CAPÍTULO 10

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- Anne -

- UM, DOIS, TRÊS! VAMOS ANNE!

Estremeço ao ouvir a professora de ginástica gritar comigo.

Argh! Gemo internamente, amaldiçoando-me por ter aceitado entrar nas loucuras da Sandy e da Jenna.

Olho para o lado e vejo Mary pulando, totalmente ofegante e com uma expressão de "por favor, me salve!". Como eu sei disso? Porque estou igualzinha, só que encostada na parede, rendida ao meu cansaço.

- ANNE! – A professora grita de novo.

Obrigo os meus pés a se arrastarem até o centro da grade sala. Pego dois pesos e começo a pular nas minhas pernas, intercalando entre um pé e outro. No processo, eu levanto os braços, também intercalando.

Fiz duas tranças, para o meu cabelo não grudar no rosto, mas não adiantou muito, porque sinto alguns fiozinhos revoltos que se soltaram e agora estão grudados na minha bochecha com o meu suor. Eca! Acho que uma gota de suor caiu na minha boca. Credo!

Fecho a boca, mas volto a abrir, porque estou muito ofegante e com muito calor. Me amaldiçoo novamente por ter aceitado essas roupas ridículas da Sandy. Uma calça rosa fosforescente, com um collant roxo escuro, combinando com polainas da mesma cor. Na teoria é bonito, na prática me sufoca.

Eu juro, é a última vez que entrei na loucura dessas duas. Se elas gostam de se auto- , eu prefiro ficar na minha casa, fazendo as unhas e fofocando no telefone com a Mary.

Ah, pobre Mary. Ela está vermelha como um pimentão, mas não desiste de pular corda. Em um momento ela olha para mim e, posso jurar, que sussurra um "socorro".

Eu te entendo, lollipop, eu te entendo....

Nós vamos dar o troco.

Pode apostar, Mary.

- MAIS RÁPIDO, ANNE! LEVANTE ESSES BRAÇOS! – Só falta ela usar um megafone para falar mais alto. Eu juro, não estou nem a cem metros dela, consigo ouvir muito bem. Ela não acha isso... – MAIS ALTO! – Ela grita para mim.

Olho com raiva para a mulher loira com os cabelos revoltos. Levanto os meus braços praguejando, falando todos os palavrões que conheço e que não conheço.

Ah, Jenna e Sandy que me aguardem!

Essa tortura dura por mais meia hora. A meia hora mais sofrida da minha vida. Eu preferia cortar os meus cabelos no estilo moicano do que participar de outra aula dessa. Tudo dói. Minhas pernas doem. Minhas costas doem. Meus braços doem. Minha bunda dói. Até minha bochecha dói.

- Muito bem, até a próxima semana, meninas – A professora fala com uma voz amorosa, a qual não combina com a voz que ela estava usando para gritar comigo.

Assim que as meninas começam a sair, me jogo no chão, sentindo, segundos depois, Mary se esticar como uma estrela do mar do meu lado. Suspiramos juntas...ou melhor, não suspirados, porque também dói fazer isso. Ah...eu vou morrer de dor.

Uma sombra paira acima de nós. Reconheço ser a professora, quando ela praticamente encosta seu rosto nos nossos.

- Meninas, adorei vocês duas, precisam voltar na próxima semana – Eu e Mary resmungamos uma série de palavras sem sentidos. No final, eu levanto o meu polegar em um joinha.

Estou mentindo e acho que, lá no fundo, a professora sabe disso, já que ela só nos lança um sorriso amarelo, antes de sair. Nunca mais vou voltar para essa tortura.

- Eu não consigo levantar nem o meu dedo – Mary diz, totalmente imóvel ao meu lado.

- Eu dormiria tranquilamente nesse chão.

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