Capítulo 9

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POV GABRIELA

– Mãe, você pagou isso?

Minha mãe muda para onde está deitada debaixo de um cobertor de tricô no sofá.

– Hum?

Já estou atrasada, mas a data no extrato do cartão de crédito que acabei de encontrar debaixo de uma pilha de panfletos perto da porta do apartamento me faz voltar para o sofá para mostrar a ela o pedaço de papel bege.

– Este – eu digo quando ela tira um braço de debaixo do cobertor para trazer o papel até o rosto.

Entramos em cobranças em um cartão de crédito esse ano. Consegui pagar alguns meses depois de pedir turnos duplos no refeitório - quando isso ainda era uma opção - mas não podemos arriscar mais acertos no crédito da minha mãe, especialmente quando ela teve problemas para sobreviver em todos os seus turnos de recepcionista do hotel ultimamente.

– Você pagou o mínimo? – Eu pergunto enquanto seus olhos percorrem a página. Encontrei a declaração aberta sem envelope, então ela pelo menos já a viu antes.

– Este aqui… – Ela arrasta um dedo pela lista de despesas e, em seguida, tira uma mecha de cabelo de seus olhos. – Ah. Sim, esse é o da carga para o carro nele. Sim, paguei o mínimo.

Eu pressiono meus lábios para resistir a perguntar se ela tem certeza. Ela ainda é minha mãe. Ela pode estar doente, mas ainda merece respeito. Fica ainda mais difícil não brigar com ela quando ela coloca o braço de volta sob o cobertor e enrola as pernas para liberar a ponta do sofá. Ela acena para o espaço vazio.

– Sente, Jow. É sábado. Vamos assistir tv.

Coloco a declaração na pequena escrivaninha sob a janela da sala, em uma das bandejas com todas as outras contas que faço o meu melhor para ter certeza de que estamos acompanhando. É um sistema que mantenho desde os quatorze anos, desde que o divórcio com o pai de Fernando a colocou em uma espiral da qual ela nunca conseguiu sair.

– Não posso, mãe. Eu tenho a competição de dança hoje, lembra?

Ela olha para o coque apertado no topo da minha cabeça e o pouco de rímel e brilho labial que usei para a competição de novembro da ODEO hoje.

– Competição? Achei que você não competia mais. – Agarro a borda da cadeira da mesa com força.

– Eu vou esse ano. Para a bolsa de estudos, lembra?

– Certo, certo. – Ela estende o braço novamente e começa a mexer na mesa de café a alguns centímetros de distância, só parando quando encontra o controle remoto da TV. – Desculpe, amor. Não consigo me lembrar de nada esses dias. Você tem que ir neste minuto? Seria bom assistir um pouco de TV juntas, não seria? –
Eu solto um suspiro.

– Podemos fazer isso depois da competição. Estarei de volta à tarde.

Ela puxou a seleção de canais na TV, os sons da estação meteorológica local enchendo a sala. Eu me dirijo para a porta, pensando que será o fim de tudo, mas assim que começo a calçar meus sapatos, ela chama meu nome.

– Gabriela, espere. Por favor, não vá.

Meu coração dá uma guinada, e eu engulo um nó na garganta. Eu ando de volta para ficar no final do sofá.

– Eu realmente preciso, mãe. Isso é importante. Eu preciso do dinheiro da bolsa. Precisamos desse dinheiro. Serão apenas algumas horas. Você pode esperar no sofá até eu voltar.

Seus olhos se movem ao redor da sala enquanto ela sussurra: – Eu realmente não quero ficar sozinha.

Suas palavras apertam como um punho em volta do meu coração, mesmo enquanto o resto de mim luta contra a vontade de gritar e dizer a ela que talvez isso não fosse um problema se ela não tivesse desistido de suas novas pílulas depois de um total de dez. dias. Eu aperto minhas mãos trêmulas atrás das costas para que ela não veja.

The Devil Wears Tartan - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora