Capítulo 8 - Olhos de águia.

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Alerta: cenas exclusivamente sexuais nesse capítulo. Se você não gosta do conteúdo sexual, por favor, pule!

Enid Sinclair: Point of View.

Eu realmente não costumo me gabar ou sequer falar da minha sexualidade, acredito que possa ser algo mostrado por algumas pessoas — que desejam —, mas com a minha pouca necessidade de me assumir, raramente as pessoas sabiam a quem meus beijos com garotas até agora pertenciam. Pouca necessidade de se assumir não significa medo, então, por ser popular, acho que era de meu costume me fechar.

Todos conhecem uma Enid que eu formei. Como sempre tento ser ou reforçar que sou, aquela em que meu nariz é empinado, dá as melhores festas, tem o melhor guarda roupa, a líder de torcida que agora namora com a garota facilmente mais gótica e anti-social do colégio. Mas ninguém conhece a Enid na época em que eu estava me descobrindo, a época em que girar a garrafa numa festa de verdade e desafio se tornou a coisa mais divertida. Ou talvez em que sete minutos no paraíso — aquele jogo onde ficamos sete minutos presas num armário esperando que a outra pessoa que também está presa conosco nos beije, ou faça melhor  — não tinha nenhum problema em ser com garotas. Inclusive, era minha preferência.

Mas Yoko Tanaka conheceu todas essas minhas fases. Inclusive, ela não era tão conhecida pela escola. Todos sabiam que naturalmente ela era minha amiga e de Bianca. Mas, pessoalmente, eu e meu coração conhecíamos ela como a primeira garota. Aquela que tinha tido meus primeiros beijos e quase uma primeira vez. Quase. 

Em seu rosto com pouca maquiagem hoje, havia uma expressão de deboche, enquanto suas mãos ainda estavam em volta de minha toalha. Sua sobrancelha estava levantada, perfeitamente organizada e penteada para cima. E seus cabelos marrons estavam reunidos em um rabo de cavalo arrumado. Ela cheirava a classe. E, por ter vinte centímetros a mais do que eu, levanto levemente minha cabeça para olhá-la.

— Agora que a princesinha tem namorada, eu não importo mais? — Yoko diz, fazendo um biquinho e deixando que minha toalha caia no banco extenso de madeira, onde geralmente as meninas sentam para esperar a vez na ducha. Ela dá passos para a frente, vestindo o uniforme comum da escola na versão branca, me encurralando contra o banheiro vazio do box.

— Não é assim... Yoko, eu— Eu tento falar, mas ela me corta no mesmo momento ao chegar cada vez mais perto. Ela nem precisava colocar literalmente a mão sobre a minha boca, mas sentir a sua respiração de hortelã por perto já enviava sinais para outras partes do meu corpo que eu claramente não conseguia controlar nesse momento como desejava. Seus olhos estavam em mim como se eu fosse algo que ela queria por muito tempo, como se esse momento tivesse sido planejado. Sem medo de se molhar, ela permanece chegando mais perto ainda, colando o seu corpo coberto por uniforme com o meu corpo nu. 

Um de seus joelhos me obriga a abrir as pernas, que até então estavam fechadas, e minhas mãos paralisam como geleia do meu lado. Eu não conseguia empurrá-la. Não era porque eu não queria que isso acontecesse, eu queria que ela me tocasse. Eu queria que a primeira garota dos meus beijos me tocasse. Não era um lugar adequado, mas o calor que me inundava no momento não poderia esperar. 

Atrapalhando meus pensamentos, Yoko finalmente cola os nossos lábios. Uma de suas mãos segue para minha nuca, tocando as madeixas loiras molhadas sem se importar que elas estavam encharcadas de água. A sua intenção era me puxar para perto, para começar a batalha de línguas que me fez gemer de mansinho contra sua boca.

— Eu senti falta de beijar você, mas ver você nua... — A sua outra mão livre segue para um dos meus peitos, médios ao ponto de encher a mão para que ela apertasse. Meu núcleo gritava por toques, desde quando eu passei a ser tão necessitada?  A minha respiração já estava descontrolada, minha cintura fazendo movimentos de vai e vem contra o joelho de Yoko, como se eu estivesse pedindo por mais. — Você quer que eu te foda aqui, garota pervertida?

— Deus, sim. Eu quero. — Minha voz confusa não passa de um sussurro, revelando mais ainda minha necessidade, agora, publicamente e em bom som. 

O que estava acontecendo comigo parecia indescritível. Eu tinha ficado molhada em segundos, escorregando pelo seu joelho da forma que eu queria que seus dedos estivessem escorregando dentro de mim. Era louco querer algo sem saber a sensação. Mas toda a minha pele queimava, era como se eu estivesse febril, e que seus toques me deixassem a beira de um colapso da melhor forma que poderia se imaginar um. A garota de cabelos morenos não me beija mais, sua boca se concentra agora no meu pescoço e faz uma linha de zigue e zague até encontrar meu seio. Mordiscá-lo só é uma tortura maior, me fazendo gritar. Minhas mãos não perdem tempo, indo até o seu rabo de cavalo e puxando-o, um aviso para que ela continue o serviço de uma vez. 

Como se pudesse obedecer a minha ordem silenciosa, a sua mão que não estava mais em minha nuca desce pelas curvas de minha cintura, passando pela minha barriga e chegando até o meu clitóris. É preciso que eu sufoque um grito quando ela mostra que não teria nenhuma pena de mim e começa uma masturbação rápida no meu ponto de prazer. Seus dedos se abaixam para a minha entrada, mas ela nem ameaça colocar nenhum dedo, apenas espalha minha lubrificação por toda a minha buceta até continuar massageando. Com essa garota me enlouquecendo, a boca trabalhando tão bem no meu mamilo e os dois dedos me massageando sem parar, eu estava cada vez mais aberta pra ela, cada vez mais perto do precipício.

Meu aperto aumenta mais ainda no seu rabo de cavalo, enrolando-o em meus dedos como se eu precisasse desse puxão para estar em pé. Minhas pernas já fraquejavam, e o Yoko estava indo tão rápido que meus olhos já fechavam, permitindo que eu relaxasse e gozasse em seus dedos. 

A sensação me dominou de uma maneira tão forte que meus gemidos saiam descoordenados, sem intenção, mas porquê eu não conseguiria me concentrar em qualquer outra coisa que não fosse rebolar contra os seus dedos e receber o prazer, tomando tudo que eu pudesse. 

— Yoko... Isso. Nossa. — Assim que os meus olhos se abrem, eu consigo ver Wanda Addams parada do outro lado, segurando a porta do vestiário com os seus olhos escuros inconfundíveis. Ela me encara como se não fosse mais ela. Sua encarada mostrava que a raiva estava tomando conta. 

Só se completa mais um segundo até que Yoko se levante e tire os lábios do meu seio e as mãos de mim, rindo. Enquanto isso, Wanda continua lá, parada, até que Yoko olha para ela e as encaradas são fatais. A encarada de uma predadora, com aqueles olhos de águia intensos e mortais.

Mentiras de momento (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora