Capítulo 7

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POV GABRIELA

Não deveria ser tão difícil cortar uma travessa de brownies. Coloco a faca em minhas mãos no balcão e pego a espátula de metal ao lado dela, usando as bordas para tentar arrancar os brownies da prisão pela terceira vez esta manhã. Quando termino de deslizar a espátula ao redor da panela como um quebra-cabeça, viro a bandeja de cabeça para baixo e bato no fundo. Os brownies não murcham.

Eu bato ainda mais forte.

Posso sentir os olhos de todos na cozinha se virarem para me observar, mas não me viro. Estou no Chá Tartã há apenas uma hora e já posso dizer que perdi minha carta de “jogar com calma”. Eu poderia ter aguentado um pouco mais se Fernando não tivesse desistido de vir assistir a um filme pela terceira vez este mês na noite passada. Ele nem mandou mensagem para cancelar. Recebi um pedido de desculpas estranho no correio de voz esta manhã em resposta a todas as minhas mensagens perguntando se ele estava bem.

Eu nunca sei se ele está bem. Eu não acho que ele está realmente bem desde que o pai dele se separou da minha mãe.

– Que diabos está errado com você? – Eu assobio para os brownies.

Quando vejo uma das jovens candidatas a bolsa de estudos olhando para mim com terror petrificado com o canto do meu olho, respiro fundo e, em seguida, me viro para encará-la, forçando um sorriso no meu rosto.

– Eles simplesmente não querem sair daqui – eu digo, batendo na panela. A risada que eu sigo apenas soa levemente estrangulada.

– Uh-huhhhh – ela responde com uma risada nervosa.

O nome dela é Holly, e junto com outra garota de dezessete anos chamada Nicole, ela compõe a soma total de pessoas além de mim e Sheilla concorrendo à bolsa de estudos. Os organizadores do Chá Tartã têm nós quatro na cozinha, junto com uma voluntária veterana da ODEO chamada Margerie, que provavelmente estaria melhor sem nós lotando seu espaço.

É uma cozinha de tamanho razoável, mas parece minúscula quando tem eu e Sheilla nela. Nós mal nos falamos desde que nós duas aparecemos às sete da manhã. Nós assentimos em vez de dizer olá. Ela me pediu para passar uma colher para ela, e eu tive que verificar com ela a que horas uma quiche foi ao forno, mas fora isso, ficamos em silêncio.

Eu lanço um olhar para ela por cima do meu ombro, e meu estômago revira.

Ela sabe demais.

É tudo o que consigo pensar, tudo o que consegui pensar nas últimas semanas desde aquela noite no parque. Eu nunca deveria ter dito a ela nada disso. Agora que ela sabe todas essas coisas sobre mim, ela tem poder. Ela tem o controle que eu deveria ter mantido para mim, e não posso voltar atrás.

– Tudo bem, meninas, estamos quase prontos para ir! – Margerie volta para a sala e bate palmas, a pulseira de berloques enrolada em seu pulso tilintando. – Eu preciso de duas de vocês para me ajudar a terminar de montar a estação de café. Quem quer vir com...

Antes que ela possa terminar a frase, Holly e Nicole largam o que estão fazendo e correm para se alinhar na frente dela como crianças do jardim de infância prontas para uma excursão.

– Nós vamos! – Holly toca, lançando um olhar nervoso para mim por cima do ombro.

Eu poderia ser uma companhia ainda pior esta manhã do que eu pensava.

– Bem, ok! – A testa de Margerie franze por um momento antes que ela dê de ombros para fora da atmosfera tensa da sala e conduza as meninas para o salão alugado da igreja onde sempre acontecem os chás Tartã. Isso deixa eu e Sheilla sozinhas na cozinha.

The Devil Wears Tartan - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora