Capitulo 8

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"𝐔𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐫𝐢𝐫 é 𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢ç𝐚𝐝𝐨"

"𝐔𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐫𝐢𝐫 é 𝐮𝐦 𝐝𝐢𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐝𝐢ç𝐚𝐝𝐨"

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— Lucca? Você conhece ele? — Aurora pergunta. Vejo ela abrir o pote com pipoca e começar a comer enquanto me encara. — Vai fala, conta tudo! Tô curiosa. Quem é ele? — Rora pergunta sorrindo maliciosamente. Meu Deus, que errada!

— Não é nada disso. Ele é o vizinho novo. — Digo revirando os olhos. Ela pensou que era quem? Acho que em toda a existência de Aurora ela nunca me viu ficar sério com ninguém e nem mesmo não sendo sério.

— O que falou que não gostava de biscoitos e que usaria seus biscoitos pra enfeitar a cozinha? — Tracey pergunta. Assinto e faço uma careta ao relembrar do episódio.

— Ele disse isso? Chocada. — Aurora enfia uma mão inteira de pipoca na boca. Como se estivesse assistindo a um filme. 

— Disse. E também colocou música alta tarde da noite. Você dorme tanto que nem reparou. Enfim, achei ele um porre de vizinho! 

— Jura? É reciproco. — Ouço a voz do vizinho atrás de mim. Respiro fundo para esconder que levei um susto. Encaro minhas irmãs com um olhar mortal. Por que elas não me avisaram? Me viro para o olhar e vejo Lucca segurando a mão de um menino, uma criança.

— Hahaha, que engraçado. — Digo debochando dele e fechando a cara. Tracey ri, mas logo que olho pra ela, ela para como se nada tivesse acontecido.

— Oi vizinho! Vocês dois querem participar do nosso piquenique? — Aurora pergunta com um grande sorriso. O que essa garota tá fazendo?

— Ah, pode ser. Eu gosto de pipoca. — O garotinho que deve ter no máximo sete anos diz e se senta na toalha. Ai, eu não vou negar comida a uma criança, por mais que seu acompanhante não seja a melhor pessoa que eu queria ver agora.

— Desculpa pela bolada. Eu estava brincando com ele e sem querer joguei a bola na sua cabeça... — Ele parece estar mesmo arrependido. Também não sou tão chata ao ponto de ficar brava por isso. Ele só estava brincando com uma criança. Imprevistos acontecem.

— Tá tudo bem, eu ainda tenho uma cabeça. — Dou um sorriso. — Mas acho que vocês não têm mais uma bola. — Digo olhando pro lago. Depois dela bater na minha cabeça, ela rolou e caiu no lago.

— Não tem problema, nós temos comida agora. — O menininho fala. Solto uma risada o achando engraçado.

— Senta. — Digo para Lucca. Também não vou ser mal educada. Tem bastante comida aqui para todo mundo. Ele balança a cabeça e se senta na toalha, entre o menininho e eu. — Essas são as minhas irmãs, Tracey e Aurora. — Apresento apontando para cada uma. Pego um morango na cesta, e dou uma mordida.

— Prazer, Lucca. — Ele fala intercalando o olhar entre Tracey e Aurora. Que educado. Comigo não foi assim. — Esse é meu irmão mais novo, Joshua. — Ele aponta com a cabeça para o menino que está com a boca cheia por um sanduíche. Joshua apenas balança a cabeça.

Ele disse que não tinha família, pelo visto mentiu. O irmão só não deve morar com ele.

— Prazer Lucca! Minha irmã disse que você falou que não gostava de biscoitos e que usaria os biscoitos dela de enfeite de cozinha, é verdade? — Aurora bocuda, bocuda! Lucca solta um barulho parecido com uma risada, mas não é exatamente uma risada.

— É verdade. — Ele coça a cabeça. Tracey pega dois sanduíches na cesta e oferece um pra Lucca. Ele aceita agradecendo. Tá tão educado.

— Maya deve ter ficado uma fera. — Rora fala rindo e dando de ombros. Quando ela ficou tão tagarela com estranhos?

— Aurora! — Pego um sanduíche na cesta e praticamente enfio na boca de Rora para que ela fique quieta.

— Esses tais biscoitos são uns de maracujá? — Joshua pergunta. 

— Sim, sim. — Digo confirmando.

— Ué, mas meu irmão gosta sim! Eu fui ao apartamento dele e ele estava comendo todos! Um por um! Ficou de miséria e só me deu dois, contei até pra minha mãe! — Joshua dedura o irmão. Bom... Pra quem disse que não gostava de biscoitos, ele parece ter os adorado.

— Cala a boca, Joshua! Para de falar mentira. — Olho para o rosto de Lucca e vejo seu rosto quase avermelhado. Provavelmente é de vergonha por ter sido desmascarado. 

Não consigo segurar a risada. Começo a rir de forma descontrolada da cara que Lucca faz. Ele fica engraçado vermelho, parece um tomate em choque.

— Eu falo que ela é doida. — Aurora fala. Só consigo ver Tracey mandando ela calar a boca. Rora me encara por alguns segundos e um sorriso estranho começa a brotar nos seus lábios, e em questão de segundos ela também começa a rir do nada.

— Meu Deus! — Lucca balança a cabeça negativamente. Parece estar doido pra sair daqui. 

Tracey olha para Aurora e depois para mim, e de repente também começa a rir. Eu não sei o porquê que estou rindo tanto. Mas achei engraçada a cara que Lucca fez quando foi dedurado pelo irmão. 

Sabe aquele momento em que não existe um motivo tão engraçado pra rir, mas você sente uma vontade absurda de rir e todas as pessoas que olham para você também sentem? É exatamente isso que está acontecendo agora. 

— Você estão bem? — Lucca pergunta parecendo verdadeiramente assustado. Balanço a cabeça positivamente tentando controlar a minha risada, mas não consigo quando olho pras minhas irmãs e também as vejo rindo. — Vocês são malucas! Não é possível.

— Ai, desculpa, desculpa. — Tracey diz cobrindo a boca para tentar controlar a risada. Às vezes, nas piores situações, começamos a rir do nada. Acho que é de família.

— Joshua, vamos embora. Vai que essa doidera pega. — Lucca agarra o braço do irmão, mas Joshua imediatamente se solta.

— Não, eu quero rir também! — Joshua começa a rir de forma extremamente forçada, parece um cachorro se engasgando. Isso aumenta minha risada.

— Pelo amor de Deus, o que eu fiz pra merecer? — Lucca puxa o irmão pelo braço o fazendo levantar. Joshua o encara com cara de poucos amigos, mas não resiste quando é arrastado para longe de nós pelo irmão.

Segundos depois deles saírem, nós começamos a conseguir parar de rir. O que diabos aconteceu aqui?

— Ai, minha barriga nunca doeu tanto! Por que estávamos rindo mesmo? — Tracey pergunta com resquícios de risada na sua voz.

— Não sei. Mas foi o bastante pra colocar o vizinho para correr. Acho que ele ficou com medo da gente. — Nós três caímos na gargalhada novamente. Me deito entre a toalha e a grama encarando o céu e segurando a minha barriga. Acho que nunca ri tanto por nada na minha vida!

Olho para o lado e vejo o vizinho debaixo de uma árvore com o irmão. Os dois mexem concentrados no celular. Lucca parece perceber que estou o encarando de longe e retribui a encarada. Faço um sinal de "legal" com a mão. Ele balança a cabeça revirando os olhos e volta a encarar o celular.

E eu volto a olhar pro céu azul e bonito. Segundos depois, Aurora e Tracey se deitam também, uma do lado meu direito e outra do meu lado esquerdo. Nós três encaramos o céu.

— Ele deve ter achado que somos doidas. — Aurora diz erguendo a mão para o céu, como se pudesse fazer desenhos nas nuvens com os dedos.

— E quem disse que não somos? — Digo sorrindo.

— Verdade. Somos doidas mesmo. — Tracey diz.  Nós três rimos, e me sinto feliz por poder passar esse momento com elas. Ainda mais nesse parque que um dia fizemos um piquenique com nossa mãe.

A Culpa É Do VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora