Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de Ametista

Capítulo 6

"A primeira impressão é a que fica." — Pumba, Rei Leão 3

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Os dias passaram com a velocidade de uma correnteza e logo uma semana já havia se passado. E nesse tempo, os príncipes da primavera perceberam cedo que não seria tão fácil viver naquele reino.

Florean, que havia crescido com a consciência de que era o herdeiro de um grande reino, cheio de responsabilidades e expectativas, sendo amado e respeitado por seu povo, estava tendo dificuldades em se adaptar à ideia de não ser ninguém relevante. Era absolutamente estranho passar entre as pessoas sem ser reverenciado e abordado, com todos passando por ele sem nem lhe dar uma segunda olhada. Ele não sabia o que fazer com isso.

Além disso, havia o reino em si. As pessoas trajavam, quase sempre, roupas de tecidos fluídos e transparentes que tampavam muito pouco de seus corpos, eram dadas a demonstrações públicas de afeto cheias de vulgaridade a qual ele definitivamente não estava acostumado a ver.

As crianças pedintes pelas ruas quase levaram Florean as lágrimas e ele teve certeza que tal barbárie nunca aconteceria em Alexandrita, mas pensar em Alexandrita doía, pois ele sabia que não tinha mais uma casa lá.

Mas, se tinha alguém que estava se divertindo, esse alguém era Fault. Para ele, Ametista foi um reino drasticamente diferente de tudo o que ele conhecia e, se fosse honesto, ele estava apaixonado.

Desde que pôs seus olhos cor de menta nas areias escuras e brilhantes, Fault notou a forma como aquele reino gritava exoterismo e beleza. Seus céus tinham um tom único de violeta, com fartas nuvens roxas e a maior lua que ele havia visto.

Por que o sol deste lado do mar era tão pequeno, quase sem cor e a lua tão grande e brilhante? Por que o clima era tão confuso, ora muito quente, ora muito frio? Ele estava cheio de perguntas e se viu rodeando Eileen e Lyones atrás de respostas como uma criança.

Mas o que mais o fascinou foi, de fato, a flora. Diferentemente de seus irmãos, Fault não havia participado do ataque, então ele nunca havia visto as terras de Ametista. Se deparar com aquela grama violeta, coberta por arbustos e vegetações rasteiras dos mais variados tons de azul, as árvores de folhas cor de fogo, ou prateadas como a luz da lua... Até os troncos, escuros como a própria noite ou brancos como ossos! Tudo absurdamente fascinante! O que Fault mais gostou foi, sem dúvida, a forma como ele ainda estava em sintonia com a natureza. Ele podia senti-la, fazer parte dela, controlá-la com a mesma facilidade que teria em sua terra natal.

A natureza é uma só, não importa sua aparência.

Já Primrose não estava, como Fault, tendo a melhor experiência de sua vida. Honestamente, sem a pressão de uma guerra iminente, ele podia ver que Ametista tinha sua beleza, mas os olhos de Prim não estavam voltados para as árvores ou o céu.

Primrose, embora fosse um fiel admirador das vestes bordadas a ouro e ornadas com pedras preciosas, ficou encantado com as roupas leves e fluídas de Ametista. Suas cores vibrantes e penduricalhos brilhantes o encantaram imediatamente e as feirinhas, repletas de colares de pedras gigantescas, encheram seus olhos.

Eles tinham pedras preciosas em Alexandrita, aquelas expostas em Ametista não eram diamantes e jóias, mas Primrose tinha um fraco por brilho e cor.

Mas a descoberta de que precisariam de moedas para trocar pelas coisas que queriam levou Primrose a uma grande crise existencial, onde ele ficou arrasado com a informação de que não só foi obrigado a se desfazer de boa parte de suas roupas, como também teria que conseguir moedas para ter novas. Ele teve certeza que mataria Florean ali mesmo.