Fronteira 1 - Sozinho no meio de uma guerra

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A ultima coisa da qual João Gabriel se lembrava era de chegar na casa de Kaio e comer alguns amendoins enquanto esperava que Marcos começasse a narrar, até que todos na sala começaram a flutuar e desapareceram dentro de um portal esquisito que o transportou sozinho para um lugar desconhecido, ele caiu em um chão de ladrilhos de pedra, batendo a cabeça e desmaiando. Agora, o garoto se via em meio a um campo de batalha: dois exércitos de homens de armadura à cavalo se enfrentavam impiedosamente enquanto o rapaz estava sentado no chão no meio do caos e sem entender nada.

Tauz: Que porra tá acontecendo?

"Vuuush", fez o som da lâmina que quase cortou fora a cabeça do rapaz, ele desviou por um triz do golpe. Um anão montado em um mastim que carregava em suas costas um estandarte vermelho e branco havia o atacado. O garoto se levantou e começou a correr do agressor, sua pele suava frio e seu coração batia muito rápido, ele podia sentir a adrenalina em seu corpo. Viu então uma mulher, que parecia ser a única em todo aquele confronto, diminuir a velocidade de seu cavalo branco e estender a mão para ele.

???: Vamos, suba,

Tauz agarrou o braço da desconhecida, que tinha força o bastante para puxa-lo para cima do cavalo sem que ele fizesse algum esforço. Agora sentado na garupa, ele agarrou-se a mulher que conduzia o animal com medo de cair, agora percebendo que por baixo do elmo que cobria sua cabeça ela possuía cabelos esverdeados. O jovem manteve-se montado e encolhido sobre o cavalo enquanto a guerreira repelia ataques inimigos com a espada curva que ela empunhava. Logo, ouviram uma voz imponente que gritava "Bater em retirada!" vir do que parecia ser a saída do local e o exército atacante recuar em fuga. Tauz olhou ao redor, notando que haviam vários elfos armados com bestas nas linhas de trás que dispararam pelas costas nas tropas que avançavam em direção a saída, derrubando vários homens inimigos.

Após o fim da invasão, o jovem teve alguns segundos para analisar melhor o lugar em que estava: tratava-se de um largo pátio em frente a uma grande fortaleza, cercado por muros altos e possuindo boa parte de seu terreno ladrilhado. A esquerda do centro do pátio haviam estábulos e a direita o que parecia ser uma forja ao ar livre, próxima a um poço. Ele não foi capaz de observar muito bem os detalhes, pois a mulher que o salvara logo derrubou o garoto de seu cavalo. Ela brandiu sua espada na direção do rapaz, a posicionando próxima a sua garganta.

Cora: Identifique-se, estranho!

Com a outra mão, ela retirou o elmo de sua cabeça e sacudiu seus longos cabelos esverdeados. Tauz se surpreendeu com a beleza que ela possuía de rosto, além da figura esbelta que ela mantinha mesmo vestindo armadura. Ele se afastou da lâmina, arrastando-se no chão.

Tauz: E-eu sou João, mas meus amigos me chamam de Tauz! - Ele tremeu enquanto respondia.

Andros: Ora, Cora! Alivie com o garoto, é só uma criança!

Outro homem se aproximava, descendo do cavalo em que estava. Logo, vários outros o acompanharam, cercando o rapaz. Todos tinham aparência simplória, seus rostos eram o que João consideraria o esteriótipo de trabalhadores do campo em seu mundo: cabelos castanhos ou pretos, pele bronzeada, rugas acentuadas e um aspecto rústico em geral. Também eram todos jovens de vinte a trinta anos. Além dos que se aproximaram, haviam outros cem espalhados no pátio retomando o fôlego após o embate e ajudando os que saíram feridos do confronto, muitos dos quais eram draconatos e anões. Um homem, entretando, chamava a atenção de Tauz tanto quanto a mulher que o salvou.

Ele se aproximava enquanto retirava as luvas e as proteções de braço de sua armadura prateada de placas, possuía cabelo loiro e longo que combinava com seus olhos verdes. Diferente dos seus companheiros, ele não tinha feição robusta e sua pele era lisa e clara, além de aparentar muito mais jovem. Ele caminhou calmamente até o garoto deslocado e o ajudou a se levantar.

Lucent: Afastem-se, deve ser um recém alistado que se perdeu. A questão é: você está do nosso lado ou do lado deles?

O homem apontou para os corpos caídos no chão. Sua voz era suave e doce, trazendo calma ao coração de Tauz ao mesmo tempo que o intimidava com a pergunta direta, para qual o garoto não tinha resposta. Ele não fazia ideia de onde estava nem de quem eram aquelas pessoas, não sabia como havia chegado ali e nem o que representava cada lado naquele confronto.

Tauz: Olha, senhor... eu não sei onde eu estou, nem como cheguei aqui, só sei que vocês me salvaram e eles tentaram me matar, então acho que tô do lado de vocês.

Cora: E por que deveríamos acreditar nele? Pode ser um espião.

Lucent: Shhh! Iremos abriga-lo por hoje e amanhã o mandaremos de volta para a capital junto da caravana que chegará com os suprimentos. Até lá, amarrem-no.

O homem que havia aproximado-se antes, Andros, chegou no garoto por trás e chutou a canela de Tauz, o derrubando de joelhos no chão. O jovem decidiu não reagir, afinal estava cercado por centenas e nunca havia brigado de verdade na vida, muito menos com homens armados. Andros o amarrou e o levou para próximo do poço, onde ele poderia beber água quando sentisse sede.

Tauz: Pode pelo menos me dar uma migalha de contexto? E talvez de pão?

Andros: Olha, não estamos bem de suprimentos, então não tá valendo a pena alimentar você, foi mal! E você quer me dizer que realmente não sabe nada do que tá ocorrendo aqui? Alguém bateu na tua cabeça com uma marreta? - O homem deu uma risada.

Tauz: É... acho que foi isso mesmo.

Andros: Estamos em guerra. Esta fortaleza pertence ao lorde Rhode, um dos condes de Hécate, nossa nação. Aqueles que fugiram eram invasores do Império de Aurica.

Tauz: Tô ligado... e vocês são do exército de Hécate?

Andros: Ligado em quê? - Seu rosto expressou confusão.

Tauz: É só um modo de dizer.

Andros: Ah, tô ligado! - Ele sorriu - Não, não somos do exército de Hécate, todos os homens que você está vendo aqui são mercenários e aquele loiro que me mandou te amarrar é nosso líder, Lucent G. Merge. Bom, eu vou indo, já te dei seu contexto.

Tauz: Até mais, então! - Ele acenou com a cabeça em sinal de agradecimento.

To be continued...

Aventuras dos Picotados nas Terras Fantásticas e Distantes de DrangleicOnde histórias criam vida. Descubra agora