"𝐒𝐨𝐟𝐫𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐢𝐥𝐮𝐬ã𝐨 𝐚𝐦𝐨𝐫𝐨𝐬𝐚 𝐝ó𝐢, 𝐦𝐚𝐬 𝐣á 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐮 𝐚 𝐝𝐨𝐫 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐛𝐨𝐥𝐚𝐝𝐚 𝐧𝐚 𝐜𝐚𝐛𝐞ç𝐚?"
Sábado de manhã, a casa estava um verdadeiro silêncio. Tracey e Aurora sempre tiram os finais de semana para acordar tarde e descansar. Já que normalmente acordam cedo. Uma por causa do trabalho e outra por causa da escola. Eu não tenho obrigação de acordar cedo normalmente, então final de semana não acordo tão tarde.
Acordei, fiz um café e me sentei no sofá com uma xícara. Penso em algum lugar legal para ir hoje com as meninas. Quero sair de casa um pouco. Não aguento mais ficar de casa pro trabalho e do trabalho pra casa. Sou caseira, mas nem tanto.
— Bom dia! — Tracey aparece na sala quase saltando pulinhos. Pela sua alegria, acredito que ela tem boas notícias sobre a entrevista de ontem. Ela se senta ao meu lado no braço do sofá.
— Bom dia. Vai, sem enrolações! Como foi a entrevista? — Pergunto curiosa enquanto bebo um gole de café. Humm, quentinho e no ponto!
— Ah... Normal. — Tracey diz parecendo ter de repente ficado desanimada. — Eu só fui contratada pra vaga sabe?
— Tracey!!! — Coloco a xícara na mesinha de centro e praticamente pulo em cima da minha irmã a abraçando com força. Estou tão feliz por ela! Só Deus sabe o quanto ela queria outro emprego. Ela fica o dia inteiro nesse e ainda recebe menos do que eu, e olha que eu recebo pouco. — Tô tão feliz por você!
Pagamos as contas com bastante dificuldade, mas conseguimos. Não vou mentir, um pouco mais de dinheiro para regalias extras, seria muito melhor! E Tracey merece, ela trabalha pra caramba.
— Eu também tô muito feliz por mim! — Ela coloca a cabeça no meu ombro suspirando. — Deu tudo certo. Vou tratar de resolver a minha demissão na cafeteria e provavelmente semana que vem já estou sendo contratada no novo trabalho. E recebendo um salário muito melhor!
— Você merece, irmã. Merece muito! — Dou um beijo no seu cabelo. Tracey se afasta com um sorriso empolgado de orelha a orelha.
— Nós duas merecemos. Tenho certeza que você também vai arranjar um lugar muito melhor pra trabalhar. — Ela diz. Quem me dera. Seria uma grande vitória pra mim.
— Tomara. Mas pensamos nisso depois, agora é a hora da gente comemorar o seu novo emprego! Vamos fazer um piquenique no parque central hoje? — O parque central aqui da nossa cidade é bem movimentado e legal. Ficam bastantes crianças brincando e muitas pessoas vão lá para fazer um piquenique. Tem uma vista de um lago lindo também!
— Como fizemos quando nós éramos mais novas? — Sorrio assentindo, me lembrando de uma lembrança distante.
Nossa mãe ainda estava viva e Aurora tinha nascido a pouquíssimo tempo. Minha mãe não queria ficar em casa repousando e desde o parto de Aurora ela só ficava deitada por causa dos pontos da cesárea, então ela saiu escondida do meu pai com as minhas irmãs e eu pra fazer um piquenique no parque central.
Foi tão divertido! Por anos o meu maior desejo foi que aquele dia acontecesse novamente. Só que com a nossa mãe junto, mas infelizmente é impossível.
— Vamos. — Tracey diz animada. — Precisamos organizar as coisas então!
(...)
Organizamos tudo pro piquenique. Faríamos o piquenique às duas da tarde. Então quando deu esse horário, chamamos um carro de aplicativo e descemos levando as coisas como comidas, toalhas e a cesta. Ao chegarmos no parque, o vimos bastante movimentado. Principalmente cheio de crianças brincando.
Colocamos a toalha numa parte perto do lago e tiramos as comidas colocando na toalha para começarmos a comer. Trouxemos suco, sanduíches, frutas e outras coisinhas.
— A empresa que você vai trabalhar é de quê? — Aurora pergunta mordendo com vontade uma maça.
— É de Marketing digital. O CEO é um empresário na área de aviação, mas a empresa de marketing é da família. O pai dividiu parte da fortuna entre ele e o seu irmão e eles construíram essa empresa. — Tracey explica.
— Uau! Você fez o relatório completo da empresa. — Digo brincando. Tracey solta uma risadinha.
— Ele explicou tudo pra mim. Enfim, vamos parar de falar um pouco sobre mim. Novidades Maya? — Ela pergunta. Faço uma careta pensando em algo. Uff! A minha vida é tão chata que a única novidade que eu tenho é que comprei livros que não são romances.
— Nada de interessante. Só comprei livros diferentes e encontrei o vizinho na livraria. — Mordo o último pedaço do meu sanduíche. — Ele me pediu desculpas por... — Paro de falar ao sentir uma pancada extremamente forte na minha cabeça. Por ser pega de surpresa, chego a cair pra frente com a cabeça no colo de Aurora. — Aiii! — Gemo de dor.
— Oh caramba, toma cuidado! — Aurora grita estressada. — Você tá bem, Maya? — Rora pergunta preocupada. Levanto a minha cabeça a massageando. Acho que foi uma bolada. Faço uma careta.
— Tô, mas tá doendo. Que bola dura! — Digo gemendo com um biquinho. — Deve ter sido alguma criança que estava brincando e sem querer jogou pra cá.
— Não, pior que não foi. Foi aquele cara ali. — Tracey aponta com o dedo para uma parte do parque. Olho para a direção em que o dedo de Tracey aponta e vejo um homem... Lucca? Ele me encara com um olhar de quem diz "Desculpa" Ah não! Até aqui esse cara tá? Não acredito nisso! Não é possível que desde que ele se mudou decidiu infernizar a minha vida.
Primeiro criticou os meus biscoitos e agiu como um sem educação, depois colocou música alta tarde da noite, da última vez me chamou de estressadinha e agora me deu uma bolada. Sério, ele tem algum problema comigo? Eu fiz alguma coisa pra ele e não me lembro?
— Lucca Carter. — Digo cheia de raiva semicerrando os olhos.
Se fosse uma criança tudo bem. Eu entendo, problema nenhum! Não consigo ficar com raiva de crianças fofinhas. Agora um burro velho vim jogar com tudo uma bolada na minha cabeça que chegou a me jogar para baixo, é demais! É demais! Pra mim é demais!
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A Culpa É Do Vizinho
RomansaMaya e suas irmãs Tracey e Aurora perderam a mãe muito novas. Logo em seguida, as garotas foram abandonadas pelo pai. A vida delas nunca foi fácil, principalmente para Maya, a irmã mais velha. Maya sempre fez de tudo para proteger as irmãs, e recome...