Capítulo 17

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"Minha querida Bela, você está tão à frente do seu tempo. Essa é uma vila pequena, com mentes pequenas também. Mas "pequeno" também significa "seguro".- A Bela e a fera

"Cassiope, o bagre.

Passei as últimas horas olhando para esse pedaço de papel, sem saber como começar essa carta. Eu não sabia como por em palavras o que estava sentindo, mas por fim decidi seguir a correnteza. Você não queria uma carta, Cassie? Pois bem, eis sua carta!

Você é uma moreia asquerosa! Um peixe-bolha invejoso! Como você pôde fazer isso comigo? Eu sei que nossa adolescência foi cheia de altos e baixos, mas eu pensava que tivéssemos deixado nossas diferenças para trás! Mas não, claro que não, você estava lá, camuflada como o horrível peixe-pedra que vocês é, pronta para me envenenar ao menor sinal de oportunidade!

Eu pensava que quebrar minhas coisas, usar minhas roupas e estraga-las de propósito, sujar documentos importantes do papai de tinta para me culpar e esconder meu materias seria o mais baixo que você chegaria. Mas claro que não, você sempre foi desesperada para ser a melhor, não é sua barracuda?

Eu descobri tudo, seu mexilhão sem conteúdo! Descobri sobra as cartas que você mandou em meu nome para Florean, que acarretaram em uma relação cheia de mentiras e falsidades! Eu mal consigo acreditar! Por que você fez isso? O que vocês ganhou com isso? Tudo o que você queria era me ver de coração partido? Ou havia algo mais?

Se era isso que você queria, parabéns! Você conseguiu duas vezes! Uma quando Florean me abandonou e outra agora, quando descobri quem a irmã que já foi minha melhor amiga realmente é.

Espero que você esteja satisfeita com a carta que você tanto queria. Eu nunca mais quero ouvir sobre você novamente, por mim, que a maré te leve e os caranguejos carreguem seu corpo!

Siren."

A carta mágica estava amassada entre as mãos de Cassiope. Lágrimas escorriam por seus olhos índigo, misturando-se com o mar ao seu redor.

Cassiope estava em uma grande penteadeira feita de corais em seu quarto. A grande janela em arco revelava o recife a diante, as algas multicoloridas balançavam-se com a correnteza, cardumes de peixe nadavam entre os corais. Tudo exalando cor e vida, mas pareciam tons de cinza para a quarta princesa de Pérola.

Ela olhou para seu próprio reflexo no espelho, vendo seus cabelos violetas como os de Siren flutuando ao redor de seu rosto, seus olhos vermelhos de choro.

"Você não é bonita como Siren." a voz de sua mãe, a rainha Amália ecoou em sua mente e, como todas as vezes, ela desviou o olhar do espelho.

Não adiantou. De costas para a penteadeira, ela pôde ver seu quarto. As paredes de madrepérola estavam cheias de pinturas, todas feitas por Siren. Na abóbada pedregosa do quarto, haviam estrelas do mar, que Siren e Dione haviam ajudado-a a recolher para colocá-las ali.

Mal contendo um soluço, Cassiope nadou em direção a sua cama de concha, enrolando-se nos lençóis de algas, desejando poder se esconder ali e se fechar do mundo e chorar.

— Eu não fiz isso. — Cassiope sussurrou, entre soluços. Ela havia feito muitas coisas ruins para Siren, é verdade. Dizer a mãe delas sobre como Florean a dispensou foi uma delas, mas ela não havia escrito carta alguma. Mas talvez também tivesse culpa, Cassiope recordava do quanto havia deixado seu coração envenenar contra a irmã.

"O útero de Amália foi abençoado pela Deusa quando gerou Siren"

Por onde Cassiope nadava, sempre ouvia os comentarios sobre a irmã mais velha. Siren era linda, digna de um rei, o corpo era voluptuoso e o rosto parecia ter sido desenhado pelos Deuses. Casa-la nunca seria um problema.

Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de AmetistaOnde histórias criam vida. Descubra agora