Capitulo 3

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"𝐀 𝐦ú𝐬𝐢𝐜𝐚 𝐞𝐱𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐚𝐥𝐭𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐨𝐬𝐨𝐟𝐢𝐚 𝐧𝐮𝐦𝐚 𝐥𝐢𝐧𝐠𝐮𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐫𝐚𝐳ã𝐨 𝐧ã𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐫𝐞𝐞𝐧𝐝𝐞"

"𝐀 𝐦ú𝐬𝐢𝐜𝐚 𝐞𝐱𝐩𝐫𝐢𝐦𝐞 𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐚𝐥𝐭𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐨𝐬𝐨𝐟𝐢𝐚 𝐧𝐮𝐦𝐚 𝐥𝐢𝐧𝐠𝐮𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐫𝐚𝐳ã𝐨 𝐧ã𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐫𝐞𝐞𝐧𝐝𝐞"

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Pela manhã, passei na loja de tintas e comprei tudo que precisava. Pintaríamos apenas os quartos, porque gostamos da cor dos outros cômodos.

Como Aurora quis, seu quarto seria pintado de dourado. O meu eu pintarei de lilás e o de Tracey vai ser branco. O quarto de Aurora e o meu também teria algumas paredes brancas.

Sei que vai ser uma confusão para pintar esses quartos, mas tudo bem. Quero passar o natal com a casa bem linda!

Após comprar as tintas, voltei para casa e fiz o almoço. Varri o apartamento, lavei algumas roupas e por fim assisti um pouco de novela. Minha segunda maior paixão depois de ler!

O resto do dia passou bem rápido, e às quatro e pouco da tarde, Aurora chegou da escola. Ela está no Freshman, o nono ano. Aurora tomou banho e fez algumas coisas no seu quarto. A noite, ela se juntou comigo na sala após o jantar.

— Como foi a aula? — Pergunto. Aurora se senta no sofá e me encara em silêncio. Parece bastante pensativa. - O que foi? - Pergunto preocupada.

— Você esqueceu que dia é hoje? — Fico confusa. Bom, hoje é quinta feira. Mas não tem nada de especial que eu saiba.

— Quinta feira? — Digo meio incerta.

— O aniversário do nosso... Pai. — Aurora fala com dificuldade. Ah!.. Me esqueci disso. Faz tantos anos que não comemoro por não ver o aniversariante, que apaguei completamente essa data da minha memória.

— Eu tinha esquecido. — E preferia não ter lembrado. Carrego uma mágoa do meu pai. Nem sei se ele merece ser chamado assim.

Sei que não deve ter sido fácil pra ele perder a esposa, mas acredito que qualquer pai que ama as filhas, não as abandonaria. Ainda mais sabendo que elas já perderam a mãe.

— Às vezes. — Aurora dá uma pausa. Ela recomeça a falar encostando a cabeça no sofá e encarando a parede. — Às vezes eu me pergunto se ele ainda se lembra da gente.

Fico em silêncio. Nem eu sei essa resposta. Acho que deve ser impossível se esquecer que teve filhas, mas mesmo sabendo disso, sei que pra ele é como se nunca tivéssemos existido.

— Por que está pensando nisso agora? — Pergunto. Aurora era nova quando nosso pai nos abandonou. Pra mim o mais difícil foi ver ela tão pequena e indefesa querendo saber porque o "papai" não voltava.

— Eu penso nisso todos os dias. — Confessa. Sinto o meu coração se apertar. Não queria que ela tivesse que passar por isso. - E até hoje não encontrei uma resposta.

— Vem cá. — Dou batidinhas no meu colo. Aurora se mexe e se deita com a cabeça no meu colo. Ela age de forma tão adulta às vezes que esqueço que é só uma adolescente. - Talvez ele não tenha aguentado a pressão.

— E ele não pensou na pressão que a gente estava passando por perder nossa mãe? — Começo a acariciar o cabelo loiro de Aurora. Algo me diz que seus olhos estão marejados.

— Eu não sei, Aurora. Não sei mesmo. Mas o que eu sei é que a gente se virou muito bem sem ele. Tanto que eu praticamente nem sinto falta. — Aurora vira a cabeça para me encarar.

— É verdade? — Engulo seco. Mentira. Me acostumei com os anos, mas falar que não sinto falta de ter um pai, é uma grande mentira. O que eu mais queria era ter meus pais comigo.

— De qualquer forma. Nós estamos bem, não estamos? — Aurora resmunga um "sim" — Não temos nossa mãe e nem um pai. Mas temos nós duas e Tracey! Nós somos a nossa família, nossa família de três irmãs que se amam demais! E é isso que importa, ok?

— Ok. — Ela sussurra. Continuo fazendo um cafuné na sua cabeça enquanto penso no que Aurora disse.

Assim como ela, sempre me perguntei o porquê do nosso pai ter nos abandonado. Enfim, com os anos percebi que não adiantaria nada eu me questionar ou até mesmo me culpar.

Os minutos se passam e ouço Aurora começar a roncar. Dormiu. Saio do sofá com cuidado para não a acordar. Vou até o seu quarto, pego um cobertor e a cubro. O sofá é bem macio então vou deixar ela dormir aqui mesmo. É bom ela descansar e não ficar pensando nessas coisas.

(...)

Deixei Aurora dormindo no sofá e tentei dormir. Mas se tornou impossível quando uma música alta começou a tocar no apartamento ao lado. Aurora tem o sono tão pesado que nem percebeu e continua roncando.

Estou bebendo um pouco de água enquanto torço para o barulho diminuir, mas nada! Não acredito que falta tanta noção no novo vizinho ao ponto de colocar música alta essas horas.

Os minutos se passam e a música continua. Tento dormir, mas não consigo devido ao barulho. Que saco! Não posso nem dormir em paz. Coitada de Ashley e sua avó. Também devem estar odiando essa barulhada toda.

Quer saber, eu vou reclamar com esse tal de Lucca e pedir para ele baixar essa música. Estou no meu direito, está nas regras do prédio! Não é porque ele é novo aqui que tem que ter o privilégio de tirar o sono dos outros.

Estou tão irritada que nem me dou o trabalho de me ajeitar. Vou até à porta do apartamento dele com um pijama brega de nuvens e um coque totalmente desajeitado que está quase se soltando.

Bato com força na porta. Com a altura dessa música, só quase arrombando a porta pra ele ouvir. Bato novamente, e só então a porta é aberta. Aberta... Por uma garota morena. Percebo que está acontecendo uma festa no apartamento. Caramba! Eu imaginei ele só estava ouvindo música sozinho. É pior do que imaginei.

A garota que parece meio bêbada começa a gargalhar, e só depois entendo o porquê. Meu pijama!

A Culpa É Do VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora