ter uma mãe, e logo depois não ter um pai, tornou minha vida difícil. Não foi fácil ser a irmã mais velha e ter que segurar a barra. Mas, ter duas irmãs que eu amo mais do que tudo, sempre me deu muita força pra cada dia lutar pra dar o melhor pra elas. Pra minha única e melhor família.

— Eu amo vocês. — Digo com sinceridade. — Vocês são as minhas metades, as metades que eu nunca serei, as metades que me deixam louca. — As duas riem. — Mas vocês são as melhores metades de mim! as metades que eu sempre, sempre precisarei.

Beijo o cabelo loiro das duas intensificando o abraço. Tracey e Aurora são bem diferentes de mim. Enquanto Tracey é sociável, alegre, festeira. Aurora é mais tímida, apesar de ter uma personalidade forte e chamativa, é mais meiguinha, sensível. Já eu... Sou o tipo de pessoa que prefere ler do que sair, que é sociável e falante, mas não ao ponto de ser tagarela.

Enfim, nós três somos completamente diferentes uma da outra, mas somos a melhor família que poderíamos ter!

A Culpa É Do VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora