🧧Capítulo 20🧧

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  Capítulo 20:    Arco do passado

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Capítulo 20:    Arco do passado.
 
 Numa época não muito distante onde celulares e redes sociais não existiam, um jovem príncipe seguia a vida como seus pais haviam planejado para ele.
 
   O jovem príncipe Tiang, ou Tang para os íntimos tinha dezesseis anos quando foi chamado ao escritório do pai Rei Wang . O alfa Lúpus era herdeiro do trono de GusuLan e segura à risca tudo o que lhe foi ensinando desde o seu nascimento. Suas obrigações com o povo devem superar seus desejos pessoais. Assim era a vida de um rei, ou futuro rei.
 
    O garoto parou diante da porta do escritório e deu uma última olhada em suas vestes antes de entrar, sempre esteve impecável diante dos pais. O rei Wang era um alfa robusto de cabelos grisalhos, não era nenhum ditador ou pai ruim, mas era alguém bem rígido e seguidor das normais reais. Ele respirou fundo antes de bater na porta e entrar.
 
      — Mandou me chamar pai? – com uma postura impecável ele se aproximou da mesa  do pai e notou o general ao seu lado.
 
      — Filho, que bom que suas aulas já terminaram. Eu preciso que você me represente na inauguração de um hospital na cidade de Yummeng. Infelizmente eu não poderei ir pois tenho assuntos mais urgentes a tratar neste momento. Você ficará apenas dois dias. – o alfa explica e o rapaz assente.
 
     — Sim, pai.
 
    — Prepare um discurso adequado e mantenha sua conduta. Sei que não preciso dizer algo assim para você, certo? – o rei confiava plenamente na criação que deu ao filho.
 
    — Não se preocupe, não vou causar nenhum problema.  – Disse se curvando.
 
    — Sei que não, filho. Você sempre foi um alfa decente e sempre me deu orgulho. Agora vá e prepare seu discurso.
 
     — Com sua licença. – ele se curva e deixa a sala.
 
  O rapaz seguiu pelos corredores até seu quarto, chegando lá notou sua mãe e algumas criadas arrumando sua bagagem.  
 
     — Mãe!
 
     — Meu querido, seu pai me avisou sobre a viagem então quis eu mesma ajudar a preparar sua mala. Animado por viajar sozinho? – a ômega indicava para as servas as coisas que deviam guardar.
 
    — São apenas duas horas de viagem de carro até lá, não há necessidade para tanto  eu poderia voltar no mesmo dia. – ele sentou-se e observou a ômega circular pelo quarto.  Sua mãe era tão gentil e graciosa até mesmo fazendo coisas simples como dobrar roupas.
 
    — Eu sei que  sim, Yummeng é uma cidade pequena,  mas é uma das maiores produtoras de grãos do país. Provavelmente seu pai acha importante que o povo as cidade seu apoio. E como você nunca foi até lá ...
 
     — Devo mostrar meu respeito à cidade. – ele conclui.
 
    — Exatamente. Tenha uma boa noite de sono e partirá logo cedo. – a ômega deixou um breve selar na testa do filho e  deixou o quarto.
 
    Assim que ficou sozinho o jovem alfa seguiu para a pequena varanda de seu quarto de onde olhava as luzes da cidade ao longe. Como príncipe existiam muitas coisas das quais ele não poderia fazer, uma delas era sair para festas que não fossem oficiais e nunca sair desacompanhado. Coisas como sair a noite pela cidade como os jovens de sua idade não era possível para si.
 
    Há alguns anos grupos anti-monarquia estavam aumentando e sua segurança era prioridade, afinal ele era o futuro rei. Futuro da nação. Sabia apenas que em algum momento uma ômega seria designada para ser sua esposa e com ela teria um herdeiro e assim garantir a próxima geração.  Seria rei até o último suspiro de sua vida e seu primogênito  seguiria seus passos, um ciclo vicioso que nunca termina.
 
      Obediente, assim se resumia a vida do alfa.  
 
