Quando eu tinha cinco anos e Jessie McFly se mudou para a casa ao lado, eu soube que estava perdida, porque, no momento em que encarei aqueles lindos olhos castanhos, fiquei louca por esse menino.
Todavia, diferente de como era e ainda é a atual Anne – decidida -, não tomei uma atitude, na verdade, eu recuei e aceitei a sua amizade. Desde então, Jessie e eu somos amigos...somos ótimos amigos, mas não passa disso...amigos. Claro, poderia ser pior, Jessie poderia ter me desprezado. Portanto, devo me contentar com a sua amizade. Porém, vocês não sabem como é difícil ficar perto de Jessie, abraça-lo e beija-lo no rosto, sem querer pular em seu pescoço e dizer que eu o amo.
Ok, isso foi meio extremo, mas é verdade. Eu quero que Jessie coloque a mão no bolso traseiro do meu jeans; quero que ele me leve a lanchonete e me abrace pelo pescoço, mostrando que somos um casal; quero andar em seu carro como a sua garota e não como a amiga de Jessie.
Me sinto como a Samantha de Sixteen Candles, desejando o Jake Ryan pelos cantos. A única diferença entre eu e ela é que Samantha não se declarava para ele por ser inferiorizada em sua própria família, desenvolvendo uma baixa autoestima, o que a fez ter medo da rejeição. Já eu só tenho medo de perder um amigo, o que é bem pior, certo? Ah, queria ser mais a Samantha e não a Anne...ela, pelo menos, conseguiu o Jake Ryan e eu nem isso tenho, quem dirá Jessie McFly.
Suspiro, jogando-me na minha cama.
Como sair da amizade e ir para o romance?
Você sabe? Se souber eu te imploro, me conte!
O pior é que nem posso perguntar para as minhas amigas. Jenna quer os homens a cinco quilômetros de distância dela. Sandy pega, mas não se apega – acho que ela nunca irá namorar na vida. E Mary...bem, Mary seria uma ótima pessoa para conversar sobre isso, ela é romântica e apaixonada, só falta uma coisa...um namorado.
Em vez de Gatinhas nós deveríamos ser chamadas de "As encalhadas". Dou risada do meu pensamento. Alguém no colégio inventou essa idiotice de Gatinhas, mas não é que o apelido pegou.
Fon-fon!
Pulo da cama quando escuto uma sequência de buzinas. Droga, me perdi em pensamentos de novo! Corro, em busca do meu all-star de camurça rosa. Prendo o cinto que está solto no cós da minha calça e coloco a minha jaqueta jeans por cima do top colorido. Escuto gritos do lado de fora. Desesperadas. Paro em frente ao espelho da minha penteadeira para passar um batom vermelho, depois bagunço os meus cabelos castanhos de tamanho médio, um pouco abaixo do ombro. Sorrio.
Pronta e gatíssima! Pegou o trocadilho?
Desço os degraus de dois em dois, pescando a minha mochila no sofá da sala e me despedindo dos meus pais com um grito, no processo.
- Vamos, garota! – Sandy buzina no volante do seu conversível vermelho.
Seu curto cabelo cor de mel está uma bagunça, não sei se pelo vento ou porque Sandy nunca penteia os cabelos. Noto que ela está com a sua camisa social branca, amarrada até a altura das costelas, em um nó, para formar um top e com os sua saia preta curta, porém volumosa. Ah, e claro, com suas luvas azuis bebê com várias – muitas mesmo – pulseiras.
Pulo pela proteção para o banco de trás, onde Mary se encontra. Diferente de Sandy que está recatadíssima– essa frase contém ironia -, Mary está mais comportada, com os curtos cabelos presos em um coque bagunçado e uma faixa rosa na cabeça. Já na corpo ela adota o visual casual, com uma blusa justa preta, por dentro dos jeans e com um all-star de camurça rosa.
- Ei, gêmea – Digo, batendo em seu pé com o meu tênis. Ela ri, enquanto revira sua bolsa em busca de um batom.
- Pare de gritar, Sandy – Jenna reclama, com a sua voz calma e veludosa, puxando os seus óculos de sol pelos seus cabelos vermelhos e cobrindo os seus olhos, por conta do sol forte da manhã.
Jenna Ringwald, ou melhor, a certinha do grupo, está com o seu típico vestido rosa largo, mas que fica justinho em sua fina cintura por conta do pesado cinto marrom que ela usa e que combina com as suas botas marrons. Ah, eu amo essas botas, mas Jenna nunca me emprestou.
- Você demorou... – A nossa doce Mary pontua, apontando seu batom rosa em minha direção.
Sandy gargalha, virando seu rosto para olhar para mim, ignorando, completamente, o fato de estar dirigindo. Um dia nós ainda vamos bater, guarde as minhas palavras.
- Ela estava sonhando com o....
- Jessie! – Todas dizem juntas.
- Idiotas! Eu não estava não! – Cruzo os braços, porém todas me ignoram, não comprando a minha mentira.
- Ei, não se preocupe, garota. Nós temos um plano – Sandy afirma, voltando o seu olhar para a estrada.
- Um plano? – Ergo uma sobrancelha.
- Sim, sim! – Mary bate palmas.
Ela sorri amplamente, o que me conforta um pouco. Mary tem alguns dentes tortos, o que em qualquer pessoa ficaria estanho, mas nela fica uma graça, deixando-a, se possível, ainda mais adorável.
- Já que você não toma uma atitude, nós vamos dar um empurrãozinho – Jenna diz, prendendo uma risada.
- Eu não sei o que é, mas coisa boa não parece ser.... – Pela cara que todas estão fazendo, nós vamos sequestrar o pobre do Jessie. Com certeza é isso!
- Será ótimo! – Sandy ralha, virando em uma esquina.
- Nomeamos de "Missão Baile!" – Mary conta, animada.
Espera, se o nome é esse...não, não mesmo! Não vou sequestrar Jessie no baile de primavera da escola.
- O baile? – Pergunto, assustada.
- Sim! Jessie irá te chamar para ir para a esse baile – Menos mal, pelo menos nós não vamos sequestrar ninguém, mas como esse plano vai se desenvolver eu não sei. Se bem que é melhor não comemorar antes da hora, essas malucas podem articular um plano maligno de dopar o pobre do meu melhor amigo. É....isso é bem pior.
Jessie não chamou ninguém para ir em nenhum baile que teve nos anos anteriores. Eu desejei, secretamente, que ele me chamasse. Todavia, ele sempre aparecia sem uma acompanhante.
- E como ele vai me chamar? Jessie nunca chama ninguém para ir ao baile.
- É nesse quesito que nosso plano entra em ação – Jenna afirma, como se fosse óbvio.
- Não sei não...isso tem tudo para dar errado... – Sandy balança a cabeça, começando a se irritar.
- Ele vai te chamar! – afirma, convicta – Ou não nós chamamos...
- Gatinhas! – Gritamos, dando risada.
Devo confiar nelas? Não, mas elas são as minhas melhores amigas, o máximo que pode acontecer é ele não me chamar e elas me consolarem, né? – eu realmente espero que a resposta para essa pergunta seja sim e que elas não estejam articulando um plano maligno. Portanto, que comece a Missão Baile!
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Quer ir ao baile comigo?
Teen FictionAnne é uma menina confiante e decidida, porém isso não se aplica a sua vida amorosa. Quando tinha cinco anos conheceu Jessie McFly e, desde então, a confiante Anne já não era mais tão confiante perto do seu melhor amigo. Entretanto, de uma coisa ela...