Namorado

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Quando meu despertador tocou as 06:00 em ponto, Sadie me puxou com toda sua força para fora do quarto, deixando para trás todas as malas de Sophia.

Fora do quarto vários outros alunos corriam para o refeitório que até então eu não havia visto, mas pelo que sabia ficava situado no primeiro andar do prédio central.

— quando chegarmos na frente do refeitório pare de correr imediatamente,  Joe e Natália ficam supervisionando os alunos chegando — Sadie disse ainda segurando o meu braço firmemente com medo de que me afogasse no amontoado de outros alunos.

O caminho até o refeitório era longo, saíamos do prédio número 2 e passávamos pela área de emergência da escola, onde ficavam kit de primeiros socorros, extintores de incêndio, lanternas e coisas do tipo. Depois corremos pela parte externa do campus, onde ficavam bancos, redes de vôlei, quadra de futebol, e um pequeno balanço de quatro lugares. Depois chegamos ao prédio número 1 e depois chegávamos no prédio central, onde ficava o refeitório.

Ao se aproximar, o ritmo de todos os outros diminuiu consideravelmente,  e ao olhar meu relógio de pulso demos de cara com a hora, 06:09.

Por mais um minuto não chegávamos ao refeitório, quando virei o rosto para trás vi os inspetores fecharem a grande porta de vidro, e logo em seguida alguns estudantes se aproximando e batendo no vidro implorando por misericórdia,  parecia um Apocalipse zumbi.

E cada vez mais eu perdia a fome.

O refeitório não era nem um pouco simples, nem parecia que meu dormitório era um cubículo. As paredes eram amarelas, em um tom claro, o chão era uma madeira também escura,  só que mais nova do que dos quartos. Nas paredes haviam vários quadros com o  cardápio da semana. No teto, um lustre imenso que marcava o meio de tudo. As mesas eram aquelas grandes e retangulares, mas, com espaços fundos do tamanho das bandejas para serem encaixadas lá, os bancos, eram acolchoados e com encosto.

Sadie me puxou novamente,  só que dessa vez para uma pequena fila onde os alunos calmamente pegam as suas refeições, hoje o café era bolo de chocolate, panquecas de carne, suco de laranja ou de uva, cereal e uma fruta.

Curiosamente a ruiva foi para o lado conversar com uma das mulheres que trabalhavam ali, então, recebeu uma bandeja diferente das demais.  O que essa garota tem de especial?

— ei, por que sua bandeja é diferente? — perguntei vendo que de igual era apenas o suco e uma fruta — por que você  recebeu um pão francês  e um mingau?

— sou vegana — Sadie sorriu simples pra mim e saiu com sua bandeja em direção a alguns meninos. Pensei em ir atrás mas resolvi que isso seria abusar de sua boa vontade.

  Me sentei na ponta de uma das milhares de mesas, sozinha, como costumava ser em minha outra escola e muitas vezes até dentro de casa. Minha família nunca foi muito junta, talvez a última vez que tenhamos estado como uma família foi na morte de meu tio, em 2015. Minha irmã nem mesmo havia nascido.

  — ei, por que tá sozinha aqui? — Jack apareceu com sua bandeja e  um pouco de pasta de dente no rosto.

— tá sujo aqui — me levantei e passei o dado com saliva na intenção de limpá-lo.

— agora me sinto mais sujo ainda — disse se sentando em minha frente— vi que chegou aqui com Sadie.

— é, como Sophia foi expulsa ela foi mandada ao meu quarto na missão de recolher as coisas dela.

Jack cuspiu seu cereal em mim, sujando meu blazer de leite.

— é, Jack, expulsa — me levantei e peguei um pano que entregavam junto do café da manhã.

O Quarto 103 {SILLIE} ✅️Onde histórias criam vida. Descubra agora