Capitulo 6

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"𝐎 𝐬𝐚𝐥á𝐫𝐢𝐨 é 𝐩𝐨𝐮𝐜𝐨, 𝐨 𝐭𝐫𝐚𝐛𝐚𝐥𝐡𝐨 é 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨."

Após sair da livraria e voltar pro apartamento, me joguei no sofá com uma sacola de livros novos

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Após sair da livraria e voltar pro apartamento, me joguei no sofá com uma sacola de livros novos. Depois do pedido de desculpas estranho de Lucca, ainda continuei procurando alguns livros diferentes. Achei alguns interessantes de fantasia e outros de ficção.

Fiquei com uma dor no coração de não ter gastado o meu dinheirinho com romances, mas tudo bem. Preciso parar um pouco de ser tão viciada em casais perfeitos e fofos que só existem nos livros.

Ouço o meu celular tocar e o pego para ver quem é. Tracey. Atendo a ligação.

— Oi, fala Tracey!— Digo. Me levanto do sofá com a minha sacola de livros novos e vou até o meu quarto para os guardar.

— Vou chegar um pouco mais tarde em casa hoje. — Tracey normalmente trabalha de manhã até as cinco da tarde. Horário em que fecha a cafeteria que trabalha.

É um grande vai e volta. Enquanto Tracey volta às cinco do trabalho, eu vou pro meu ás seis e volto só meia-noite. Acaba que em dia de semana quase não nos vemos.

— Vai em outro encontro? — Pergunto. Tiro os livros da sacola com a mão livre e vou os organizando na estante. Ao todo são cinco livros. Três de fantasia e dois de ficção.

— Não. Sabe aquele piloto? Enfim, ele marcou uma entrevista de emprego comigo, mas marcou para três horas da tarde. Eu disse que esse horário não poderia porque estou no trabalho e ele marcou pras cinco e meia. Mesmo sendo depois do expediente dele. Ele fez todo um esforço pra eu conseguir ir à entrevista. Ele foi tão legal! — Ela diz toda empolgada.

— Ah, que bom Tracey! Pode ir sem problemas. Aurora já é bem grandinha, pode ficar sozinha por um tempinho. — Na verdade, ela sempre fica sozinha no pequeno intervalo de eu sair e Tracey chegar em casa

— Ótimo. Estou ansiosa! É uma oportunidade e tanta. Vai ser tão bom seu eu conseguir ocupar essa vaga. Hãm? Não, espera! — Tracey diz o final com a voz mais afastada. — Maya, vou desligar. Precisam da minha ajuda aqui.

— Tudo bem. Boa sorte na entrevista! — Digo terminando de organizar os livros.

— Obrigada! — Tracey desliga a ligação e me sento na minha cama pensativa.

— Quando a esmola é demais o santo desconfia. — Murmuro comigo mesma. Não quis dizer isso pra Tracey para não a desanimar, mas a situação toda é muito estranha. O cara mal a conhece e chamou ela pra uma entrevista de emprego mesmo ela não sendo tão qualificada, agora fez todo um esforço para ela ir à entrevista. Ou ele gostou muito dela, ou é uma cilada.

E estou torcendo muito para ser a primeira opção! E também pode ser simplesmente nada. Às vezes eu que sou muito protetora e vejo problema em tudo. Talvez seja só uma ótima oportunidade batendo na porta da minha irmã e eu achando que tem algo de errado.

       (...)

A noite, deixei comida pronta e me arrumei para ir trabalhar. Foi muito bom as minhas curtas férias adiantadas, mas hoje chegou o dia de voltar pro trabalho.

Ao sair pro trabalho, peguei um ônibus. O restaurante fica um pouco longe da minha casa. Longe o bastante pra não dar pra ir andando. Ao chegar no meu local de trabalho, fui logo trabalhar servindo as mesas.

Depois das pequenas mudanças, o restaurante parece muito mais bonito e moderno, e também mais cheio. O que significa mais trabalho.

— Deveriam aumentar o salário. É muito trabalho pra pouco dinheiro. — Diz Paloma, uma colega de trabalho. Sempre que podemos entre um intervalo ou outro, tiramos 2 ou 3 minutinhos de fofoca.

— O dia em que eles aumentarem esse salário, vai cair um tempestade que vai derrubar isso tudo aqui antes que a gente receba! — Paloma solta uma gargalhada, mas logo para ao perceber um cliente a encarar com cara de poucos amigos.

— Sebosos. — Ela sussurra. Dessa vez quem ri sou eu, mas de uma forma bem mais baixa.

       (...)

Ao chegar em casa, me jogo no sofá com os olhos fechados. Estou morta de cansada! E de sono também. Quando não trabalho no domingo e na segunda, costumo dormir cedo. Acaba que me acostumo e fico como uma zumbi no trabalho. Graças a Deus Paloma todos os dias me traz de carro, então não preciso esperar o ônibus. Se não eu ficaria esperando o ônibus pra mais de uma hora.

Pelo silêncio as meninas já estão dormindo. Vou no quarto da Aurora só para conferir. Ela tá crescendo e às vezes quer dormir até tarde. Não ligo muito, só não quero que fique até tão tarde no celular. Mesmo amanhã sendo sábado.

Entro no quarto em silêncio e vejo Aurora dormindo. Ela está toda descoberta. Me aproximo da cama e a cubro de volta. Ela se mexe muito de noite. Me lembro quando ela era muito criança e tinha um pesadelo e ficava com medo de dormir sozinha. Ela sempre ia pro meu quarto e o de Tracey e pedia para dormir com a gente. Já que na época ela já não tinha uma mãe pra isso.

Pela minha cama ser um pouco maior do que a de Tracey, Aurora normalmente dormia comigo. De noite, ela sempre me abraçava bem forte e falava "eu te amo, irmã."

— Eu te amo, irmã. — Sussurro me lembrando do que ela dizia. Sorrio. Sinto um aperto no coração ao me lembrar que ela está crescendo, se tornando uma mulher. É isso que as mães sentem quando veem o seu filho crescer?

De uma certa forma, eu fui um pouco mãe de Aurora. De Tracey nem tanto porque ela sempre foi apenas dois anos mais nova do que eu, já Aurora é bem mais nova. Sem os nossos pais e com a nossa tia sempre trabalhando, a educação de Aurora ficou por minha conta, e... Acho que mandei bem. Acho não, vendo a pessoa incrível que ela se tornou hoje. Eu tenho mais do que certeza.

Saio do quarto de Aurora indo para o meu. Quero muito saber como foi a entrevista de Tracey, mas não vou a acordar só para isso. Amanhã fico sabendo!

Vou para o meu quarto e me deito para dormir. Vou propor dar um passeio com as meninas amanhã, que no caso é hoje porque já passou da meia noite. Já que Tracey não trabalha amanhã e Aurora não tem aula. Preciso sair um pouco desse apartamento pra arejar a mente.

A Culpa É Do VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora