12- Problemas

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Já passaram-se dois dias desde que Keyo levou a Surra de Sarcomane e de seu grupo. No dia anterior, Ernesto o levou de volta pra Toca, onde Lilian passou o dia limpando seus ferimentos e aplicando compressas de água quente.

Keyo acabou de acordar. Felino dormia ao lado de sua cama.Seu olho já estava bem mais desinchado.

-Keyo?-  Lilian bateu no alçapão.

- Entra.

Lilian entrou com um copo e um pedaço de uma baguete:

- Coma um pouco. E isto aqui é um chá com ervas medicinais. Uma amiga me ensinou a receita e eu fiz.

- Obrigado- ele deu um gole no chá.- Sabe, Lilian, você e seu tio tem feito muito por mim. Vou retribuir dia.

- Nós fazemos de bom coração. Sabemos que você é uma boa pessoa.

- Obrigado.

- Você só sabe falar isso é?- ela riu.

No restante do dia, Keyo desceu e ficou na Toca com Lilian, atendendo os clientes que lá passavam.

No dia seguinte, Keyo acordou bem melhor doque nos dias anteriores, e já faziam dois dias que não ia trabalhar, então ele se levantou e desceu.

Foi aos fundos, lavou o rosto e fez o que tinha que fazer. Saiu da Toca e foi dar comida e água para Valente . Enquanto alimentava a égua, Lucien vinha chegando.

- Acordou cedo rapaz - ele parou de frete para Keyo.

- Vou trabalhar.

- Não é melhor descansar pelo menos até amanhã?

- Não não, eu já me sinto bem. Sem contar que não tem trabalho pesado lá no Bar, apenas atender os clientes, então tá tudo certo.

- A gente ainda não conversou sobre isso.... fico preocupado com o soldado.

Keyo desviou o olhar.

- Ernesto me contou o que aconteceu. Foi muito arriscado da sua parte... eu...

- Você sabe por que eu fiz aquilo?

Lucien não respondeu.

- Aquele cara é um babaca. Ele chega pensando que é o dono de tudo lá. Naquele dia ele estava muito bêbado. Ele deu um tapa na bunda de uma garçonete. Eu não pensei duas vezes .

- Eu entendo Keyo, mas se você tivesse sido preso e descobrissem que você é um refugiado, você iria pra guilhotina!

"Guilhotina?". Keyo ficou pasmo. Ele sabia que a punição para refugiados ilegais era pena de morte, mas não tinha pensado como ela seria feita.

-Lucien eu .... eu não me arrependo. Teria feito o mesmo se ele tivesse feito aqui com Lilian.

Os dois se encaram por uns segundos.

- Não sabia que ia trabalhar hoje, então não trouxe nada. Pegue- ele tirou um saco pequeno com moedas dentro- compre alguma coisa pra comer no caminho.

- Obrigado.

E assim, Keyo galopou rumo ao Bar do Feno. No caminho, parou uma vez e comprou três maçãs para Valente. Na segunda vez comprou uma canja e um pedaço de pão para si.

- Vitor?! O que está fazendo aqui? deveria estar descansando- Ernesto perguntou.

Ele estava sentado numa mesa junto com Clarisse e Aurora.

- Já me sinto melhor - Keyo fechou a porta atrás de sí.

- Você é teimoso pra caramba né?- Aurora perguntou.

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