Yestershire 7 - Marshalt e os Piratas

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Kaio caiu para trás antes que pudesse responder a pergunta de Pedro. Seu nariz sangrava, estava quebrado. A sua frente, logo na porta da estalagem, um meio-orc de dois metros de altura e vestes rasgadas recolhia o punho e dava dois passos para trás.

Meio-orc: Quer que eu pisoteie a garganta dele, capitão Dente D'ouro?

Dente D'ouro: Não será necessário, Vertonhão, deixe-me cuidar disso.

De forma elegante, o jovial homem loiro que usava um sobretudo de couro e possuía toda a sua dentição substituídas por presas feitas de ouro. Usava um chapéu com uma pena, uma camisa branca por baixo do sobretudo, onde um par de coldres que guardavam suas pistolas ornamentavam seu peito. Outro par estava em seu cinto, prendendo suas calças escuras. Ele sentou-se e colocou os pés sobre a mesa, como se fosse o dono do lugar.

Sua tripulação entrou logo em seguida, haviam seres de todos os tipos. O primeiro imediato que havia violentamente abordado Kaio, um meio-orc de grande altura e porte físico grego, Vertonhão, acompanhado por cinco humanos, dois kobolds e um tubarão humanóide. Este ultimo esperou do lado de fora por não conseguir passar pela porta, ele media o dobro da altura de Vertonhão.

Dente D'ouro: Yanna, querida, traga-me algo decente para comer e um bom vinho para acompanhar a refeição. Sirva meus marujos, iremos querer nossa taxa de proteção como sobremesa. Sabe como é, se não fosse por nós, os outros piratas viriam te importunar.

Yanna: Mas eles já me importunam.

Dente D'ouro: Não, não, não, minha querida. Os que vem aqui quando eu não estou são da minha frota de navios, qualquer pirata que pisar nessa cidade sem ordem minha anda na prancha.

Vini: Você é muito ousado, né rapaz? Chega aqui mandando como se fosse o dono e soca a cara do meu amigo. Por mais que ele mereça, isso não se faz não!

O pirata riu, todos da sua tripulação levantaram-se de suas cadeiras e sacaram suas cimitarras e pistolas, todavia, antes que atacassem, seu capitão fez um sinal para que se sentassem novamente, e eles o obedeceram imediatamente. O loiro se levantou da mesa e virou de costas, encarando os garotos.

Dente D'ouro: Vocês não parecem ser daqui, então vou deixar algo bem claro. Eu sou Dalton "Dente D'ouro" Kidd, e eu mando nessa cidade e em praticamente todo o Mar do Norte. 

Vertonhão: Com exceção do extremo norte, o Barão é quem manda por lá.

Dente D'ouro: Isso não vem ao caso, Vertonhão. De toda forma, o importante no meu discurso é que vocês são apenas aventureiros insignificantes, eu sou o rei desta cidade e do mar que a sustenta através da pesca e do comércio marítimo. 

Lara: E se nós formos contra seu reinado?

Dente D'ouro: Caso tenham alguma reclamação, podem tratar disso com o meu gerente de recursos humanos, Rufus, ele é o tubarão de quatro metros ali fora. - O bandido sorriu para os jovens. - Se acharem que ele não pode resolver seu problema, o resto da minha tripulação certamente resolverá.

Vini: Vamos com calma, meu colega. E se a gente resolver isso de outra forma?

Dente D'ouro: Que foram seria essa, garoto?

Vini: Eu comprei isso de um vendedor ambulante no caminho até aqui. - Ele tirou do bolso um baralho de cartas - Por que não apostamos?

Dente D'ouro: Hum, apostas são realmente de meu interesse. O que vamos apostar?

Vini: Nós somos quatro lutadores fortes, jogaremos uma rodada eu e você, deixo até um dos seus marujos dar as cartas. Se eu vencer, você e eles não retornam jamais a essa cidade, mas se eu perder, nós nos juntamos a sua tripulação.

Dente D'ouro: Muito bem, então que comece o jogo! - Ele limpou a mesa com o braço, jogando tudo o que tinha sobre ela no chão e fazendo a maior bagunça. - Vertonhão, dê as cartas.

O meio-orc tomou brutamente o baralho da mão de Vinicius e começou a traçar as cartas. O brutamontes era hábil e demonstrou diversas formas diferentes de embaralhar, por fim, entregou a Vinicius a opção de escolher onde o baralho seria cortado, que por sua vez pediu para que ele o cortasse próximo ao final. Vertonhão entregou uma carta para Dente D'ouro, um dez de paus, Vinicius em seguida recebeu um dois de ouros, logo após Dente D'ouro recebeu um ás de espadas e Vinicius um cinco de copas.

Dente D'ouro: Ora, ora, parece que eu ganhei de cara.

Vinicius: Calma aí, eu ainda posso empatar. - Ele olhou para suas cartas, que totalizavam sete pontos - Mais uma...

Vertonhão: Dez de ouros. - Ele disse ao entregar a carta.

Vinicius: Mais uma... - Ele fechou os olhos e rezou para que viesse um quatro.

Vertonhão: Oito de copas, você perdeu.

Dente D'ouro: Haha! Bom jogo, marujo! - Ele disse e estendeu a mão para Vinicius.

Lara: Droga... Peraí, cadê Kaio?

Enquanto Vinicius apertava a mão de seu novo capitão com um sorriso de vitória, os outros notavam que Kaio havia desaparecido dali, e ele provavelmente tinha ido embora há muito tempo aproveitando a distração do jogo.

Vinicius: Meu capitão, se eu fosse o senhor eu ia correndo pro navio, porque ele tá sendo roubado agora mesmo.

Dente D'ouro: O quê? - Ele se levantou e desembainhou sua cimitarra - Como ousa, seu maldito?

Vertonhão imediatamente tentou agarrar Vinicius, que rolou para esquivar-se do ataque e correu na direção da janela, pulando por ela e se cortando no vidro. Rufus imediatamente o viu e passou a persegui-lo enquanto Vinicius corria na direção oposta ao porto.

Lara: Filho da puta, eles podiam ter avisado... - Ela disse com uma face nervosa enquanto todos os tripulantes ali presentes empunhavam suas armas de forma ameaçadora.

Pedro: Sem problemas, eu cuido disso! - Ele abaixou e bateu a mão no chão - Trepadeiras Emaranhadas! 

A magia que Pedro conjurou fez com que surgissem vinhas do chão, que cresceram e rapidamente enrolaram-se nos corpos dos piratas, restringindo seus movimentos, os levantando do chão e derrubando suas armas, abrindo espaço para que ele e Lara corressem dali. Ao saírem da estalagem, olharam ao redor a procura de Vinicius ou Kaio, mas não viram nenhum dos dois.

Lara: E aí, a gente vai pra onde?

Pedro não conseguiu responder, ele foi arremessado contra a parede de uma casa pelo brutamontes verde.

Vertonhão: Eu vou quebrar cada osso do seu amiguinho, e depois volto pra te matar.

 Em seguida, ele foi andando em direção a casa que havia jogado o druída. Lara preparou um disparo, mas antes que ela soltasse a corda de seu arco, ela viu a cabeça da flecha sendo cortada fora por uma longa lâmina curvada. Era a cimitarra de Dente D'ouro.

Dente D'ouro: Você tem assuntos a resolver comigo, mocinha. - Ele disse, sacando uma de suas pistolas. - Sabe, eu tenho uma queda por loiras, talvez eu possa poupa-la!

Lara: Haha! Nem morta!

To be continued...

Aventuras dos Picotados nas Terras Fantásticas e Distantes de DrangleicOnde histórias criam vida. Descubra agora