Yestershire 16 - Garrido morre! Adeus cria!

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Garrido morreu. Foi o que Pedro pensou ao ver o corpo do rapaz espatifado no chão, seus órgãos internos todos espalhados pela terra também morta. Ninguém do grupo sentiu muita vontade de sair catando os pedaços do o corpo para sepulta-lo de forma apropriada, então só jogaram um pouco de terra por cima da bagunça e deixaram por isso mesmo.

Pedro: Eu acho que um de nós deveria dizer algumas palavras.

Vini: Tem razão, deixe comigo. - Ele deu um passo a frente - Garrido nos deixou hoje, infelizmente ele morreu, mas tenho certeza que ele foi pra um lugar melhor. Pena que ele nunca vai ouvir as próximas músicas do Manoel Gomes.

Gui: Que Deus guie sua alma até o reino dos céus. - Ele se ajoelhou e orou por Garrido.

Vini: Bom, vocês acharam alguma coisa na torre? Eu peguei esse anel dourado de um dos zumbis, vou vender.

Gui: Incrível como você mudou de assunto rápido, o morto tá aqui na nossa frente.

Kaio: Vamos fazer um minuto de silêncio em homenagem a Matheus, pessoal.

Eles ficaram uns quinze segundos em silêncio.

Vini: Bom, voltando a conversa. O que vocês acharam?

Kaio: Eu achei essa pedra! - Ele tirou uma pedra de seixo do bolso - Chamei ela de Rodolfo.

Pedro: Eu encontrei um baú cheio de ouro, ainda bem que temos os cavalos pra carregar.

Lara: Eu achei uma mão mumificada em uma das gavetas das estantes, mas resolvi deixar lá mesmo.

Gui: Boa ideia Lara, essas coisas são todas do diabo.

Lara: Mas esse olho maneiro eu trouxe! - Ela mostrou um globo ocular inteiramente vermelho com uma íris negra.

Gui: Só pode ser brincadeira.

Lara: Eu não sei se ele ser pra alguma coisa, mas fica de lembrança.

Vini: Aí clã, achei isso na mochila de Garrido.

Ele entregou a seus amigos uma folha de pergaminho que continha um mapa para a torre. Abaixo dele, estava escrito que uma recompensa de cinco mil moedas de ouro seria paga a qualquer um que levasse o necromante vivo até a sede da guilda dos aventureiros em Barebarrow  a capital de Yestershire. Eles amarraram o necromante e Pedro o levou em seu cavalo. O grupo novamente tinha apenas cinco pessoas.

Vini: Desde que a gente chegou nesse mundo meu celular não liga.

Lara: Eles devem ter parado de funcionar durante a viagem interdimensional. Ou estão descarregados.

Pedro: Acho que a primeira hipótese faz mais sentido.

Gui: Eles não seriam úteis de todo jeito, aqui não tem internet, sinal de telefone e nem tomada pra carregar.

Kaio: Eu tinha subway surfers baixado no meu, pelo menos dava pra ir jogando nessa viagem.

Vini: Agradeça que você não tá indo a pé.

Após um dia de viagem, no qual deixaram o necromante passar fome e sede, eles alcançaram a capital. A cidade era gigantesca, muito maior que Marshalt. As ruas pareciam não ter fim, e todas estavam lotadas de pessoas. O povo de Barebarrow, diferente das vilas pelas quais o grupo passou, era cabisbaixo, individualista. As pessoas não sorriam umas para as outras, não havia a mesma felicidade das pequenas cidades. Talvez isso se desse pela guerra que assolava a nação: os locais com maior população eram mais afetados, pois seus homens iam todos para a guerra. Ou talvez, o simples fato de não conhecer a brisa leve do interior de Yestershire fosse o suficiente para tornar uma pessoa infeliz.

O grupo se distraiu durante boa parte do dia com o comércio vibrante da cidade. Desde frutas e outras iguarias exóticas e produtos raros, até espetáculos de rua feitos por artistas circenses, tudo ali parecia ser um circo para distrair o povo triste dos problemas reais do país. Quase ao anoitecer, eles encontraram a sede da guilda. O local era um prédio largo, com dois andares. Eles subiram uma escadaria de mármore até a porta da sede, e ao entrarem avistaram um balcão onde uma draconata branca atendia um outro grupo de aventureiros e os entregava uma recompensa.

Lara: Boa tarde, senhora. Nós trouxemos esse necromante e queríamos nossa recompensa. - Ela entregou o papel com o mapa e apontou para o mago amordaçado.

Atendente: Certo. - Ela carimbou um pequeno folheto, o fechou e o entregou para Lara.

Pedro: O que a gente faz com isso?

Atendente: É um cheque da guilda, vocês podem retirar o dinheiro em qualquer banco do país.

Lara: Ah, certo. Obrigada!

Eles se dirigiram para fora da guilda e saíram a procura de um lugar para passar a noite. Com a recompensa, não precisavam mais se preocupar em poupar gastos com uma boa estadia e decidiram ir a uma hospedaria na área nobre da cidade. Lá, se reuniram a mesa para um jantar chique.

Pedro: Precisamos decidir se vamos mesmo apoiar esse país na guerra.

Gui: Eu creio que seja nosso dever. Temos que derrotar os dragões, não temos? Eu quero voltar pra Terra.

Vini: É, mas é um país machista.

Gui: Encare os fatos, Vinicius. Estamos em um mundo de fantasia medieval, você acha que algum país daqui não vai ser machista? Ainda não ouvi falar de nenhum lugar governado por uma rainha no lugar de um rei.

Kaio: É, ele tem um ponto.

Pedro: Se todos concordarem, partiremos ao amanhecer para a capital de Hécate. O velho lá falou que a lenda dos "heróis da profecia" é conhecida pelo mundo, então acho que o rei daqui vai nos querer do lado dele.

Vini: Bom, já que não tem jeito, sou a favor.

Gui: Eu nem preciso dizer, né? Sou a favor também.

Lara: É... Infelizmente eu sou a favor.

Kaio: Precisa ser ao amanhecer? Eu queria dormir até tarde, a gente não descansou direito desde que chegou aqui.

Pedro: Vou pensar no seu caso.

Na manhã seguinte, cada um montou em seu cavalo, menos Kaio, que foi montado no cavalo de Guilherme. Ao chegarem na saída da cidade, começaram a ouvir a música "Natural" vir de Lara.

Lara: Era a bateria mesmo, o meu ainda tem uns cinco por cento sobrando. Dá pra ouvir uma musiquinha.

Kaio: Então simbora.

To be continued...

Aventuras dos Picotados nas Terras Fantásticas e Distantes de DrangleicOnde histórias criam vida. Descubra agora