Capítulo 8

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“A pressão é tanta por aqui
Que que já me estresso
A pressão faz tic, tic, tic
Meu limite chegou!” — Luisa, Encanto

— Sinto que, se nada for feito agora, a situação irá piorar cada vez mais — disse Morgan. Ele e Lyones estavam lado a lado, sentados na mesa de jantar enquanto Morgan desabafava com o melhor amigo sobre sua mais recente preocupação: Aura

Desde a confissão forçada de Florean, onde Aura teve, para a surpresa de todos, uma descarga fortíssima de seus poderes, Morgan se via incapaz de parar de pensar na situação da princesa e quão perigoso aquilo poderia vir a ser. Ele não tentou tocar no assunto, Aura claramente não queria falar sobre isso, mas as dúvidas não o deixavam em paz desde então. A magia de Aura, outrora inexistente, era volátil, imprevisível e incontrolável, não muito diferente da de uma criança, mas crianças cresciam lidando com sua magia, convivendo com ela até que atingissem a idade adulta e fossem, na totalidade de seus poderes, capaz de se controlar. Aura não. Ela tinha os poderes que uma mulher adulta poderia possuir, mas não tinha nenhum controle sobre eles. 

— Ela se recusa a acreditar que tenha poderes, eu acho — Morgan continuou. — Talvez seja porque ela não consegue usar, só quando não percebe o que está fazendo. Ontem nós estavamos em um momento meio... Intimo e do nada aquelas raízes surgiram de toda parte. Eu juro pelos deuses que elas iam me sufocar até a morte!

— Você deveria conversar com ela sobre pedir ajuda aos irmãos —  observou Lyones. — Duvido muito que um de nós pode ajudá-la com sua magia de natureza, não somos fadas. 

— Eu pensei nisso, mas a pessoa mais capaz de ajudá-la é quem ela menos quer ver. 

— Florean?

— O próprio — Morgan suspirou. — Eu pensei em Fault também, mas Eileen me disse que ele vem tendo um pouco de dificuldade em controlar a própria magia com apenas uma das mãos, então acredito que não seja uma boa ideia e...

— E quanto a mim? — Tanto Morgan quanto Lyones olharam perplexos para a porta da cozinha, por onde Primrose entrava, acompanhado de Eden e Yanna. — Caso vocês dois tenham esquecido, eu também sou uma fada. 

Morgan não sabia dizer se a expressão ofendida que o príncipe ostentava era, de fato, verdadeira ou apenas zombaria, mas se fosse honesto, nem passou por sua cabeça pedir ajuda a Primrose. 

— Você? Ensinando algo para alguém? — Yanna desdenhou, enquanto se sentava ao lado de Morgan. Durante todos os seus anos de serviço a família real de Alexandrita, Primrose era o únicos dos príncipes que ela nunca sentiu a necessidade de ser formal. — Essa eu queria ver. 

— Caso você não saiba, eu sempre fui uma excelente má influência! — Primrose exclamou, sob as risadas de Eden. — Quem você acha que ensinou para Aura todas as passagens secretas e rotas de fuga para sair das aulas chatas dela no palácio?

— Oh, sim, eu sei! — Yanna bufou, revirando os olhos. — E quem você acha que tinha que revirar o palácio para achá-la depois? 

— Viu? Ensinei bem ensinado. 

Naquele momento, Florean e Siren também entraram na cozinha. O ruivo parecia fazer o possível para passar despercebido, e não cumprimentou ninguém em voz alta, quando entrou. Eden o acompanhou com o olhar, uma carranca zangada marcando sua expressão.

E, por estar de costas para a porta e não perceber seu gêmeo mais velho entrando, Primrose continuou: — E, se a Aurinha não quer aprender nada com o Florean, eu posso muito bem ajudar. 

Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de AmetistaOnde histórias criam vida. Descubra agora