Quando amanheceu  Tiang já estava devidamente vestido e seu grupo de guarda Costas à postos. Ele se despediu adequadamente de seus pais e seguiu viagem com quatro guardas costas e um acompanhante que fazia a vez  como assistente, mas para ele era apenas um babá. Como todo jovem de dezesseis anos e hormônios em ebulição ele precisava ser vigiado. O rei não podia deixar que o filho se perdesse ou desse um mal passo, todo o futuro da nação dependia dele.
 
       A viagem foi relativamente tranquila, seu acompanhante lhe dizia todos os protocolos a serem seguidos mesmo que ele já soubesse todos de cor. Quando chegaram a cidade notou que as ruas pareciam lotadas demais para aquele horário da manhã.
 
      — Porque há tantas pessoas tão cedo? – perguntou ao beta.
 
      — De acordo com meu relatório, a inauguração do hospital coincidiu com o aniversário da cidade.
 
O príncipe não disse mais nada por um tempo, quando o carro parou em um semáforo e ele olhava para fora da janela viu um grupo de crianças que dançavam em uma praça,  havia algumas pessoas tocando música ao vivo e foi quando sua atenção foi completamente tomada.
 
    Um jovem se juntou ao grupo de crianças, ele tinha cabelos na altura dos ombros  e uma fita vermelha os prendendo. O rapaz tinha um sorriso enorme e realmente parecia se divertir dançando com as crianças, Tiang não conseguiu tirar os olhos dele. Quando o carro voltou a andar foi inevitável para virar seu corpo completamente enquanto o carro se movia e ele não queria perder o rapaz de vista.  Assim que dobraram a esquina  sua visão foi quebrada e ele voltou a sua postura anterior. Seu acompanhante lhe encarava e o príncipe apenas continuou em silêncio  olhando para o horizonte.
 
     Alguns minutos depois eles chegam ao hospital  recém construído. Haviam algumas pessoas no local esperando o príncipe chegar, talvez por ser uma cidade pequena não havia tantos repórteres como de costume o que agradou muito o príncipe.  
 
     Assim que desceu do carro foi cercado por seus seguranças, ornou-se de um sorriso e acenou para aquelas pessoas que estavam por ali. Adentrando ao local foi recebido pelo prefeito e alguns políticos  locais.
 
    — Vossa Alteza, seja bem vindo a Yummeng.  – o homem  de meia idade se curvou em respeito assim como seus convidados.
 
      — Muito obrigado pelo convite. Meu pai lamenta por não ter vindo pessoalmente, mas espero que minha presença possa alegrar  seu povo.
 
    — Nós que agradecemos, Vossa Alteza. Sei que você deve ser muito ocupado e mesmo assim tirou um tempo para vir até aqui. Preparamos um pequeno tour para que conheça nossa nova instalação. – dito isso o alfa começou a mostrar cada canto do hospital.
 
    O príncipe foi avaliando com cuidado as alas separadas e onde todo o dinheiro foi investido. Apesar da pouca idade ele estava bem familiarizado com a economia do seu país.
 
    Depois de meia hora eles foram até um auditório onde o príncipe iniciou seu discurso. Um discurso curto de quinze minutos foi o suficiente para manter o público entretido. Um coquetel em honra ao príncipe foi servido depois da inauguração e o prefeito fazia as apresentações sobre os convidados.
 
     Alguns minutos depois Tiang viu a porta do salão se abrir e o mesmo jovem que havia visto na praça a uma hora atrás. Ele veio em sua direção e o príncipe não conseguiu tirar os olhos dele, o mesmo sorriso encantador de antes e parou ao lado do príncipe.
 
     — A-Khang, onde você estava? Está atrasado, sabia? – o prefeito reclamou com o rapaz e se voltou para o príncipe.  — Vossa Alteza, me perdoe por isso, mas meu filho é um pouco cabeça de vento. 
 
    Khang então se voltou para o Lúpus e se curvou.
 
     — Me desculpem pelo atraso. Eu acabei preso no trânsito. – mentiu na cara dura e o príncipe esboçou um sorriso pequeno.
 
  Inesperadamente, Tiang esticou sua mão para o rapaz.
 
     — É um prazer conhece-lo, jovem Xiao. – assim que tocaram suas mão o príncipe notou que o rapaz era um alfa.
 
      Céus! Seu coração batia tão rápido que Khang riu como se tivesse percebido, o príncipe rapidamente soltou sua mão desviando o olhar. Uma música ao vivo começou a ser tocada distraindo os convidados.  
 
       Hora ou outra o príncipe olhava para o rapaz que conversava animado com as pessoas que estavam ali. Depois de algum tempo ele retornou para o lado do Lúpus.
 
       — Gostando da cidade, Vossa Alteza? Sei que não é igual aos grandes eventos da capital ou os bailes do Palácio.
 
      — Está muito mais divertido, as pessoas são gentis aqui.  
 
     — Se quiser eu posso te mostrar a cidade, sair um pouco desse hospital. Tem coisas mais legais por aí. – o alfa disse sem tirar os olhos do príncipe.
 
      — Desculpe. Mas eu não tenho permissão de sair sem meus guardas e meu acompanhante. – desculpou-se constrangido.
 
     Khang sorriu e verificou se estavam distantes de outros olhos e ouvidos.
 
     — Eu perguntei se você queria conhecer a cidade, se quiser eu dou um jeito de me livrar dos seus guardas. – sussurrou um pouco mais perto da orelha do Lúpus. 
 
     — Oh... eu...
 
     — Pense nisso.
 
Uma jovem ômega se aproximou e disse algo no ouvido de Khang e logo saiu.
 
      — Alteza, me desculpe sair assim, mas tem um dia lindo lá fora. Mesmo que a paisagem aqui esteja realmente linda hoje. – o príncipe entendeu aquilo como um flerte, mas não estava acostumado com aquele tipo de coisa. Sentiu seu rosto corar.
 
     Quer dizer, não era incomum que as jovens ômegas da corte flertassem com ele em eventos do Palácio. Seu próprio pai disse que alfas Lúpus são impulsivos por natureza e que era normal desejar estar com alguém, porém devia saber se resguardar. Desonrar uma ômega pelos próprios caprichos era pior que um crime. O jovem príncipe sempre acreditou que por isso nunca havia se interessado por ninguém, mas agora ele não conseguia tirar seus olhos do alfa ao seu lado.
 
    Khang disse algo para pai e depois se voltou para o príncipe.
 
     — Espero te ver novamente, alteza. – disse antes de sair correndo dali.
 
O restante do dia passou como um perfeito borrão para o jovem príncipe, ele e sua equipe foram para o único hotel da cidade.
 
     — Alteza, nós já verificamos todo o seu quarto. Esta tudo seguro.  Deseja algo mais? – disse o acompanhante do príncipe.
 
     — Eu estou cansado, por favor descansem e não me incomodem até amanhã. – pediu gentilmente.
 
     — Sim, alteza. – o acompanhante deixou o  quarto e o rapaz jogou-se na cama cansado.  
 
O alfa olhava para o teto lembrando da cena de Khang dançando entre as crianças. Aquela palpitação estranha em seu peito, a sensação borbulhante em seu estômago e como seu sorriso vacilava sempre que pensava sobre ele.
 
    — O que será isso? – sentou-se num rompante. — Céus!  O que eu estou fazendo?! Ele é um alfa.
 
Ele ficou repetindo e repetindo aquilo por um tempo como se precisasse reafirmar que não deveria pensar no filho do prefeito.
 
   Estava tão distraído com seus pensamentos que assustou-se quando viu alguém se pendurando na varanda no quarto.
 
          — Ahhhh! Guar....— Khang correu rapidamente até ele tampando a sua boca.
 
         — Ficou maluco? Sou eu, Xiao Khang. – o príncipe olhava incrédulo para o outro alfa. Logo os guardas começaram a bater na porta de maneira agitada.
 
