Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de Ametista

Capítulo 13

"Não quer dizer que vai mudá-lo
Porque não vai acontecer!
Mas conte com o poder do amor
Que vai te surpreender" — Trolls,  Frozen

☾

Havia pouco mais de uma década desde a última vez que Eredor estivera em Ametista, mesmo que tivesse passado um longo tempo, foi um lugar que ele nunca conseguiu e nem conseguiria esquecer. A forma como a magia envolvia o lugar, como se espalhasse através do vento, a exoticidade única e a forma como a natureza, mesmo tão diferente da de Alexandrita, ainda respondia a ele, mesmo em que em um estado mais selvagem, ainda o impressionava.

Mas algo havia mudado naquilo tudo: o próprio Eredor.

A última vez que deixou aquelas terras,ainda era um menino, com o coração dilacerado e sem muita perspectiva de futuro.

A caverna de Eileen também era diferente de tudo que Eredor já havia visto. Lá havia iluminação, proporcionada por magia, não era tão escuro quanto os chalés e cavernas de bruxas costumavam ser. Mesmo no subsolo, janelas com paisagens mágicas enfeitavam o lugar, trazendo mais vivacidade. Tudo tão organizado e mágico, parecendo a casa de uma enorme família.

Diante das semanas pesadas em Alexandrita, aquela era a primeira vez que Eredor se permitia relaxar, sentado sobre a mesa da cozinha, com Fault ao seu lado. Enquanto Aura e Siren cozinhavam sopa em um caldeirão na lareira, Morgan misturava em uma jarra de barro um líquido colorido e Eden esparramava os talheres sem seguir padrão nenhum de etiqueta, para o descontentamento de Florean.

— Eu estou tão feliz de te ver novamente! — Fault disse genuinamente alegre, como não se sentia em dias.

Um sorriso surgiu no rosto do elfo, enquanto apoiava sua mão no ombro do príncipe mais novo.

— Eu também estou meu rapaz. Alexandrita é vazio sem vocês.

— Vejo que ganhou peso, Eredor — Morgan comentou, desviando os olhos da jarra para encontrar os olhos do feérico. Ele, felizmente, não se parecia em nada com o homem cadavérico que haviam deixado em Alexandrita. Suas bochechas estavam mais cheias, saudáveis, e não haviam mais olheiras ou pele macilenta. Eredor parecia o mesmo que eles haviam conhecido em Papoula pela primeira vez. Talvez mais cansado, com um olhar mais triste, porém se recuperando.

— E você também.

Foi um comentário aliviado de ambas as partes. Os dois estiveram tão perto da morte há poucos meses, que estar ali era de fato um alívio. Entretanto, aquele pequeno comentário ocasionou o desconforto entre Aura e Florean. A dupla de irmãos encontrou os olhos um do outro, antes que Aura se virasse de costas para Florean, com uma expressão endurecida.

— Como estão as crianças, Eredor? — Perguntou Ezra. Depois que Adda havia declarado que ele era seu "tio" favorito, Ezra tinha certeza que viveria e morreria por aquela garotinha.

— Adda e Eren estão bem. — Eredor deu um pequeno sorriso paternalista. — Eu os deixei com Gaya.

— Gaya?! — Aura exclamou, deixando cair a colher que segurava. — Eredor, você...

— Ela está diferente, Aura. — O elfo apaziguou. — O luto muda as pessoas e Gaya sofreu mais do que você pode imaginar nos últimos tempos. Eu confio nela, posso garantir a você.

— Você tem certeza? — Primrose murmurou, hesitante. Ele se lembrava bem da mulher severa, de expressões zangadas e palavras ríspidas que ele sempre evitou na infância. Ele nunca conheceu Gaya muito bem, mas sempre teve um pouco de medo dela.

— Com Ivyna desacordada, estive sozinho cuidando de três crianças. — Eredor deu uma risada triste. — Ela me ajudou mais do que jamais serei capaz de retribuir.