1- A chegada

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      Keyo tinha apenas 23 anos quando sua aldeia foi atacada por andarilhos. No ataque sua mãe foi brutalmente assassinada. A aldeia ficou em miséria. Corpos pra todo lado, sangue, casas pegando fogo..... Depois que sua mãe morreu, keyo ficou sem chão, sem um rumo, não sabia pra onde ir. Sua aldeia estava em colapso e ele mal tinha dinheiro. Então, ele decidiu ir pra Alvorada tentar ter uma vida melhor. Keyo já era acostumado a roubar viajantes pois ele e sua mãe eram muito pobres. Ele ia pra beira da estrada, onde viajantes passavam, e sempre roubava os distraídos. Então, pra lá foi ele.
Na beira da estrada, ele esperou. Até que uma carroça levada por dois cavalos estava passando.
      -Ei!- gritou keyo - Vocês estão indo pra Alvorada??
      O homem que conduzia os cavalos parou e olhou pra trás, onde a carroça era coberta. De lá, saiu um homem já de idade e disse:
      - Quer saber pra quê?
       - Eu quero ir com vocês.
       Os homens se olharam e riram.
       - Meu jovem- disse o senhor - você conhece Alvorada?
       - Conheço - disse keyo.
       - Não, você realmente conhece a Alvorada?- perguntou novamente o senhor acentuando bem a palavra "conhece".
       - Tá na cara que não né Arthur!- disse sem paciência o condutor - Ele acha que lá é a mil maravilhas!
       Arthur olha seu relógio, depois pra copa das árvores e disse:
       - Garoto, nós cobramos a passagem de cada um, e é um valor salgado..- ele parou e olhou Keyo de cima a baixo - mas, parece que você não tem escolha... quanto você tem aí?
       Keyo revirou os bolsos de seu macacão surrado e tirou 5 moedas de ouro:
       - Isso... é tudo que tenho.
       - Tudo bem, venha.
       - Qual é Arthur, a gente vai mesmo levar o moleque?!- perguntou irritado o condutor.
       - Vamos. - disse seco e se virando, indo ao interior da carroça.
       Keyo subiu e reparou bem o olhar de julgamento do condutor, mas não ligou. A carroça era de tamanho médio, porém ele tinha que se curvar pois não dava pra ficar totalmente de pé. Arthur começou a tirar caixas de maçãs e trigo do fundo da carroça e lá estava mais 5 jovens, todos muito magros e sujos. Quando keyo entrou, nem imaginou que atrás dessas caixas todas podiam caber alguém.
       - Se espreme aí, garoto - disse Arthur- falta meio dia pra chegarmos á Alvorada, então se acomode bem.
       Keyo não entendeu porque tinha que ficar espremido ali atrás, mas não questionou. Ele se espremeu ombro a ombro junto com outro garoto e Arthur os cobriu com caixas. A carroça começou a balançar, ou seja, já estavam andando. Agora não tinha mais volta.
      - Oi - disse keyo aos meninos, mas não obteve reposta.
       Keyo cochilou, mas acordou no susto com barulho de pessoas conversando lá fora. A carroça parou. Eles chegaram. Os outros meninos estavam com os olhos bem abertos e pareciam tensos. Keyo pode ouvir a conversa lá de fora:
       -Tem mesmo 300 maçãs e 50 unidades de trigo aí dentro?- perguntou uma voz masculina que keyo nunca ouviu.
       - Claro que tem - respondeu Arthur- eu sou um homem de palavra.
       - Certo - respondeu seco o homem.
       A carroça balançou. Alguém tinha subido nela e foi se aproximando cada vez mais das caixas onde keyo e os garotos estavam escondidos. Os meninos suavam. Foi quando keyo se tocou: ele é um guarda de Alvorada. Claro, nós somos refugiados ilegais, pensou. Foi aí que keyo começou a se desesperar também.
       - Oh Arthur - disse alto a voz masculina bem perto do esconderijo - não tô com paciência pra ficar contando um por um. Você é das antigas, deve ter estar tudo aqui.
       A carroça balançou e ficou mais leve. O homem desceu.
       - Pode abrir - gritou a voz masculina lá de fora, já longe.
       Keyo sentiu alguém subir já carroça e se sentar. Arthur. Em seguida, ouve um barulho tão alto que a carroça balançou e até rolaram algumas maçãs. Depois de uns segundos de barulho, a carroça se moveu. Eles entraram. Finalmente estavam dentro de Alvorada.
Lá estava muito barulhento: barulho de cavalos, pessoas andando e conversando, comerciantes anunciando suas mercadorias. Depois de uns minutos, a carroça parou.
       - Desce, cambada!- disse Arthur tirando as caixas de cima dos meninos.
       Os meninos saíram e só ficou keyo e Arthur na carroça:
       - Obrigado, Arthur- disse keyo.
       - Anda logo - respondeu Arthur em uma risadinha. - A propósito... Qual seu nome?
       -Keyo- respondeu.
       Keyo se virou e desceu. A carroça estava "estacionada" num beco escuro, como se fosse nos fundos de uma loja. Keyo não viu nenhum dos meninos que vieram com ele. Então, ele olhou atrás da carroça e viu a movimentação de pessoas. Quando saiu, se deparou com uma coisa na qual nunca viu antes: Alvorada. A rua em que estava era de paralelepípedo, com postes (os quais não tinha na sua aldeia). As pessoas que por keyo passavam tinham roupas simples, como ele. Eram muitas pessoas, quantidade que ele nunca viu. Keyo olhou pro céu, o qual já estava escurecendo. E , não muito longe, mais ainda muito alta, a enorme muralha.

Muralhas de Alvorada Onde histórias criam vida. Descubra agora