      — Alteza! Vossa Alteza está bem?
 
       — Abra a porta, Vossa alteza! – gritou seu acompanhante. — Ouvimos gritos, Vossa alteza! Abra a porta.
 
       — Viu? Agora você estragou tudo. — Khang tirou a mão da boca do príncipe. — Porque tinha gritar?
 
      — Você invadiu meu quarto.
 
      — Vossa alteza, vamos arrombar a porta. Não se preocupe.
 
       — Droga, se meu pai descobrir eu nunca mais vou sair de casa. – ele sussurrou. Khang era travesso desde pequeno.
 
       — Eu estou bem, apenas me assustei com um inseto.
 
       — Abra a porta, alteza. Precisamos verificar se está tudo bem.
 
       — Se esconda debaixo da rápido, vou impedi-los de entrar. – Khang obedeceu rapidamente e foi para debaixo da cama e o príncipe começou a tirar suas roupas ficando apenas de calças e foi até a porta. Ele respirou fundo algumas vezes antes de abri-la.
 
       — Alteza, nós ouvimos... – o acompanhante do príncipe ia dizendo já entrando no quarto quando viu a falta de vestes do monarca e rapidamente virou de costas para ele assim como  os guardas. Eles não tinham autorização para vê-lo daquela maneira.
 
      — Eu disse que estava tudo bem. Apenas me assustei com um inseto enquanto trocava de roupas. Pedi para não ser incomodado, não foi?
 
     — Perdão, alteza. Vamos deixa-lo descansar.
 
    — Obrigado. – ele fecha a porta rapidamente. Ele leva as mãos aos cabelos suspirando cansado. Tiang realmente odiava mentir.
 
 O Lúpus foi até a cama colocando a camisa novamente e levantou a colcha da cama.
 
     — Você já pode sair.
 
   Com a ajuda do príncipe o rapaz saiu de seu esconderijo.
 
       — Valeu, alteza. Por um momento achei que fosse sair daqui preso. – disse ajeitando suas roupas.
 
      — Mas o que veio fazer aqui a esta hora?
 
       — Eu disse que ia te mostrar a cidade, vamos ? – ele segurou a mão do Lúpus e o levou até a janela.
 
      — O que pensa que está fazendo? – entre tantos protocolos um dos mais seguidos era  que ninguém além dos pais e familiares poderia toca-lo.  No entanto, aquele rapaz fazia coisas como se não soubesse, mas a eletricidade que percorria por suas veias era ainda mais excitante.
 
      — Não vamos conseguir sair pela porta da frente e o festival das lanternas vai começar a meia noite. Se nós apressarmos poderemos ver tudo do lago.
 
Tiang não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo.
       — Se não quiser ir tudo bem,  mas vai perder uma bela festa.
 
      — Eu... eu não posso. Vou estar em problemas se me virem por aí. – falou envergonhado já que ele não tinha  permissão de sair sem guardas.
 
      — Então não seja visto. — Khang indicou sua mão para o alfa segurar a juntos descerem pelas trepadeiras  que ornavam as paredes do pequeno hotel. O príncipe olhou para a porta de seu quarto indeciso sobre o que fazer, mas bastou um sorriso de Khang para ele acompanhar o rapaz.
 
   Com muita cautela o notar desceu sendo ajudado pelo outro e assim que chegaram ao solo notou a bicicleta do alfa encostada na parede. Khang pegou uma máscara com desenhos antigos e uma capa e colocou no príncipe, depois fez o mesmo com outra capa.
 
       — Pronto, agora ninguém vai te reconhecer. Vamos. – ele montou na bicicleta e indicou que o Lúpus fosse para a garupa. Tiang nunca havia andado na garupa  de ninguém antes, a verdade era que ele mal sabia andar de bicicleta. Ainda de maneira desajeitada ele subiu na bicicleta e Khang começou a pedalar.
 
      O príncipe ainda não conseguia acreditar que estava quebrando as regras, mas incrivelmente ele não conseguia se sentir culpado quando naquele momento conseguia ouvir como aquele alfa sorria pela travessura.
 
        Cinco minutos foram o suficiente para que chegassem ao centro da cidade. Khang encostou a sua bicicleta em um beco qualquer e saíram andando entre as pessoas. A maioria delas usavam fantasias, máscaras e adereços.
 
      — Todos o anos meu pai promove o festival das lanternas em comemoração ao aniversário da cidade. Há muita música e comida boa, vocês também comemoram assim? – perguntou próximo já que a música era alta e tinham muitas pessoas ao redor.
 
      — Eu não posso sair em eventos assim, é perigoso.
 
     — Então está é seu primeiro festival de rua? – o príncipe assentiu. — Aya, então temos que fazer dele inesquecível.
 
Animado o alfa segurou na mão do Lúpus e correram entre a multidão. Khang levou o príncipe para provar várias comidas rua, brincar nos jogos espalhados pela feira e até o levou para uma roda de dança.  Khang podia não ver por trás da máscara do príncipe, mas ele tinha um sorriso que jamais havia dado antes.
 
    — Vão soltar as lanternas em menos de uma hora, precisamos nos apressar. – eles voltaram até onde a bicicleta do rapaz estava e Khang o levou para outro lugar.
 
       Foram pouco mais de quinze minutos pedalando por uma trilha escura e completamente deserta. Em alguns momentos o pobre príncipe pensou que estava indo para a morte e se fosse estava feliz por tudo o que tinha acontecido antes.
 
          — Chegamos! – ele parou a bicicleta e a encostou em uma árvore, deixou a máscara e capa na cesta de vime que tinha na frente e o príncipe acompanhou.
 
         — Onde estamos exatamente?   
 
       — No meu lugar preferido de todo o mundo. – eles andaram por poucos metros até chegarem a beira de um lago.
 
 A lua cheira era refletida no lago o deixando com uma cor prateada, era realmente uma bela visão.
 
     — Eu sempre venho aqui quando estou triste ou irritado, esse lugar me acalma. Essa é a primeira vez que eu trago alguém até aqui.
 
     — É realmente lindo. 
 
   Eles sentaram no chão observando as estrelas.
 
     — Eu nunca tinha visto estrelas tão lindas assim. Na cidade não é possível vê-las dessa maneira, há muita poluição e luzes artificiais. Obrigado por me trazer até aqui.
 
      — Eu sabia que você ia gostar. — Khang ainda olhava para as estrelas quando respondeu. 
 
     — Eu posso te perguntar uma coisa?
 
      — Claro.
 
      — Porque usa uma fita vermelha nos cabelo?
 
     Khang se vira para o príncipe. 
     — Pertenceu a minha mãe. Ela faleceu no ano passado por causa de uma doença no coração. Eu prometi a ela que a usaria até que eu fosse servir (exército) porque aí serei obrigado a cortar meus cabelos. — Ele explicou de maneira leve. 
 
     — Eu sinto muito. – se solidarizou.
 
     — Está tudo bem, mas obrigado. – Khang sorriu pequeno voltando seu olhar para o lago. — Eu quero nadar.
 
      — Agora ?
 
     — Sim. Nós corremos bastante hoje, quero me refrescar. – o rapaz logo se levantou começando a tirar as roupas.
 
    — Espere! O que você.... está fazendo? – o Lúpus estava chocado com a ousadia do rapaz.
 
      — Que mal há? Só estamos nós dois aqui e ambos somos alfas. — estando completamente despido ele corre até a água  pulando em seguida.
 
    Tiang agradeceu por estar escuro o suficiente para que o outro não visse seu rosto corado.
 
       — Tenha coragem,  alteza.  Tenha Coragem.  
 
 O Lúpus começou a tirar suas roupas timidamente e mergulhou no lago. Khang tinha razão,  a água do lago era  morna e agradável.  Logo eles começaram a brincar jogando água um no outro.  Em certo momento Khang mergulhou e não voltou para  a superfície. O príncipe começou a ficar desesperado por não ver o rapaz.
 
      — Jovem Xiao?  Jovem Xiao?  Cadê você? – ele olhava de um lado a outro. — Xiao Khang? Khang?  
 
      — Buu. —  o rapaz emergiu na frente do Lúpus, tão perto que podiam se tocar.
 
      — Você me assustou. Me deixou preocupado.
 
Khang estava lá parado diante do príncipe, olhando cada detalhe do rosto fielmente esculpido pelos deuses.
 
     — Você sentiu, não sentiu? – disse baixo.
 
     — O que?
 
     — Quando eu entrei naquele auditório e nossos olhares se cruzaram. Meu coração bateu tão rápido que eu achei que estivesse morrendo. Você sentiu ? – O alfa se aproximou ainda mais do príncipe. — Estou errado, alteza?
 
      — Não. –  admitiu constrangido. Porém, aquele garoto tinha o dom de arrancar de si sensações que ele não sabia que tinha.
 
      — Alteza, seus olhos ... estão dourados. — o príncipe desviou o olhar, mas Khang segurou seu rosto o fazendo encara-lo novamente. — São lindos.
 
Munido de uma coragem inexplicável Tiang tocou o rosto de Khang e o puxou para um beijo. Novamente os corações dos dois adolescentes batiam loucamente, o beijo que começou desajeitado agora encontrava o próprio  ritmo. Quando se deram conta  o céu estava iluminado  com as lanternas que foram soltas no centro da cidade.
 
       — Me desculpa. Eu fiz sem pensar. — o príncipe  disse, mas Khang riu.
 
        — Eu não vou me desculpar. — Ele voltou a tocar o rosto do príncipe.  — Talvez ... não, eu quero isso.
 
O alfa rodou seus braços ao redor do pescoço do Lúpus e voltou a beija-lo. Dessa vez, já não havia timidez com o ato. Um duelo feroz entre lábios e línguas  faziam os dois jovens gemerem de maneira contida. Foi inevitável que seus corpos reagissem a isso.
 
      — Não sabia que você tinha trazido uma espada para o lago, alteza. – Khang disse e logo o príncipe se deu conta de seu estado.
 
     — Me...
 
      — Não peça desculpas, estou feliz por ser o responsável por isso. — Khang sob o olhar atento do Lúpus deslizou  sua mão pelo abdômen até chegar ao seu membro.
 
    — Jovem Xiao... eu ... nunca...
 
    — Nem eu. – respondeu sabendo onde ele queria chegar. — Alteza...
 
     — Tiang! Me chame pelo meu primeiro nome.
 
     — Tiang, se você quiser ir embora eu entenderei, mas eu não quero me arrepender depois por não ter feito o queria.
 
     — Eu sou um Lúpus. – Disse na intenção de colocar o mínimo de juízo no alfa.
 
     — Sei disso, dominantes por natureza. – o príncipe colocou o rapaz em seu colo.   
 
     — Exatamente.    
  Relacionamentos entre dois alfas eram proibidos em muitos lugares, eram vistos como anormais já que dois alfas não poderiam constituir família natural. Mas naquele momento os dois adolescentes  não pensaram em nada, sequer lembraram desse detalhe. Tudo o que eles queriam era aproveitar aquele momento que talvez seria o último entre eles.  
 
    Então,  ali dentro daquele lago e tendo apenas a lua e as estrelas como testemunhas o jovem casal selou aquele amor que duraria toda uma vida.  
 
   Tiang nunca havia desejado ninguém antes em sua vida ao conhecer Khang ele entendeu a razão. Um alfa Lúpus só ama uma vez em sua vida e reconhece sua alma gêmea quase que imediatamente. De todas as histórias que ouviu quando era pequeno aquela foi uma das que ele temeu nunca ser capaz de presenciar.  Mas naquele momento, com seus corpos juvenis conectados e gemendo de prazer sentiu o desejo de marcar aquele jovem alfa.
 
