7- A carroça de Lucien

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      Keyo acordou com a luz do sol em seu rosto e com batidas do alçapão, que logo se abriu com Lilian botando sua cabeça para o quarto empoeirado.
       - Keyo, acorde- ela disse- tio Lucien vai leva-lo a um lugar.
      Lilian desceu a escada, seguido por Keyo, e lá, na toca, estava Lucien.
      - Tem um balde com água lá nos fundos. Lave o rosto e nos encontre lá fora -disse Lucien enquanto se dirigia à porta seguido por Lilian.
      Keyo lavou seu rosto e saiu da toca. Lucien e Lilian estavam de pé ao lado de uma pequena carroça e um cavalo amarrado nela.
      - Uau! essa carroça e o cavalo são de vocês?- ele disse, fechando a porta atrás de si
      - Na verdade é uma égua: Valente. E sim, são meus- respondeu Lucien enquanto coçava a barba ruiva- sobe ai, garoto.
      keyo subiu na carroça junto com Lucien. A carroça era menor que a de Arthur, so cabiam duas pessoas na parte da frente e atrás, sem nenhuma proteção, deviam caber apenas alguns caixotes.
      - Lilian... Cuide da Toca enquanto estivermos fora- disse Lucien.
      - Pode deixar, tio.
       Lucien deu uma leve chicotada em Valete, que logo começou a trotar rua adiante, deixando a Toca e Lilian para trás.
      vários minutos se passaram, até que keyo teve coragem de cortar o silêncio com uma pergunta:
      - Lucien... no dia que Lilian me achou em cima da sua loja.. bem, antes disso, eu escutei uma conversa de vocês....
        Lucien levantou uma sombrancelha e olhou desconfiado para Keyo. Ele continuou:
       - Na conversa, vocês diziam que precisavam de dinheiro, e que algo estava acontecendo com as lojas da região....
        Lucien ficou mudo por um tempo antes de responder:
      - A verdade garoto- ele disse, enquanto Keyo dava uma mordida na baguete - é que o safado do imperador está fechando inúmeras lojas autônomas da periferia da cidade caso elas não paguem uma quantia. Eu não tenho o dinheiro suficiente para pagar, então, a qualquer minuto, alguns soldados podem aparecer lá e simplesmente fecharem minha loja a força.
       Nessa hora a carroça balançou enquanto eles passavam numa ponte. Lucien prosseguiu:
       - A loja concorrente , que fica a 3 quarteirões da toca, foi obrigada a fechar, já que o dono não tinha a grana, porém ele não queria de jeito nenhum fechar sua loja. Até que , uma bela noite ele foi assassinado e sua loja fora queimada. Esta não foi a primeira vez que isto aconteceu.
       Keyo ficou quieto. Então esse imperador é realmente um tirano, ele pensou.
       O resto do caminho foi feito num silêncio absoluto. Keyo viu crianças correndo, soldados em toda rua que a carroça cruzava, ambulantes vendendo sacos de batata, carroças vindo no sentido contrário, dentre outros. A essa altura, já não dava mais para ver o muro pelo qual Keyo entrou, todavia não tinha nem sinal dos outros três muros. Keyo só sabia de duas coisas: 1- a cidade é cercada por quatro muralhas imensas. 2- A cidade é maior do que ele podia imaginar.
        Valente finalmente parou , depois do que pareceram horas e horas de viagem. eles estavam num "estacionamento de carroças" em frente a um bar. Lucien desceu, seguido por Keyo.
      - Vou arrumar um emprego pra você- Disse Lucien, enquanto amarrava a guia de Valente na viga de madeira do bar.
      Eles entram. O bar era diferente daquele em que Lucien conseguiu uma identificação falsa para Keyo. Nesse bar em que estavam, haviam mesas, um balcão com cadeiras e algumas garçonetes espalhadas pelo lugar.
       - Ernesto - disse Lucien, dando um aperto de mão no senhor que estava sentado sozinho em uma mesa.
      - Lucien..- o senhor disse- a quanto tempo, hm? Oque te trás a essas bandas?
      - Eu queria saber se você arrumaria um emprego no seu bar para este jovem aqui- Lucien apertou o ombro de keyo.
     - Hm, posso tentar. Ele é oque seu?- a pergunta do senhor deixou Lucien e Keyo imóveis
      - Ele? bom ... ele é meu..-
       - Ele é meu tio avô!-cortou Keyo numa velocidade absurda.
      - É. Meu sobrinho neto!- completou Lucien- ele chegou recentemente e precisa de um emprego.
      - Tudo bem- o senhor agora avaliava Keyo de cima a baixo- Você pode ser barman aqui. Sua sorte é que eu devo uma ao Lucien e também preciso de um barman.
      - Ótimo. Qualquer coisa que o senhor oferecer já está de bom tamanho.
      - Então é isso. Está contratado. Você pode começar amanhã mesmo, as 8- disse Ernesto se levantando da cadeira-  Agora, me de sua identificação.
       Keyo entregou a identificação para Ernesto, que avaliou por algum segundos.
      - Vitor, não é?- ele perguntou.
      - É. Sim, claro. Vitor. Este é meu nome. Vitor - Keyo respondeu nervosamente.
      - Ok, Vitor. Te espero aqui amanhã às 8.
       - Muito obrigado Ernesto!- disse Keyo dando um aperto de mão no senhor- até amanhã.
      - Keyo- disse Lucien. Agora eles já estavam do lado de fora do bar- você pode continuar morando no quarto em cima da minha loja por um tempo. E agora, já que vai trabalhar tão longe de lá, você pode vir trabalhar com essa carroça.
      - Sério? M-muito obrigado, Lucien!- ele respondeu enquanto alisava Valente.
      - Já conduziu uma carroça antes?
       - Na verdade, não.
       - Então você vai conduzir agora, já que amanhã você vai vir trabalhar com ela. Vai, sobe aí.
       Os dois subiram na carroça, agora com os lugares trocados.
       - Preste atenção, Keyo. Você deve segurar a rédea do cavalo assim - Lucien mostrou a forma correta, e Keyo a fez em seguida.- se você afrouxar deste lado e puxar do lado oposto, ele vira pro lado que você puxar. Tente.
      Keyo seguiu oque Lucien disse, e até que era fácil. Quando finalmente chegaram, por incrível que pareça, Keyo não tinha atropelado ninguém. Tudo ocorreu bem, tirando o fato de que Valente derrubou vários barris d'água e carroças estacionas de maçã, fez duas pessoas caírem no chão e quase,quase atropelou uma criança.
      - É...Amanhã é melhor você ir só com Valente. Se for com a carroça é capaz de matar alguém - disse Lucien enquanto descia da carroça.
      - E então?- pergunto Lilian, saindo da Toca.
      - Consegui um emprego- disse keyo- no bar do Ernesto.
      - Tio, o bar do Ernesto fica muito longe!
      - É, eu sei- respondeu o tio, enquanto amarrava a corda de Valente- por isso ele vai trabalhar montado em Valente.
       - Ah, então tá bom- Lilia olhava para keyo- quando você começa?
      - Amanhã mesmo.
       - Que legal. Mas você já sabe andar a cavalo?
      - Oh se sabe- cortou Lucien passando por entre os dois- ele é o melhor condutor que já vi.
      Keyo deu uma risada sem graça.
      - Lilian- disse o tio, antes de entrar na loja- ele vai morar no quarto lá em cima até se estabilizar.  E mais uma coisa: quando tiver outras pessoas perto de vocês, chame Keyo de Vitor.
      - Vitor é?- Lilian riu
      - Eh. Vitor.

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