𝟙𝟡 - 𝕋𝕙𝕖 ℙ𝕝𝕒𝕟

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Depois de três dias, eu e Daemon chamamos Ben na nossa tenda, quando ele entrou, ignorou Daemon descaradamente. Aquela pequena discussão fez o nortenho ficar com raiva do dragão. Ignoro as rixas pessoais deles e começo a falar sobre parte do plano que bolei.

- Ben, preciso que você fique aqui para guardar o acampamento. Laenor, Corlys, eu e Daemon vamos voltar para Driftmark.

- Não sei se eu posso. - Ele diz olhando fixamente para mim com aqueles olhos azuis que me fazem lembrar dela. - Preciso voltar ao Norte, para Winterfell.

- Eu sei, Ben. Mas será por pouco tempo. Uma semana, no máximo. - Respiro fundo. - E voltarei para cá.

- Pretende ficar sozinha aqui? - Ben parece suspeito.

- Ainda não sei, mas preciso falar com minha irmã, pessoalmente. E resolver umas coisas. Assim que terminar, voltarei. Sou Rainha aqui, é claro que quero ficar. Sozinha? Talvez, não me importo. - Minha voz soou triste, mas eu não queria isso. - Não se preocupe comigo, estou bem. Então, pode ficar aqui?

Ben finalmente olhou para Daemon, o desprezando. Mas como ele é Daemon, deu uma risada e se sentou na cadeira como se não estivesse preocupado com nada. Ben revira os olhos, suspira fundo e concorda com a cabeça.

- Fico te devendo uma. - Me levanto da cadeira. - Duas, na verdade. Obrigada.

- Espero que o pagamento seja muito bom, Visenya. Eu preciso ir para casa. - Ele diz sério, sem malícia.

...

Voamos o dia todo sobre os navios Velaryon que voltariam para o castelo da família. Corlys estava em seu grande navio. Laenor voava atrás, Daemon na frente, e eu no alto de tudo. Consegui ver o castelo primeiro, e aumentamos a velocidade. Quando pousei, Meleys estava comendo um cavalo inteiro, então ordenei que alimentassem Mercury também.

Esperei Daemon, e assim, entramos juntos para dentro, enquanto Laenor e Corlys resolviam coisas de sua Casa. Encontramos minha irmã na sala do Trono de Madeira, junto com Laena. Abraço as duas, então Laena sai para fazer companhia à uma amiga.

- Fiquei surpresa com você por aqui, Rainha. - Rhaenys me entrega um copo de água.

- Pelo menos eu sou uma. - Digo implicando ela, recebendo uma risada seca de resposta. - Não ficarei muito tempo. Tenho planos.

- Planos? - Ela olha preocupada para Daemon.

Nos sentamos em uma mesa, comemos um pouco. Com muita lentidão, eu conto o que aconteceu para Rhaenys, tentando não chorar. Não podia pensar na dor, se não ela retornava. Tentava olhar para Daemon, buscando um pouco de conforto, aquilo que recebi nos últimos dias, e percebo que minha irmã entendeu.

- Brett Lannister. - Ela repete o nome. - Deve ter se apaixonado no momento que você apareceu em sua tenda. - Ela parece estar aborrecida comigo. - O que vai fazer?

- Rhaenys...

- Ele é irmão do Senhor de Casterly Rock, não pode simplesmente entrar naquela fortaleza e arrancar sua cabeça. - Ela respira. - Mas ele de fato merece punição. Uma grande.

Aceno positivo com a cabeça, olhando para meu prato. Rhaenys queria ser honrada mas era mulher, e entendia que eu precisava satisfazer meu desejo de vingança. Mas eu sei que ela não vai concordar com o meu plano.

- Quero mata-lo, Rhaenys. Eu vou.

- Eu não a aconselho a fazer isso de imediato. - Ela diz com superioridade.

- Não preciso do seu conselho, agradeço. Sei bem o que fazer, o que eu quero. Ninguém vai me parar.

- Então que seja pacífico com os Lannister. Entrará no Leste carregando sua própria bandeira, conversará. Ele vai ser executado, de qualquer maneira, mas pelo fogo que queima em nossos dragões.

- Ele não merece uma morte assim! - Eu grito. - Ele me estuprou, me machucou! Merece coisa pior! Ninguém vai me parar, sabe disso!

Rhaenys se levanta e atravessa a mesa para segurar em minhas mãos e olhar em meus olhos, tão parecidos com os seus.

- Você não começará uma guerra.

- Ele já começou. - Eu sussurro.

Penso no que ela disse: conversar. A família Lannister podia ser deplorável mas foi somente Brett quem fez o ato. Será que os crimes de um prejudicaria o bando todo? Claro que sim! Mas ela não precisava saber disso por enquanto.

- Farei como disse, Rhaenys. - Eu abaixo a cabeça. Me levanto e ficamos cara-a-cara. - Tentarei conversar com eles... e então executa-lo. De qualquer maneira.

Ela me olha com desconfiança, mas então seu rosto se fecha.

- Você pode ir para Casterly Rock, mas tem que me prometer. - Ela diz. - Prometa, Visenya, que não vai matar nenhum Lannister.

Nenhum outro Lannister, quero corrigi-la mas penso melhor. Fico calada, olho para ela, a quem eu devoto meu amor. Quem me protegeu desde sempre, que me ajudou quando perdemos nossos pais, e possivelmente a pessoa que mais se preocupa comigo. Olho no fundo da sua alma, ignorando a risada de Daemon no fundo, e minto:

- Eu prometo, minha irmã.

...

Voamos de Driftmark pelo amanhecer, agora já estamos chegando no Leste. Mas de acordo com o nosso plano, não chegaremos de dragão no Rochedo. Algumas torres podem bem ficar do lado de fora, mas o verdadeiro castelo está dentro das rochas, ou seja, o fogo não chegaria ali.

- Vamos entrar de manhã. - Ele diz, se deitando na mesma cama que eu. Daemon estava totalmente nu, com o abdômen descoberto pela coberta.

Eu colocava a mão em minha barriga a todo segundo. Será que havia alguém ali dentro? Eu gostaria de ter esse bebê? A visão não falharia, aquela garota era minha filha. Eu nunca quis isso, nunca. Mas o destino é engraçado.

Pensei tantas vezes nisso, acho que estou ficando louca. Me sento na cama, olhando para a coberta desgastada.

- Deveria ter tomado o maldito chá. - Daemon diz.

- Não era sua escolha. Você não tem nada haver com isso. - Eu já estava farta dele falar isso!

- Não tenho nada haver? Eu vim para o outro lado de Westeros, somente para ajudar você. - Ele se mexe na cama. - Eu não deveria ter deixado ele se tornar seu escudeiro.

- Daemon, você não é um deus. Não tem esse poder todo que acha que tem. Coisas acontecem, não podemos evitar, podemos apenas nos vingar.

Coloco a mão na cabeça, sentindo uma pontada de dor na região. Mas ele não parece ligar, e continua falando:

- Depois daqui, vamos voltar para Porto Real. Quero mostrar para aqueles bastardos a minha coroa.

- Claro que quer. - Sussurro. - Vai entrega-la à Viserys?

- Não sei ainda. Dependendo do meu humor... - Sua mão percorre o colchão e encosta nas minhas costas.

O toque quente me alivia, relaxando meu corpo. Quando ele começa a se sentar, levando junto a mão para minha nuca, afastando meus cabelos e aproximando os lábios dali, eu me sinto...

Um pensamento tão imbecil surge na minha mente, tenho vergonha de admitir. Preciso esquecer o toque de Brett, ou eu vou ficar louca. Por um momento eu hesito o toque de Daemon, mas ele segura minha mão.

- Se não quiser...

- Eu não sei o que eu quero. - Mal consigo falar.

- Tudo bem.

ROGUE - Daemon TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora