Yestershire 14 - A floresta morta

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Considerados heróis em Marshalt, nosso grupo recebeu presentes de todos os moradores da cidade: dinheiro, armas, lembrancinhas, equipamento de aventura, bebida e comida. Lara recebeu de presente um frasco de veneno de água-viva para suas flechas e Vini também ganhou um para suas adagas. Ele pediu ajuda a Kaio e alguns homens fortes da cidade para retirar a âncora de Rufus do chão, mas ao chegarem lá ela havia desaparecido junto com o corpo do tubarão, gerando certa desconfiança.

Dente D'ouro foi preso pelo povo da cidade, que se uniu para atear fogo ao quartel dos guardas e, sob a liderança de Yanna, Marshalt se autodeclarou independente do Patriarcado de Hécate. Em um ato de revolução, todos que apoiassem o Patriarcado foram expulsos da cidade junto aos piratas sobreviventes: amarrados uns aos outros em alguns barcos a remo e deixados a própria sorte no mar, porém sem remos.

Guilherme ficou nervoso com toda aquela situação, mas preferiu manter-se quieto para evitar ser jogado no mar junto aos outros. Claro que Lara e Pedro o ameaçaram com facas para que ele não comentasse nada sobre a revolução política do local. Enquanto o amarravam no barco, o capitão proferiu suas ultimas palavras antes de ser amodarçado:

Dente D'ouro: VOCÊS ME VERÃO NOVAMENTE! EU VOLTAREI PARA ME VIN - Ele levou um tapa de um dos homens que o amarrava e foi amordaçado em seguida.

Lara riu do ocorrido, ela estava debilitada pelos ferimentos do combate. Claro que seus amigos estavam em uma situação bem pior: Kaio possuía um buraco na barriga que não havia se fechado completamente, mesmo com as magias curativas de seus aliados. Vinicius estava todo enfaixado, o garoto tinha sido fatiado por Dente D'ouro há dois dias e passou um dia inteiro em coma, acordando sem contexto no meio da declaração da independência de Marshalt.

Após mais uma semana descansando e se recuperando do combate, o grupo se despediu enfim de Yanna e dos moradores de Marshalt, que agora veneravam os "heróis de Sousa". Eles receberam de presente cinco cavalos como agradecimento do estábulo local pela derrota dos piratas, todos de boa raça e bem cuidados. Pedro nomeou o seu - um appaloosa(ou "cavalo-pintado") branco - de Slow Dancer, em homenagem ao seu mangá favorito. Marquin chamou seu cavalo marrom de Bala de Prata, o recordando de uma série de artes marciais muito boa. Lara chamou o seu cavalo de pelo preto e brilhoso de Rosa Negra, enquanto Guilherme nomeou seu cavalo de Sansão. Kaio não sabia diferenciar seu cavalo de um camelo e quase o socou no rosto, como seu ídolo Conan fez em um filme, mas Pedro e Guilherme o seguraram antes e o explicaram sobre o animal.

Os cinco saíram cavalgando assim que o primeiro raio de sol tocou a praia de Marshalt, foram na direção que o velho Dalan havia apontado: a torre do necromante. Era claro que estavam no caminho certo: após meio dia de viagem, a vegetação no caminho começava a ficar sem vida até estar completamente morta. Eles seguiram por um campo de terreno infértil e grama seca até alcançarem  uma floresta de árvores secas e sem folhas, coberta somente por uma névoa intensa.

Nenhum dos garotos conseguia enxergar a mais de cinco palmos da cabeça de seus cavalos, mas Lara possuía habilidades de visão aprimorada graças a sua classe e guiou o grupo pela floresta. No caminho, ela percebeu algo estranho. Guilherme de repente sentiu um arrepio na coluna, e os cavalos começaram a ficar agitados. Lara enxergou o que parecia ser um brilho azul a sua esquerda, não aparentava estar muito distante mas a névoa obscurecia seu formato e sua origem. Ela notou que haviam outros dois em uma distância semelhante, porém a sua direita. Mais três pareciam seguir o grupo por trás.

Ela ia avisar aos seus colegas, mas não teve tempo: uma chama azul voou rapidamente contra Kaio, o derrubando de seu cavalo e fazendo com que ele galopasse para longe em fuga. A chama azul rodopiou para cima e voltou com tudo para acerta-lo, mas o bárbaro rolou para o lado e recuperou sua postura.

Gui: O que é essa coisa?

Lara: Fogo-fátuo, e não é só um!

Pedro: Boa hora pra não ter um mago na party. - Ele disse, pulando de Slow Dancer para esquivar-se de um dos fogo-fátuos - Junta todo mundo aqui!

Todos aproximaram-se de Pedro com seus cavalos e o jovem se abaixou, colocando as duas mãos no chão. Marcas verdes brilharam no solo, criando raízes fortes que ergueram-se da terra morta e cobriram o grupo inteiramente, protegendo-os dos ataques. Eles podiam ouvir os fogo-fátuos atingindo o exterior da barreira de Pedro, desgastando-a lentamente.

Pedro: Isso não vai durar pra sempre, temos que pensar num jeito de derrotar esses bichos.

Kaio: Magia não funciona? Meu machado resolve.

Lara: Eles são imunes a quase todo tipo de dano pelo que eu sei, inclusive seu machado.

Vini: Então fudeu né, se não dá pra matar com arma, veneno e magia, não dá pra matar.

Gui: Deixem que eu cuido disso! - Ele imbuiu seu martelo com uma aura divina - O Senhor é meu pastor, nenhum mal ou tribulação cairá sobre nós!

Pedro desfez a barreira e Guilherme rapidamente avançou na direção do fogo-fátuo mais próximo: ao acerta-lo com seu martelo, a criatura explodiu em chamas e deixou de existir, banido pela energia radiante do paladino. Ele repetiu a manobra contra os outros cinco, rapidamente exterminando as criaturas.

Lara: É, esqueci que eles também são mortos-vivos.

Pedro: Que atraso, pra piorar perdemos um cavalo. Impossível encontrar ele nessa névoa.

Kaio: É, vou sentir falta do meu camelo.

Pedro: Ele não era um... - O jovem suspirou, estressado - Só vamos logo, sobe no cavalo de Vinicius aí.

Assim Kaio o fez e o grupo seguiu em frente. Encontrar a torre não seria fácil, mesmo que Lara tivesse sua visão aprimorada, ela não enxergava mais do quê trinta metros em qualquer direção.

To be continued...

Aventuras dos Picotados nas Terras Fantásticas e Distantes de DrangleicOnde histórias criam vida. Descubra agora