 Era passional e instintivo, o desejo e amor. Sentiu todos os turbilhões de emoções de uma vida naquelas poucas horas ao lado do Xiao do que havia sentido  em toda sua curta vida. Quando ambos alcançaram o ápice do prazer, as presas dos dois alfas surgiram.
 
      — Você é lindo. – o príncipe disse beijando o rosto alheio.
 
      — É a primeira vez que elas aparecem. Acho que foi por sua causa.
 
      — Tivemos muitas primeiras vezes hoje. Vamos sair do lago ou vamos acabar pegando um resfriado. –  de mãos dadas eles saíram do lago e deitaram na grama olhando para o céu.
 
    Khang manteve sua mão unida a do príncipe e uma lágrima solitária correu pela lateral do seu rosto.
 
      — Eu agora estou com medo. – disse sem encarar o Lúpus que rapidamente virou em sua direção.
 
      — Porque está com medo? Seu pai vai brigar por você voltar tarde  para casa? – Khang protegeu o rosto com o braço com vergonha de si mesmo.
 
      — Não, estou com medo de nunca mais sentir o que senti com você hoje. Você é um príncipe e somos dois alfas, quando você for embora amanhã eu sei que nunca  mais irei estar com você novamente. – lágrimas grossas agora brotavam e o Lúpus puxou o rapaz para seus braços.
 
      — Eu acho que isso é o que ele chamam de amor a primeira vista. – ele o apertou ainda mais seu abraço em Khang. — Sabia que alfas Lúpus reconhecem suas almas gêmeas. Eu não acreditava nisso até te conhecer.
 
     — Eu não tenho muito a te oferecer, mas te dou meu coração. – o príncipe o beijou ao ouvir aquilo.
 
    — Khang. – ele fez o rapaz olhar para ele. Logo Tiang levou suas mãos ao pescoço e tirou o fino colar que usava e colocou no pescoço do menor. — Eu aceito o seu coração e dou o meu troca. Também te dou esse colar que foi dado a mim quando eu nasci, agora ele pertence a você.  Sei que provavelmente não iremos nos reencontrar de novo, mas eu sempre estarei com você. Aqui diante da lua e desse céu e dessas milhões de estrelas como testemunhas, Eu príncipe Wang Tiang, primeiro de meu nome, futuro rei de GusuLan  e pai dessa nação prometo a Xiao Khang nunca dar meu coração a outra pessoa. Te amar e cuidar desse amor  por toda minha vida. – as palavras do príncipe causaram uma nova onda de lágrimas no rapaz.
 
      — Eu, Xiao Khang filho único de Xiao Luo e Xiao Bei prometo dar meu coração única e exclusivamente para Wang Tiang, futuro rei de GusuLan. Prometo que onde eu estiver vou cuidar e proteger você.
 
   Com a promessa de que não importa quando, onde e por muito tempo eles se amariam  para sempre. Eles se amaram novamente selando o destino de dois amantes que prometeram se amar por toda uma vida.
     Pouco antes do amanhecer o casal voltou para o hotel onde o príncipe  estava hospedado, diferente do que foi na noite anterior não havia mais ninguém pelas ruas. Eles ficaram em silêncio diante da janela do quarto do príncipe, sabiam que seria uma despedida difícil, mas nenhum deles quis que fossem assim.
 
       — Você vai ser um grande rei algum dia e espero que quando esse dia chegar você possa dar a pessoas como eu e você a oportunidade de serem felizes com aqueles que amam sem distinção de gêneros. – Khang disse.
 
     — Eu te prometo. Quando eu for rei nenhum tipo de amor vai ser restringido por lei.
 
   — A gente pode deixar pedofilia e necrofilia de fora dessa lista. – O alfa brincou e o príncipe o abraçou. Sentirá falta daquele senso de humor distorcido.
 
      — Eu preciso entrar, meu acompanhante deverá aparecer em breve.
 
       — Tudo bem. Até breve, alteza.
 
       — Até, jovem Xiao.
 
