9- O segundo dia

4 0 0
                                    

Keyo acordou com a claridade batendo em seu rosto, e com felino se deitando sobre suas pernas.

- Bom dia, amigão. Infelizmente vou ter que te tirar dai- ele disse, pegando felino cuidadosamente e colocando-o no chão.

Keyo desceu na hora em que Lucien destrancava a porta.

-Acordou cedo, Keyo.

-Pois é, Felino me acordou.

-Pega- ele jogou um pacote para keyo- aí tem umas coisas pra você comer no caminho. Divida com Valente também.

- Pode deixar. Obrigado - Keyo foi para os fundos da Toca, lavou o rosto e fez oque tinha que fazer, depois desamarrou Valente e seguiu ao trabalho.

- Oito minutos atrasado, Vitor.- disse Ernesto,assim que Keyo entrou no Bar.

- Se você levar ontem em consideração, eu estou sete minutos adiantado- ele respondeu, indo para os fundos se trocar.

Quando voltou, Aurora e Clarisse estavam limpando as mesas. Keyo entrou na área do balcão, pegou um pano úmido e começou a limpa-lo

- Vitor- Aurora disse, fazendo Keyo olha-la. Os dois se encaram por um tempo.

- Bom dia, Aurora. Você quer alguma coisa?

- Não....- ela desviou o olhar e voltou a limpar a mesa.

O dia estava seguindo normalmente. Já era por volta de meio-dia e o movimento estava fraco. Apenas dois clientes, sendo que um deles quebrou um copo de cerveja e foi embora. Keyo saiu para dar água e algumas maçãs para Velente, quando o trio de soldados chegou.

-Ora ora...Morales, olha quem está aqui...- disse o soldado com a cicatriz - o nosso barman preferido...

Keyo ignorou-os e continuou a dar água para Valente.

- Você tá surdo?- o soldado ia se aproximando - eu estou falando com você!- ele deu um tapa e derrubou a água de Valente no chão, assustando a égua.

Keyo ficou paralisado. Foi quando o soldado segurou com força seu queixo e o forçou a olhar pra ele.

- Escuta aqui, Vitor, se é que este é o seu nome. Toda vez que eu falar com você, olhe para MIM!- ele sacudiu a cabeça de Keyo com força, ainda segurando-o pelo queixo.

Agora, todas as pessoas que passavam pela rua estavam olhando a cena. Keyo mal sentia suas pernas.

-Agora entra e me sirva três Choppers- ele soltou o queixo de Keyo e entrou no Bar, seguido pelos outros dois soldados.

-Desculpa amigona, eu vou pegar mais água pra você...- ele pegou o balde e foi ao poço dos fundos pegar mais água.

Depois que deu mais água a Velente, ele voltou ao seu lugar e Clarisse lhe disse para fazer três Choppers para os soldados, e assim fez. Quando  eles terminaram de beber, os três se levantaram e foram pagar a conta.

-E então Vitor, como você prefere que eu pague?- o soldado. da cicatriz tirou um saco de moedas da armadura - nove moedas de prata ou três moedas de ouro?

- Contanto que você pague.....

-Opa!! veja se não é o meu trio predileto!- disse Ernesto, aparecendo do nada e segurando os ombros de Keyo - Sarcomane, meu velho amigo, não leve pro pessoal. Vitor ainda está aprendendo, não é Vitor??

-Sim, senhor Ernesto - Keyo evitava olhar nos olhos, apenas olhava para o balcão.

O Soldado da cicatriz, Sarcomane, jogou seis moedas de prata e uma de ouro no balcão:

- É melhor você ensinar boas maneiras a seus funcionários, Ernesto. Não queremos que ele acabe como o último Barman- ele disse olhando no fundo do olho de Keyo.

Os três se viraram e saíram do bar.

-Vitor? ficou maluco??- perguntou Ernesto, sentando-se no banco a frente do balcão - não fale assim com esses caras. São terríveis.

- Ele tem razão - completou Clarisse, debruçando-se no balcão ao lado de Ernesto - terríveis...

Aurora apenas observava de longe, no canto do bar. Seu olhar penetrante fez Keyo corar e quebrar o contato visual.

- Oque foi que aconteceu com...o último barman?- ele perguntou

- Ora, não me faça falar disso- Falou Ernesto, se levantando e indo em direção a escada- voltem ao trabalho.

- É uma longa história....- Clarisse se virou e de encontro a Aurora

Mais tarde, quando o sol já estava se pondo, Ernesto desceu a escada e veio em direção ao balcão.

- Vinte e uma moedas de prata e seis moedas de ouro - disse-lhe Keyo, entregando a caixa a Ernesto.

- É....- respondeu Ernesto, analisando a caixa- o movimento está fraco...mas o baile de inverno está chegando, e esse bar aqui bomba nessa época do ano...

Ele jogou as moedas da caixa para o pequeno saco.

- Estão liberados. Até amanhã.

Keyo foi aos fundos da loja e se trocou. Quando ia saindo do bar foi parado por uma mão quente e leve nos seus ombros. Ele se virou:

- Vitor, será que a gente pode conversar?- perguntou-lhe Aurora, com seu olhar marcante.

- É...claro. Claro que sim . Pode falar.- Keyo respondeu, claramente sem graça.

-Me espera lá fora. Eu só vou me trocar.

Alguns minutos depois, enquanto Keyo dava outra maçã a Valente, Aurora saiu do bar do feno. Ela tinha roupas simples, mas ainda sim era bela.

- Esse cavalo é seu?

- Na verdade é uma égua. Valente. E não, não é minha... é do meu tio avô.- Ele respondeu alisando a crina da égua.

- Certo. O que eu quero falar com você é.... eu vi o que Sarcomane fez mais cedo...aqui fora.

Keyo não respondeu.

- Olha... só....deixe isso pra lá. Não vire um alvo dele.

- Eu só quero saber - ele respondeu, com o olhar cansado- oque aconteceu com o último barman.

Aurora demorou um tempo pra responder.

- Um vez o antigo barman, Teseu, fez uma piada sobre a cicatriz do Sarcomane....daí, quando ele acabou o turno dele aqui no bar, ele foi pego aqui perto pelos três, e....- Aurora parou.

- Boa noite pessoal - disse Clarisse, saindo do bar e passando pelos dois.

- boa noite - apenas Keyo respondeu-...e então? Oque aconteceu?

- Ele foi esfaqueado....e morreu.

- Por causa de uma piada??- Keyo estava visivelmente alterado - tá brincando?!

- Não eu não tô. Então é melhor você andar na linha e ignorar oque esses caras falam, tá bem?- ela se virou, deu alguns passos e parou- boa noite, Vitor.

Keyo cavalgou de volta para Toca numa velocidade absurda. Chegou lá bem rápido, porém a Toca já estava fechada. Ele amarrou a corda de Valente e foi para a casa de Lucien.

-Boa noite, pessoal- ele disse, entrando na casa.

- Oi Keyo!- comprimentou Lilian, enquanto trazia uma vasilha com uma galinha temperada.

- Como vai ,Keyo?- Lucien veio logo atrás.

- Bem...

O jantar foi quieto. Keyo não falou muito. Lilian e Lucien perceberam, mas nada disseram. Agora Keyo além de ter que se preocupar em não ser pego,tinha que tomar cuidado com Sarcomane e seu bando.

Muralhas de Alvorada Onde histórias criam vida. Descubra agora