"Família eu nunca tive de verdade
Eu nunca em minha vida tive alguém
Que me desse mais que amizade!" — Aladdin e Jasmine, Aladdin e os Quarenta Ladrões☾
Lyones não conseguiu dormir depois disso, mesmo que estivesse exausto. O cheiro de Eileen, seu corpo tão perto do dele, a forma como ela o apertava, colocavam sua mente em um frenesi, e em seus pensamentos só havia ela.
Sempre foi uma tarefa árdua para Lyones esconder o que sentia, mas agora nem mesmo sabia se conseguiria. Ele havia exposto tudo, dito a ela como se sentia, mesmo que suas palavras fossem apenas uma mera lasca da profundidade de seus sentimentos, ela sabia agora. Não havia mais segredo.
Mas apenas ficar ali, imóvel naquela cama, chafurdando em seus próprios receios, o enlouqueceria. Então, mesmo que fosse difícil se separar dela, Lyones lutou contra a vontade de permanecer em seus braços, e cobrindo o corpo dela com o cobertor, levantou da cama.
Estava escuro do lado de fora, o céu nublado cobria os já naturalmente pálidos raios de sol, dando ao dia uma aparência noturna. Lyones deixou o chalé, sabendo que precisava de algo para se distrair de seus pensamentos. Haviam poucas bruxas do lado de fora.
Não foi uma surpresa para Lyones encontrar Agnes sozinha, um pouco mais afastada das outras bruxas, caminhando em direção a floresta. Enquanto ela passava, nenhuma das bruxas falou com ela, nem uma única vez. Lyones se apressou, indo até ela.
— Eu posso ajudar? — Ele ofereceu, e não foi nada surpreendente também quando Agnes deu um pulinho de susto. Ela olhou para a mão estendida do daemon quase com medo, então Lyones recuou imediatamente.
— Por favor, não diga que não. Irei enlouquecer com meus próprios pensamentos se eu não tiver algo para me ocupar — admitiu.
Ela olhou para ele em um silêncio receoso, antes de ceder suspirando.
— Preciso encontrar mais lenhas, antes que minhas... Minhas irmãs acordem.
Aquilo não foi uma recusa, Lyones notou. Porém em silêncio ela continuou sua caminhada, e ele se contentou em seguir.
Ele a seguiu quando ela andou em meio as árvores, recolhendo galhos aqui e ali e Lyones fez o mesmo, ansioso para ter o que fazer.
— Não seria melhor usar um machado para cortar alguns galhos? — Ele perguntou após algum tempo em silêncio. — Acho que seria mais rápido.
— A natureza é nosso lar. Tudo o que temos vem dela — Agnes respondeu, um leve tom ofendido marcando suas palavras, sobressaindo-se a sua timidez natural. — Não pegamos nada que ela não esteja disposta a nos dar livremente.
— Entendo — disse Lyones imediatamente, erguendo ambas as mãos em rendição. — Eu não queria ofender.
Agnes não respondeu, agora que sua pequena explosão de indignação se foi, ela parecia muito constrangida com sua rispidez, incapaz de olhar Lyones nos olhos, então ela apenas se virou e voltou ao trabalho.
Temendo deixar a garota ainda mais arisca, Lyones também voltou a procurar galhos, sem nunca desviar os olhos do chão.
Tal qual, quando se levantou do chão com alguns galhos nos braços, ele pulou para trás com um susto ao deparar-se com Agnes a milímetros de si.
Os olhos cinzentos da garota estavam opacos e desfocados. Ela não parecia realmente vê-lo, mas Lyones sentiu-se totalmente exposto, como se ela estivesse vendo a totalidade de sua alma.
Rápida como uma serpente, Agnes agarrou seu antebraço, com força inexplicável para uma mão tão delicada e pequena.
— Há alguém esperando por você — ela disse, sua voz soando etérea, quase cantada, nada semelhante ao timbre tímido de Agnes. — Vocês são irmãos, não de coração como os irmãos que você já possui, mas do sangue em suas veias. Se seguir para o oeste em três dias, você encontrará.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de Ametista
FantastikA Maldição de Alexandrita foi quebrada, mas as Crônicas de Feeryan ainda não acabaram! Após fugir às pressas de Alexandrita, todos do grupo deixaram muitas questões para trás. Em especial, Eileen. Ela, escolhida a dedo pela própria Lua como uma por...