  O Lúpus começou a escalar as trepadeiras  de volta para o quarto e ao chegar na varanda viu que Khang começava a sair empurrando a bicicleta. Ele se virou uma última  vez em direção ao príncipe tocou o centro de seu peito três vezes
 
Eu. Te. Amo. — Ele sussurrou a cada batida e Khang repetiu o gesto. O menor montou em sua bicicleta e saiu de vista.
 
   Tiang entrou no quarto e fechou a porta da varanda trocando de roupas rapidamente. Ele deitou na cama mas não conseguiu dormir, ainda não conseguia acreditar nas horas incríveis que passou ao lado do alfa e  como seus sentimentos estavam calmos. Ele seria rei e daria a chance de casais como eles terem uma vida juntos.
 
      Duas horas depois, seu acompanhante bateu na porta do quarto avisando que o café da manhã estava servido e que voltariam para GusuLan em breve. Depois de fazer seu desjejum a comitiva do príncipe já estava pronta para sair. Novamente o prefeito, seu filho e alguns políticos foram se despedir do príncipe. O pai de Khang presenteou o príncipe com algumas especiarias da região mas a atenção dos dois jovens eram apenas um no outro.
 
     Depois que toda formalidade foi encerrada Khang se aproximou do príncipe esticando sua mão como cumprimento. Não era algo adequado a se fazer, mas vendo como o príncipe retribuiu  rapidamente ninguém se ligou no fato.
 
      — Faça uma boa viagem, alteza. – havia dor naquelas palavras.
 
     — Obrigado, jovem Xiao.
 
    — Vossa Alteza,  precisamos ir. – alertou o acompanhante.
 
 Logo os dois se afastam o príncipe seguiu em direção ao carro.
 
       — Sr. Xu, será se eu posso ir no meu carro sozinho? Eu gostaria de descansar um pouco, você poderia ir no carro da frente com os outros?– ele pediu ao seu acompanhante.
 
        — Como quiser , alteza.  
 
O Lúpus foi no seu carro apenas com o motorista e assim que estava sozinho ele levou a mão ao bolso direito e tirou o bilhete que Khang havia lhe passado discretamente durante aquele aperto de mão.
 
      “este é meu endereço, espero que possamos trocar cartas e assim matar a saudade. XK”
 
  O alfa riu é guardou o bilhete como o tesouro mais precioso, de alguma maneira ele sentiu a necessidade de olhar para trás. Eles já estavam quase saindo da cidade e percebeu que Khang vinha atrás com sua bicicleta.
 
        — Pare o carro. – pediu ao motorista.
 
        — Alteza, não podemos...
 
       — PARE O CARRO AGORA!  – sua voz alfa ecoou fazendo o motorista frear o carro de uma vez e o príncipe desceu do carro e Khang pulou da bicicleta. Ali no meio da estrada longe de olhos curiosos eles correram em direção um ao outro e se abraçaram uma última vez. Ambos tinham  lágrimas nos olhos e respirações ofegantes pela corrida.
 
      — Eu nunca vou te esquecer. Nunca. – o príncipe disse enquanto o abraçava apertado.
 
      — Nem eu.
 
 Sabendo que seus guardas e acompanhante estavam olhando eles se afastaram e o príncipe voltou em direção ao carro. Muito sério de uma maneira que nenhum deles jamais viu o jovem príncipe sempre muito educado dizer.
 
        — Nenhuma palavra sobre isso para ninguém. É uma ordem.
 
      — Sim, alteza. – Todos disseram juntos.
 
Ele bateu a porta do carro com força quando entrou, incrivelmente nada foi dito sobre o ocorrido posteriormente.

♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡Amores

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Amores.
Cara, escrever esse arco do passado foi algo que eu quis desde a fic original, porém eu não tive tempo. Agora realmente fiquei feliz em poder falar sobre eles.
Espero muito que tenham gostado. Não deixem de comentar e votar para dar aquela ajudinha para a autora.

Just Dream Girl ⚘

The Promisse (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora