Pocadel 6 - O Déspota de Rubi

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A senhora de cabelo grisalho, que tinha um tapa-olho em seu rosto e diversas cicatrizes em sua pele não podia ser ninguém mais do que Giovana, a cunhada de Dannilo. Ele a reconheceria em qualquer lugar, mesmo com os anos de experiência que cobriam sua aparência. O Duque também não era estranho para Giovana, os dois se encontraram inúmeras vezes em batalhas anteriores. Desta vez, no entanto, as coisas seriam diferentes.

Na mesma velocidade que invadiram a cidade e destruíram diversas construções, incluindo metade da mansão do Duque, as amazonas saíram. Elas adentraram a floresta e desapareceram em meio as árvores. O Duque ordenou que todo o exército fosse reunido, aquele conflito acabaria hoje. Com um semblante estressado, ele olhou para Dannilo.

Buck: Junte-se a mim, garoto.

Dan: Pra enfrentar essas mulheres?

Buck: Exato. Posso contar contigo ao meu lado?

Buck Yester encarou Dannilo com um olhar esperançoso. O rapaz sabia pelo semblante do loiro que de alguma forma ele sentia o seu poder. Por mais que não quisesse se opor a sua cunhada, ele precisava chegar até ela, mesmo que para isso tivesse de fingir lealdade ao exército colonizador.

Dan: Lutarei por ti, vossa alteza.

Buck: Maravilhoso. Tragam uma armadura e um cavalo para este homem! - Ele gritou para seus criados enquanto caminhava - Me dê licença por um momento, preciso me reunir com os outros generais.

Dannilo foi deixado no salão de visitas da mansão do Duque, enquanto este se dirigia para o centro da cidade. Ele sentou-se novamente em uma das poltronas e voltou a beliscar os biscoitos açucarados. Após cerca de meia hora, um homem entrou na sala. Ele tinha baixa estatura, era da raça dos anões. Seu cabelo e barba tinham uma coloração vermelha viva, e se enroscavam em tranças robustas e antigas. Seu olho esquerdo era cego como o de Lampião e uma cicatriz que o atravessava cortava o seu rosto.

O anão tinha o olhar de um guerreiro experiente, talvez tanto quanto o da Giovana mais velha que Dannilo tinha visto mais cedo. Ele vestia uma armadura de placas feita de adamantina, um dos metais mais resistentes daquele mundo. Todas as suas vestes, incluindo as placas de sua armadura, eram adornadas com ouro. Ele carregava seu elmo debaixo do braço direito e um machado com uma lâmina de metal negro como a noite na mão esquerda. Antes de sequer olhar para Dannilo, o anão de pele parda caminhou até uma das poltronas, saltou para alcança-la e remexeu-se sobre ela até se sentir confortável, só então ele passou a encarar o jovem a sua frente.

Dan: Bom dia...

Addar: Veremos se é bom. Você é o rapaz da música?

Dan: É, pelo visto sou eu.

Addar: Eu sou Addar, filho de Corinto. - Ele inclinou-se na direção de Dannilo - Mas sou conhecido como o Déspota de Rubi.

Dan: Ah, o senhor é um dos sete déspotas?

Addar: Mesmo não sendo deste mundo você conhece nossa fama?

Dan: Não, só ouvi falar que vocês existiam mesmo.

Addar: Claro, claro. Vou te explicar então. A líder das Amazonas é a Déspota de Jade, a sétima mais poderosa entre os déspotas. Eu, Déspota de Rubi, sou o sexto.

Dan: Ah, então te chamaram aqui pra matar ela? - Ele ficava surpresso com o título que Giovana havia conquistado enquanto ele apenas existia.

Addar: Exatamente, você é esperto! O duque me disse que você vai nos acompanhar, então trouxe isso aqui pra tu.

Ele puxou uma adaga embainhada e a entregou na mão de Dannilo. Ao desembainha-la, o jovem percebeu que a lâmina da adaga era negra assim como a do machado do anão e ao longo dela, inscrito em runas douradas estava a palavra "Honra".

Addar: É uma adaga cerimonial do meu povo, é entregue a garotos quando se tornam homens. Meu pai me ensinou que caso eu encontrasse alguém com uma jóia igual a sua na mão, eu deveria entregar minha adaga a ele como sinal de agradecimento.

Dan: Ah, não precisa disso não boy!

Addar: Precisa, é um dever de honra que devo seguir como anão, então não ouse recusar! - Ele sorriu.

Dan: Sendo o caso, muito obrigado pelo presente.

Assim que Dannilo terminou de falar, um dos guardas da mansão entrou na sala e os avisou de que o Duque os aguardava na saída da cidade. Os dois caminharam juntos até lá, onde uma gigantesca legião havia se formado com todo o exército da colônia. Dannilo e Addar foram guiados até a frente das tropas, onde suas montarias os aguardavam ao lado de Buck e seu cavalo. Dannilo foi agraciado com um cavalo branco da coleção pessoal de Buck, enquanto o anão montou em seu mastim de guerra, um belo animal que condizia como montaria ao tamanho de Addar. Todo o exército estava armado com rifles de caça com baionetas acopladas e uma variedade de espadas e lanças. O Duque carregava uma arma única, feita sob medida para ele: uma manopla que ele vestia como armadura e se estendia por todo o seu braço direito, mas que possuía um cano de arma de fogo na parte de cima do ante-braço, além de possuir um compartimento para munições, a arma parecia funcionar de forma automática.

O exército avançou pela floresta, o som da legião cavalgando ecoava por todo o país, deixando um rastro de destruição por onde passavam. A gigantesca legião se dividiu em quatro esquadrões de busca para procurar pelas amazonas, mas não demorou mais do que uma hora até que o primeiro esquadrão as encontrasse e o eco dos tiros alertasse os outros três. Elas haviam se escondido no interior de uma árvore oca e logo se viram cercadas por todo o exército dos homens. No entanto, o Duque notou que vários de seus homens estavam sendo derrubados de seus cavalos sem nem saber o que os havia acertado e só então ele percebeu: várias amazonas haviam se posicionado nos galhos das árvores, incluindo Driiz, sua líder. Do alto, elas disparavam flechas silenciosamente enquanto as que ficaram na árvore oca levantavam os cavalos com as próprias mãos e os arremessavam contra os outros soldados.

Buck: ADDAR! SEU ALVO ESTÁ ALI! - Ele gritou, apontando para o galho onde Driiz estava.

Addar: Então deixe que me resolvo com ela!

To be continued...

Aventuras dos Picotados nas Terras Fantásticas e Distantes de DrangleicOnde histórias criam vida. Descubra agora